A Acelen – empresa que administra a Refinaria de Mataripe, na Bahia – vai investir, ao longo de 2022, R$1,1 bilhão em modernização, expansão, melhorias e segurança dos equipamentos da planta localizada em São Francisco do Conde. O valor é 2,5 vezes maior do que era normalmente aplicado pela Petrobras anualmente na unidade. A maior parte dos recursos – cerca de R$500 milhões – será empregada em paradas programadas de manutenção. “Em algumas dessas paradas iremos fazer modificações importantes nas unidades da refinaria, preparando-as para ampliar a nossa capacidade de fornecimento”, disse Luiz de Mendonça, CEO da Acelen. “Só nas paradas de manutenção vamos gerar cerca de 4 mil oportunidades de trabalho”.
O executivo – que participou na manhã desta terça-feira (5) da assinatura de dois contratos com a Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb), voltados para inovação tecnológica e capacitação profissional (leia mais aqui) – disse, durante entrevista coletiva, que os primeiros seis meses da Acelen à frente da refinaria baiana coincidiu com que ele chamou de “tumulto no mundo de energia”.
“A gente assumiu a refinaria no começo de dezembro. Conseguimos fazer uma transição segura, sem problemas, aumentando a produção, se posicionando mais próximo do cliente e reforçando o nosso compromisso com o abastecimento e o mercado local”, afirmou. Ele disse ainda que o processo de privatização da antiga Refinaria Landulpho Alves (Rlam) o fez lembrar a privatização do setor petroquímico, que é outro pilar importante da economia baiana, no início dos anos 2000.
“Eu fazia parte do primeiro time da Braskem. Muitos tinham dúvidas do que seria da petroquímica com a privatização e vejam hoje o que ela virou. Uma indústria moderna, de ponta, com empresas internacionalizadas, que investiram enormemente em vários estados brasileiros, inclusive na Bahia, que geraram empregos e formaram profissionais para as outras empresas. Um processo que gerou muito valor para o Brasil”, destacou. “É isto que a gente enxerga para fazer com a Acelen: criar uma empresa para ser líder no setor de energia. A gente veio para ficar, crescer e investir, para ser algo único, algo que transforme a indústria de energia no Brasil”.
Luiz de Mendonça afirmou ainda que a Refinaria de Mataripe é apenas o primeiro ativo, e uma espécie de vitrine “para as nossas capacidades, uma vitrine para o que a gente sabe, pode e vai fazer pelo Brasil. A Refinaria de Mataripe é o primeiro ativo mas não vai ficar só por aí”, garantiu ele. “Temos trabalhado para aproveitar todas as oportunidades no mercado de energia. Crise traz oportunidades. A gente tem estudado vários projetos em outras fontes e formas de energia. Temos uma equipe dedicada aos novos negócios da Acelen”.
O CEO da Acelen pontuou ainda que a companhia de energia tem investido na refinaria baiana para que ela seja cada vez mais flexível e competitiva e deu um exemplo: “Até assumirmos a unidade, nunca tinha chegado um navio de capacidade mundial, com capacidade para mais de um milhão de barris de petróleo no estado. Hoje a gente traz rotineiramente esses navios para abastecer a nossa refinaria. Com isso conseguimos ser mais competitivos”.
Privatização
A antiga Refinaria Landulpho Alves (Rlam), a segunda maior do país, foi comprada pelo fundo árabe Mubadala Capital por US$ 1,8 bilhão no ano passado. A refinaria ocupa uma área total e 6,5 km² e conta com 26 unidades de processos. Produz, principalmente, diesel, gasolina, querosene de aviação e nafta petroquímica. Após a privatização, passou a fabricar também propano especial para aerossóis, antes importado da Bolívia e da Argentina. A produção de parafina, por sua vez, dobrou.
A participação da Refinaria de Mataripe hoje no mercado nacional de derivados de petróleo é de 15%. A unidade conta atualmente com cerca de 300 funcionários na Bahia e em São Paulo. Como uma forma de prestigiar os profissionais que já estavam na refinaria, a Acelen lançou um programa de contratação interno, oferecendo um amplo pacote de benefícios. “Já são mais de 350 prá-contratos assinados em apenas um mês”, disse Luiz de Mendonça.
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