Em espaço inédito, O Festival RoZêde São Joaquim será realizado nos dias 7 e 8 outubro, na Casa Pia, Cidade Baixa. A edição comemorativa marca os 5 anos de realização do BaZáRoZê. A feira de empreendedorismo criativo e feminista, idealizada e materializada pela jornalista e curadora Brenda Medeiros, já reuniu em torno do projeto mais de 100 marcas autorais – a grande maioria de mulheres baianas – que já fizeram parte do movimento. “Eu tinha acabado de ser mãe e não vislumbrava mais uma carreira nas redações. Minha cabeça é uma máquina de ideias… Acabei construindo um espaço onde pudesse despertar minha energia criativa”, conta Brenda Medeiros, produtora cultural e idealizadora do BaZáRoZê.
Natural do Rio Grande do Norte, ela acabou construindo um movimento que acolheu outras potências criativas. E aprendendo muito sobre empreendedorismo, diversidade e feminismo através das artes que brotavam na programação de cada edição do BaZáRoZê.
“Houve momentos em que pensei em desistir. Mas sobrevivemos com muitas trocas ao longo desses cinco anos. O RoZé é feito de muitas histórias, de pessoas que não se encaixavam no circuito empresarial, mais tradicional de trabalho. Eu acabei assumindo o desafio de conviver com a criatividade dessas pessoas sabendo que teria que ter mais paciência, aceitação e acolhimento. E isso tudo é um grande aprendizado. Juntos demos vários passos, porque estamos aprendendo a conviver, a aceitar as semelhanças, e também as sombras. Transformando tudo isso em ganhos que possam ser compartilhados”, acrescenta a curadora.
O movimento nasceu na Casa Rosada, nos Barris, no ano de 2018, ocupou diversos equipamentos culturais da capital baiana, passando pela Aliança Francesa (2019),Palacete das Artes (2021), além de ter marcado presença em eventos artísticos da cidade, como Verão da OSBA, Casa Mídia Ninja, Virada Sustentável SSA, na Casa Rosa (Rio Vermelho), Festival Sangue Novo e Festival Radioca.
“A cada nova edição é um desafio, um ganho, e também um enorme aprendizado.A cada edição fomos conquistando um pouco mais de um público da cidade de Salvador, pessoas dos mais diversos lugares da cidade que foram conhecendo nossa proposta mais intimista. A gente trabalha sempre buscando ampliar público e dar o nosso melhor”, revela Medeiros.
Carolina Carvalho conheceu o BaZáRoZêquando ainda nem pensava em empreender. Procurava opções de lazer nos finais de semana que fossem ao ar livre e fora da rota de estímulo a consumo extremo para levar o filho quando foi fisgada. “O RoZê se encaixou perfeitamente nessa minha busca. Quando comecei a empreender, já me sentia conectada, de alguma forma, por já ter um carinho muito grande pelos expositores”, conta.
A loja virtual de calçados que leva seu nome – Cacá Carvalho Calçados – nasceu após a maternidade. Sonhava com novos passos para fugir do mercado de trabalho formal. Inspirada no modelo espanhol das Avarcas, calçados práticos, voltados para o dia a dia, querespeitam as medidas dos pés sem apertá-los, a produção artesanal ganhou força e conquistou clientes nos eventos presenciais do BaZáRoZê.
“Esse coletivo me fez voltar a acreditar em meu negócio quando, por vezes, eu mesma deixei de acreditar. Foi através do RoZê que retornei aos eventos presenciais pós-pandemia e tive coragem de me expor e tentar novamente. O RoZênão me deixou sozinha e desconstruiu uma parte da minha certeza: de que empreender é solitário”, avalia.
Juntas, o empreendedorismo é mais forte
A empreendedora Jaqueline Bastos, 29 anos, batalhava na web para conquistar espaço para seu produto diferenciado. Bem a cara da Bahia. A Abebé Cosméticos, empresa que produz produtos naturais inspirados na cultura e religião de matriz africana, encantava clientes de outros estados e países, mas não era conhecida pelo público local.
“Passei a ser mais conhecida pelo público de Salvador depois que passei a expor no Rozê”, conta a empreendedora que conheceu o coletivo ano passado por indicação de outras expositoras que já participavam dos eventos. Além da visibilidade e do contato direto com o público, o coletivo contribuiu para expansão de conhecimento sobre outros negócios criativos de Salvador. “A energia do BaZáRoZê é o que me faz continuar. Me sinto acolhida diante dos desafios do empreendedorismo. É um movimento que acredito, que me faz me sentir bem e em casa”, aponta outra razão ainda mais especial para seguir fazendo parte.
Acolhimento é um sentimento comum entre as participantes da feira de empreendedorismo feminista. Desde que estreou no RoZê, Iana Paim participou de todas as edições. “Estava na segunda coleção da minha marca. Como minha loja é virtual, as feiras são uma grande oportunidade de ter contato com o público, testar produtos, ver se agradam, conversar com pessoas… Isso estimula a gente a continuar”, resume a jovem de 36 anos que divide o desafio do empreendedorismo com a mãe.
Com slogan Roupa para ser Feliz, a Terê Camisaria é uma homenagem à Dona Tereza. A aposentada tem uma disposição sem medida para colaborar com a marca da família que tem produção própria. O próximo passo é lançar estampas autorais. “O envolvimento com outros expositores favorece a troca experiências e de oportunidades. Estou projetando uma collab com uma marca que conheci no BaZáRoZê. Vamos lançar uma estampa juntas”, comemora a expositora que acabou vestindo a camisa do coletivo.
O RoZè é um projeto sociocriativo e colaborativo. A feira artística feminista de Salvador é produzida por muitas mãos. Asororidade é quase regra. A rede de apoio para fazer negócios vingarem flui naturalmente. Quem chega para expor seus talentos logo entende o sentido e a força do coletivo. Pelas mãos de quem está nos bastidores, tem muita sensibilidade e cuidado com o planejamento e produção para que tudo corra bem nos dias do evento. “Acabei me envolvendo mais…. percebi que podia contribuir e hoje sou voluntária na produção. Faço parte do núcleo da produção do BaZáRoZê. Trabalho na curadoria e na comunicação com os expositores”, emenda Iana.
No calendário de eventos do empreendedorismo criativo e feminino, os dias 7 e 8 de outubro já estão reservados para a edição comemorativa do Festival RoZê São Joaquim. Realizada em local inédito, na Casa Pia, a feira de arte, cultura e empreendedorismo terá programação diversificada reunindo moda, artesanato, decoração, gastronomia, além de música, circo, literatura e muito mais. “Cinco anos é uma data extremamente simbólica. E o melhor é a gente ter chegado juntas, com passos que mostraram um crescimento bonito, afetuoso, sem perder nosso conceito, nossos pilares… Sem perder a nossa essênciaRoZê, conclui a idealizadora do projeto Brenda Medeiros.