Como um farol no cenário enoturístico brasileiro, a vinícola UVVA tem sido uma história de sucesso e inovação. Desde a sua abertura, não apenas se firmou como um novo terroir de vinhos finos, mas também se tornou um destino enoturístico de destaque, atraindo mais de 15 mil turistas para seus tours e restaurante. O CEO da UVVA, Fabiano Borré, disse, nesta entrevista ao BA DE VALOR, que o resultado é o reflexo sobre o impacto significativo da vinícola, destacando o lançamento de 12 rótulos variados e a conquista de 26 prêmios que atestam a qualidade e excelência dos seus produtos. Além dos números impressionantes, o valor emocional agregado é inestimável; o sentimento de pertencimento que os baianos têm pela UVVA é uma prova viva da conexão profunda entre a terra, suas tradições e as pessoas.
Bahia de Valor – Qual o balanço da empresa nesses dois anos?
Fabiano Borré – É um balanço bastante positivo. Nesse período decorrido desde a abertura, a UVVA vem se consolidando no cenário enoturístico e contribuindo decisivamente para o estabelecimento deste novo terroir de vinhos finos brasileiros. Traduzindo esses dois anos em números, lançamos 12 rótulos entre vinhos tintos, brancos e espumantes. Mais de 15 mil turistas foram recebidos em nossos tours e restaurante, além dos vinhos terem sido agraciados com reconhecimento nacional e internacional, num total de 26 prêmios até o momento, chancelas que muito nos orgulham e atestam a excelência dos produtos. Todavia, um dos saldos que mais nos agrega valor é o emocional, o sentimento de pertencimento desencadeado pelos baianos que visitam a UVVA é lindo de se ver.
BV – Quantos rótulos foram lançados nesse tempo e quais as novidades para este e os próximos cinco anos?
FB – Foram lançados 12 rótulos, incluindo aqueles que fazem parte da nossa linha Microlote e que possuem uma tiragem limitada máxima de 5.000 garrafas, sendo sempre vinhos varietais. Para este ano, no que tange a vinhos, provavelmente a novidade seja a chegada ao mercado do nosso primeiro Merlot varietal, que já está pronto e apenas aguardando o tempo ideal de repouso em garrafa. Nos anos à frente, a essência do trabalho será a chegada das novas safras dos vinhos que já construímos, cada uma trazendo sua singularidade específica.
No tocante ao turismo, prevemos o incremento de atrações englobando cada vez mais arte, cultura e gastronomia ao cenário do vinho. Uma novidade ainda nos próximos meses será um tour específico e focado em nossa atual exposição de arte, do artista plástico Marcos Zacariades. Na programação da Vindima que ocorre entre os meses de junho e julho, este ano teremos uma maior estrutura e uma oferta mais ampla de datas. Este é um programa imperdível para aqueles que são aficionados pelo mundo dos vinhos e ávidos por conhecimento. Na linha do horizonte, a curto prazo, também teremos um novo espaço exclusivo para eventos sendo construído em meio aos vinhedos, que virá para oportunizar diferentes vivências em meio a essa paisagem da UVVA.
BV – Em quanto aumentaram o turismo na região com as visitações? Qual o impacto da vinícola para a economia local e quantos empregos geram?
FB – Nesses dois anos abertos ao público, alcançamos a marca de 15 mil visitantes na Vinícola, que se tornou uma opção distinta de enoturismo. Quem visita a região de Mucugê tem na UVVA a oportunidade de uma experiência que só acontece aqui, na junção de natureza, paisagem exuberante, arquitetura, gastronomia e, claro, nossos vinhos, alguns dos quais só são comercializados em nossa loja da vinícola.
Os impactos regionais são positivos, gerando valor para toda uma cadeia de turismo e comércio. Hospedagem, alimentação, transporte, moradia e serviços turísticos estão entre os principais.
Na UVVA somos um total de 130 pessoas atuando em todas as áreas, desde a produção, vinificação, laboratório, administração, turismo até o restaurante Arenito.
BV – O baiano está mais inserido na cultura do vinho? Como está a produção de vinho na Bahia?
