O grupo norueguês Statkraft inaugurou, nesta terça-feira (6/2), o seu maior projeto de energia renovável fora da Europa: o Complexo Eólico Ventos de Santa Eugênia (VSE). Localizado nos municípios de Uibaí e Ibipeba, na região de Irecê, na Bahia, o empreendimento ocupa uma área de 489,18 hectares (equivalente a cerca de 453 campos oficiais de futebol), conta 91 aerogeradores e capacidade para produzir 2.300 gigawatt-hora (GWh) por ano. É energia suficiente para abastecer mais de um milhão de lares em todo o país.
Os investimentos no projeto somaram recursos da ordem de R$2,8 bilhões. “Estava ansioso para voltar ao Brasil e por esse dia. A inauguração do Complexo Eólico Ventos de Santa Eugênia é um marco para a história da Statkraft e mostra o nosso compromisso em contribuir para a transição energética verde no Brasil”, destacou Christian Rynning-Tønnesen, CEO da Statkraft.
Em seu discurso, acompanhado por outros executivos da companhia e dezenas de funcionários da empresa, Christian Rynning-Tønnesen destacou ainda os valores éticos da Statkraft, a transparência, o compromisso com a sustentabilidade de seus projetos e o apoio a diversos programas sociais na região.
Ele lembrou ainda que durante o pico das obras de construção do VSE, o empreendimento chegou a empregar, direta e indiretamente, cerca de duas mil pessoas. “Este projeto coloca a Statkraft entre as dez maiores empresas eólicas no mercado de energia mais importante da América Latina”, afirmou o executivo global.
O Complexo Eólico Ventos de Santa Eugênia começou a ser construído em 2021, em plena pandemia de covid. É um colosso: o empreendimento é formado por 14 parques individuais com 91 torres de 120 metros de altura cada. Mas não é apenas a altura que impressiona nesse cenário de energia renovável. As pás têm um comprimento de 80 metros. O VSE conta ainda com 70 quilômetros de vias de circulação.
Morro do Cruzeiro
Com o Complexo Eólico Ventos de Santa Eugênia, a Statkraft cresce de forma relevante sua capacidade eólica no Brasil, passando de 710MW para 1.229MW. Em breve, no entanto, vai ganhar ainda mais musculatura. É que a empresa está construindo em Brotas de Macaúbas, também na Bahia, o Complexo Eólico Morro do Cruzeiro. São 14 turbinas e capacidade instalada de 79,8 MW. Dadas as excelentes condições de vento na região, o complexo vai gerar 386 GWh de energia renovável por ano, o suficiente para abastecer mais de 190 mil residências.
O complexo utilizará as turbinas eólicas Nordex 163/5,7 MW, as maiores usadas pela Statkraft até o momento. Com um diâmetro de 163 metros, os rotores cobrirão uma área equivalente a cerca de três campos de futebol. “Esperamos concluir a construção deste complexo em junho deste ano”, disse o presidente da Statkraft no Brasil, Fernando De Lapuerta, em entrevista exclusiva ao BAHIA DE VALOR, acrescentando ainda que o Morro do Cruzeiro é uma espécie de expansão do Complexo Eólico Brotas de Macaúbas, formado pelas usinas Macaúbas, Novo Horizonte e Seabra, e inaugurado há 12 anos.
Parques solares
Fernando De Lapuerta informou ainda que empresa terá o primeiro projeto solar 100% desenvolvido no Brasil . As usinas serão extensões dos complexos de Morro do Cruzeiro Ventos de Santa Eugênia. “São parques bastantes inovadores no sentido que trazem com eles um conceito híbrido. A tecnologia eólica e solar se complementam e usam a mesma infraestrutura de conexão das usinas em operação, é mais eficiente para o sistema e mais estável”, assinalou.
As obras de construção dos projetos solares de 228 MW começam em abril próximo e a previsão é de que a inauguração ocorra em 2025. “Temos orgulho de estar entre as primeiras empresas inovadoras a desenvolver um projeto híbrido de energia renovável para otimizar a produção de energia. Esse conceito garante melhor utilização da infraestrutura compartilhada entre as tecnologias solar e eólica e contribui para preços mais baixos e segurança energética ao sistema por meio de uma produção de energia mais estável e equilibrada”, destacou o presidente da Statkraft no Brasil.
As usinas híbridas ou associadas foram regulamentadas pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) em 2021. A Central Geradora Híbrida (UGH) é uma instalação para a produção de energia elétrica utilizando a combinação de mais de uma tecnologia, entre elas, eólica e solar, hidráulica e fotovoltaica, entre outras fontes integradas. A otimização do uso da rede elétrica é o principal benefício da geração de energia por diferentes fontes que compartilham a mesma infraestrutura de transmissão.
Como a energia renovável é intermitente, dependendo da disponibilidade dos recursos naturais para a produção, nos momentos em que um deles não é suficiente, o outro pode suprir a demanda utilizando um “espaço ocioso” na rede de transmissão, sem necessidade de expansão da mesma.
Redes de transmissão
Durante a entrevista, Fernando De Lapuerta afirmou que as empresas que atuam neste setor no país, especialmente na região Nordeste, continuam sofrendo com a falta de linhas de transmissão, o que impede que a energia produzida pelo vento chegue à casa de milhares de brasileiros. As redes de transmissão não são de responsabilidade das empresas que mantém os parques eólicos.
“O sistema de transmissão está com pouca disponibilidade para conectar novos projetos. Recursos existem, possibilidades existem. Esperamos que daqui a dois ou três anos este problema esteja solucionado no Brasil”, afirmou.
- O jornalista Geraldo Bastos viajou a Irecê a convite da Statkraft do Brasil
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