A Bahia vai de vento em popa na produção de energia eólica no país, tanto que é o segundo estado que mais produz, com 5,6 GW de capacidade instalada em operação, ficando atrás apenas do Rio Grande do Norte, com seus 6,054 GW. Então vento não falta na terra em que Cabral desembarcou, mas a popa está por vir. Isso porque, o Decreto Federal 10.946/2022 – que entra em vigor em junho deste ano – autoriza a instalação off-shore de parques eólicos, ou seja, em alto mar, o que promete atrair mais investimentos e renda para o estado.
Embora ainda não se tenha previsão para isso, a instalação dos parques em águas de domínio da União é certa. De acordo com o gerente de Estudos Técnicos da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb), Ricardo Kawabe, não existe ainda um mapeamento no litoral como foi feito em terra, o on-shore, mas já há estimativa de que o potencial no mar é superior ao que se mapeou em terra.
“Por isso é importante deixar o ambiente legal pronto, regulamentado, para que seja explorado. Mas isso não ocorrerá de imediato. O custo em mar é bem mais alto. Instalar no mar tem toda uma engenharia mais específica, precisa de apoio de embarcação e dos investimento para transferir a energia para o solo”, explica o especialista.
Segundo ele, a diferença entre a instalação on-shore e a off-shore é de que no mar não tem interferência como na terra, em que envolve questões de propriedade privada. “No mar a área é federal, então se o governo permite, em termos legais, é menos complexo. Acredito que já vá acontecer alguma coisa no mar. Até porque, antes de implantar é preciso passar pela fase de experimentação”, disse Kawabe.
Investimentos na Bahia
A Bahia tem, portanto, um futuro promissor para o crescimento do setor. Até 2025, serão investidos recursos da ordem de R$48,7 bilhões em energia eólica na Bahia, sendo o ano de 2023 o que tem a maior previsão de empreendimentos a serem implantados, com a instalação de 48 usinas e investimento estimado em mais de R$39 bilhões. Ao todo serão 63 usinas conforme dados da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico Sustentável (SDE).
Entre os municípios que receberão os investimentos estão Antônio Gonçalves (uma usina), Canudos (uma usina), Casa Nova (três usinas), Gentio de Ouro/Xique-Xique (uma usina), Ibipeba (cinco usinas), Tucano (oito usinas), Xique-Xique (13 usinas) e outros.
Conforme a Nota Técnica da SDE, no ano de 2021, o estado da Bahia foi o segundo maior produtor de energia eólica no país – todo o montante gerado refere-se a produção on-shore. Mas o Atlas Eólico da Bahia (2013), indica que o estado é favorecido pela maior faixa costeira do Brasil, que apresenta uma capacidade de geração de 77 GW com ventos acima de 7 m/s e a 100 m de altura. “As regiões de potencial eólico offshore possuem batimetria da ordem de 10 a 50 metros de profundidade, e estima-se um potencial de geração anual da ordem de 308,7 TWh. As áreas favoráveis a implantação desse tipo de empreendimento apresentam um regime de ventos favoráveis, com altos índices de velocidade”, informa.
Eólica of-shore é vista como uma das ferramentas mais importantes na luta para conter os efeitos do aquecimento global, porque significa uma grande capacidade de produção de energia
O estado tem um peso importante em todo o Nordeste, região que é responsável por cerca de 80% da capacidade instalada e da geração, de acordo com a presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), Elbia Gannoum.
“Há pelo menos mais 5 GW em construção ou já contratados na Bahia, que ainda não tiveram as obras iniciadas. Mas no que se refere à energia off-shore, vai ser muito bom para todo o país, pois é uma fonte de energia de baixo impacto, renovável e que tem um potencial enorme. É vista como uma das ferramentas mais importantes na luta para conter os efeitos do aquecimento global, porque significa uma grande capacidade de produção de energia, com elevado fator de capacidade (a medida da produtividade de um aerogerador) e sem emitir gases de efeito estufa na sua geração”, ressalta.