[dropcap]C[/dropcap]om a convicção de que ninguém faz nada sozinho e 30 anos de experiência no cenário da propaganda e da publicidade na Bahia e no Brasil, Claudio Carvalho é sócio presidente da Morya e lidera as operações da empresa em Salvador, Porto Alegre e nas bases de Recife e São Paulo. Nesta entrevista exclusiva ao Bahia de Valor ele fala dos efeitos da crise econômica sobre o mercado publicitário da Bahia, dos projetos de longo prazo da Morya e da importância de seu pai Fernando Carvalho para o setor. “Ele foi um ícone da propaganda baiana com influência na propaganda brasileira”, diz.
A Morya completa no próximo mês de julho 60 anos de atuação. Quais são os projetos para os próximos 60 anos?
Queremos ter uma entrega de nível nacional nos mercados em que estamos presentes, com alto padrão criativo, resultados e conexão global. Temos origem na Bahia em 10 de julho de 1956 e atuamos com estruturas completas com duas operações de grande relevância nos mercados da Bahia e do Rio Grande do Sul, além de bases em Recife e São Paulo. Vamos consolidar nosso crescimento a partir das nossas unidades expandindo e crescendo com clientes e contas que nascem em regiões que atuamos e tem força local, projeto nacional e visão global.
Em período de recessão as empresas costumam reduzir os gastos com publicidade. Estão no caminho certo?
Olha, não podemos ter arrogância com a situação que o país vive. Temos um momento difícil. Não tem receita pronta, mas nós brasileiros temos grande experiência em atravessar crises e a história mostra que as marcas que se posicionaram de forma diferenciada e investiram em comunicação saíram na frente e mais fortes. Tem uma máxima no futebol que diz: “Quem pede, recebe, quem desloca tem preferência”. F, seja na gestão, na melhoria e na diferenciação dos nossos produtos e serviços, e, investir da melhor forma para se comunicar com nossos consumidores e ocupar na sua mente um território exclusivo e relevante diante dos nossos competidores.
De que forma a atual crise econômica tem afetado o mercado publicitário baiano? O que a Morya tem feito para enfrentar este momento?
O mercado baiano tem sentido porque temos um modelo muito concentrado de desenvolvimento e dependente do varejo, que tem tido momentos mais difíceis. A verdade é que temos um estado com grande extensão territorial, mas ao mesmo tempo temos ainda um grande desafio de melhoria da renda da nossa população. A Morya tem procurado enxergar o que não está visível e felizmente temos descoberto excelentes empresas e novas oportunidades. Mas para conquistar contas temos que mostrar nossas diferenças. Nosso posicionamento é “DNA Fernando Carvalho powered Nizan Guanaes”, cuja tradução é a crença na boa propaganda que vende, na credibilidade e no relacionamento de Nizan Guanaes. Eu, Gustavo Queiroz e o Grupo ABC (hoje controlado pela Omnicom, o segundo maior grupo de comunicação mundo) estamos investindo no nosso produto criativo e na nossa entrega, desenvolvendo nossas pessoas e integrando o On e o Off Line. No nosso ambiente de trabalho, mudamos nossa sede para a Bahia Marina e com um investimento corajoso temos um fantástico espaço projetado por David Bastos. Batizamos como sede Fernando Carvalho e nos desafiamos, sede nova e agora com sede nova, sede de conquistas, sede de trabalho, sede de evolução do nosso time. Lembro de uma conversa que tive com Nizan Guanaes e ele me disse: “Você já se deu conta que a Morya é uma das poucas agências que tem um sonho?”. E é verdade. Aos poucos estamos colocando ele de pé.
A Bahia sempre se orgulhou de revelar grandes talentos e de fazer parte da vanguarda deste setor no país. A nova geração de publicitários está mantendo esta tradição?
A responsabilidade é grande porque imagine uma terra que já revelou tanta gente boa. Mas a Bahia não para de produzir talentos em várias áreas e na propaganda não é diferente, tem uma turma excelente que está chegando. Agora é aquela história, temos que nos diferenciar, estudar, viajar e nos preparar, a competição está muito forte. Temos muita coisa nova, seja no ambiente mais técnico como no digital, o móbile e sua integração, seja no próprio ambiente do negócio com a implantação dos programas de compliance que trazem novas e mais seguras formas de atuação dos profissionais visando a perenidade dos negócios.
Qual é o maior publicitário do país?
Aí você vai me permitir, vou fazer uma homenagem ao meu pai, Fernando Carvalho, publicitário desde sempre, falecido recentemente em 3 de janeiro de 2016. Meu pai abriu as portas para toda essa geração de brilhantes publicitários. Foi um ícone da propaganda baiana com influência na propaganda brasileira. Ele gostava de gente e acreditava na boa propaganda que vende e que dá resultados. Foi referência quando o assunto era credibilidade e seriedade. Teve grande espírito associativo e foi fundador e primeiro presidente da Abap e do Sinapro, na Bahia. Sorte a nossa, da Morya, de termos esse DNA que trabalhamos todos os dias para honrá-lo.