[dropcap]A[/dropcap]s vendas no varejo baiano reagiram nos últimos meses, o setor voltou a contratar e os comerciantes já preveem até um Natal mais farto este ano. Apesar do cenário positivo, os lojistas de shoppings centers do estado seguem preocupados com o futuro de seus negócios. O motivo: o custo elevado com aluguel, condomínios e outras taxas cobrados pelos grandes centros de compras do estado. Segundo um estudo divulgado hoje pela Fecomércio-BA e pela Consulting Consultores Associados, o custo de ocupação do lojista nos malls de Salvador chega, em alguns casos, a abocanhar até 22,03% do faturamento do empresário. Detalhe: a International Council of Shopping Centers, uma espécie de associação mundial do setor, recomenda que este percentual não passe de 10%.
“Essse estudo busca trazer subsídios para que as discussões com os os donos ou administradores de shoppings possam ser feitas em cima de números e não com base em achismo ou fatos subjetivos. Servirá também de subsídio para tomada de decisões dos lojistas frente aos obstáculos e oportunidades do mercado”, disse Felipe Sica, coordenador da Câmara dos Empresários em Shoppings Centers da Fecomércio-BA.
“O Diagnóstico da relação lojistas e shoppings centers – aspectos econômicos e jurídicos” é resultado de um trabalho de seis meses. Em uma das etapas do levantamento, os lojistas responderam a um questonário onde apontavam seus custos com a ocupação dos espaços nos shoppings. Com o aluguel, o gasto médio é de 10,7% sobre o faturamento total, com condomínio 6,2%, e com o fundo de promoção e propaganda quase 2%. No setor de calçados, 11,2% do faturamento do empresário são destinados para bancar os custos com a ocupação. No segmento de vestuário, inacreditáveis 21,4%.
“O custo de ocupação médio apresentado pelos lojistas participantes da pesquisa foi de 19,63% do faturamento, sendo que o shopping que apresentou o menor custo médio de ocupação foi de 16,5% e o maior chegou a 22,03%”, disse Maraci Souza, consultora da Consulting, “Isto asfixia o empresário. Com um custo desse ele não consegue sobreviver e o resultado são lojas fechadas”, acrescentou ela, informando ainda que índice médio de vacância (quantidade de lojas fechadas) nos empreendimentos do país chega atualmente a 9%.
“O contrato de locação precisa ser melhorado, adequado ao novo equilíbrio de forças. Antigamente, era muita loja para pouco shopping. Essa relação mudou”, diz André Torres, diretor da Consulting, acrescentando que outros pontos de discordância se referem à falta de transparência dos administradores de shoppings na prestação de contas condominiais – como luz, água e segurança. “Se eu cuido do dinheiro do outro eu tenho que prestar conta. É um conceito mínimo de qualquer relação comercial”, afirma. “Por que até na vacância o lojista satélite tem que pagar a conta?”, questiona.
Números do setor
Segundo pesquisa da Abrasce (Associação Brasileira de Shopping Centers), o Brasil conta hoje 565 shoppings centers por onde circulam, diariamente, cerca de 11 mihões de pessoas. O setor emprega mais de 1 milhão de pessoas. Na Bahia, são 22 empreendimentos, sendo 11 na capital. O levantamento mostrou ainda que 88% dos frequentadores desses centros de compras na capital baiana são da classe B e C e possuem renda média R$ 2.083,35. Mais da metade dos frequentadores (58%) não fizeram compras nos shoppings no ano passado.
Ouça abaixo entrevista com o consultor da Consulting André Torres.