FB – A Bahia vem se destacando e ganhando cada vez mais notoriedade na produção de vinhos. A região do Vale do São Francisco se notabilizou já há algum tempo pela produção de vinhos e espumantes, abrindo uma nova fronteira. Mais recentemente, a Chapada Diamantina também se tornou protagonista, trazendo à tona um novo e distinto terroir. Outras regiões do Estado também possuem inciativas em curso, o que demonstra existir um leque de opções e oportunidades distintas, visto que cada região sempre será acompanhada de uma oportunidade específica. Na Chapada Diamantina, condições de altitude – 1.150 m – e amplitude térmica, são os grandes diferenciais, em especial aqui em Mucugê, onde fica a Vinícola UVVA, que permitiram que a junção com a alta tecnologia desse origem ao que temos hoje.
Já a cultura do vinho é cada vez mais notada nos consumidores baianos. Gradativamente percebe-se um maior nível de interesse pela bebida, assim como uma crescente na busca por educação e conhecimento deste mercado.
BV – Quais rótulos mais novos? E os mais vendidos?
FB – Os rótulos mais recentes da UVVA e que estão no mercado são o Cordel 2020, o Syrah 2021, o Chardonnay 2022 ‘não” barricado e os espumantes Nature e Extra Brut (esse último já esgotado). Por consequência dos volumes de produção e presença de mercado, os vinhos mais vendidos da UVVA são os brancos Sauvignon Blanc e Chardonnay e nossos dois cortes tintos, Cordel e Diamã. Isso se explica também porque a grande maioria dos vinhos da linha Microlote são de venda exclusiva na Vinícola, com chegadas pontuais a alguns mercados e no nosso e-commerce.
BV – Além dos vinhos, quais outros produtos são comercializados?
FB – Além dos vinhos, oferecemos uma experiência gastronômica no restaurante da vinícola, o Arenito, onde o Chef André Chequer alia culinária internacional com a valorização de ingredientes locais. Assim como nossos tours e visitações, os almoços no Arenito são sempre mediante reserva. É uma maneira de preservamos a alta qualidade que queremos oferecer aos nossos visitantes. Na loja da Vinícola também são comercializados acessórios ligados ao mundo do vinho.
BV – Como funciona o tour na vinícola?
FB – Atualmente a Vinícola UVVA tem atuado propondo uma verdadeira imersão no mundo da uva e do vinho. São três opções de tours:
“Experiência UVVA”: Ao longo de duas horas, o visitante é guiado por um enólogo, que apresenta o projeto da Vinícola UVVA e destaca as particularidades da região e de seu terroir único. O tour inclui visita aos vinhedos, onde são compartilhadas algumas informações técnicas sobre o manejo. O visitante também pode apreciar a arquitetura contemporânea e sustentável, totalmente integrada ao meio ambiente. A experiência inclui, ainda, a visita à área de vinificação da vinícola, com acesso à área técnica das salas de tanque e cave, para o visitante conhecer mais de perto todo o processo de produção. O ponto alto acontece ao final do tour, com a degustação de quatro rótulos, dois brancos e dois tintos.
“Entusiasta Sincorá”: Com duração de 1h, essa visitação também conta com o acompanhamento de um enólogo, responsável pela apresentação do projeto, porém sem passar pelos vinhedos nem área de vinificação. Ao longo do tour, os especialistas da UVVA compartilham informações sobre técnicas de manejo e os visitantes têm a oportunidade de conhecer a cave onde os vinhos estagiam. A visita inclui a degustação de dois rótulos, um branco e um tinto, e é encerrada no pavimento turístico com a belíssima vista panorâmica da Serra do Sincorá, de onde se avistam 52 hectares de vinhedos.
“Visitação”: Para os visitantes que estão em busca de um passeio turístico breve, porém não menos encantador. Permite o acesso ao pavimento turístico do prédio da vinícola, ao wine bar e à loja. O valor investido no ingresso à vinícola será convertido no valor total, na compra de qualquer produto de nossa loja.
No Experiência UVVA e no Entusiasta Sincorá os visitantes vão à cave, que é um dos atrativos da vinícola não apenas pelas barricas, mas pela presença da obra de Marcos Zacariades, artista plástico de Igatu, que tem várias obras e instalações espalhadas pela cave, em espaços preparados especialmente para que a cave se tornasse também uma galeria de arte.
Vale ressaltar que todos eles são conduzidos por enólogos. A ideia é que os consumidores possam interagir e ter acesso a informações e curiosidades sobre nossos vinhos, terroir, processo produtivo.
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