O governo federal enviou ao Congresso Nacional o projeto de lei que cria a Universidade Federal Indígena (Unind), primeira instituição de ensino superior do país estruturada e dirigida por povos originários. A proposta foi apresentada oficialmente nesta quinta-feira (27), em cerimônia no Palácio do Planalto que reuniu lideranças indígenas de diversas etnias, ministros, pesquisadores, anciãos e jovens que participaram da construção do modelo institucional.
Considerada um marco para a educação brasileira, a Unind nasce após um processo de escuta nacional realizado entre 2024 e 2025. Ao todo, foram promovidos 20 seminários regionais, envolvendo 3.479 participantes de 236 povos. As contribuições coletadas orientaram a formulação conduzida pelo Ministério da Educação, em parceria com organizações especializadas como FNEEI, CNEEI, ANDIFES, além da Funai e do Ministério dos Povos Indígenas.
A ministra Sônia Guajajara afirmou que a criação da universidade representa uma “reparação histórica” e uma resposta ao movimento indígena, que há décadas reivindica um espaço acadêmico capaz de refletir seus modos próprios de produzir conhecimento. Segundo ela, a instituição rompe com a lógica colonial que moldou o ensino superior no Brasil. “A Universidade Federal Indígena concretiza uma reparação histórica e apresenta ao país uma proposta de pensamento que reconhece a pluralidade das medicinas, filosofias, ecologias e saberes dos povos originários”, declarou.
O projeto prevê que a Unind tenha gestão administrativa e pedagógica completamente liderada por indígenas, funcionando como uma universidade multicêntrica e organizada em rede, distribuída por diferentes biomas e territórios. O modelo permitirá que cada região desenvolva formações específicas, conectadas às realidades locais, às línguas e às práticas ancestrais.
Durante o lançamento, lideranças destacaram que a proposta fortalece a autonomia intelectual indígena, contribui para a preservação das línguas e memórias tradicionais, e amplia a presença desses povos na produção científica nacional. O projeto agora seguirá para apreciação na Câmara e no Senado, onde precisará ser aprovado para que a universidade seja oficialmente criada.
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