Entre maio e junho, o número de trabalhadores que estavam afastados de suas atividades profissionais por causa da necessidade de isolamento imposta pela pandemia da Covid-19 diminuiu da Bahia. Caiu de 1,165 milhão para 984 mil pessoas de um mês para o outro, o que significou menos 181 mil trabalhadores nessa situação (-15,5%). Com isso, a proporção de trabalhadores afastados pela pandemia na população ocupada total do estado recuou de 22,7% em maio para 19,1% em junho, mantendo-se como a 11ª proporção entre os 27 estados. Esses são alguns dos resultados da PNAD Covid-19, divulgados nesta quinta-feira pelo IBGE.
Ao menos uma parte desse grupo parece ter sido demitida, pois a procura por trabalho no estado aumentou. O número de desocupados (pessoas que não estavam trabalhando e procuraram emprego) passou de 851 mil em maio para 904 mil em junho (mais 53 mil pessoas), e a taxa de desocupação também mostrou viés de alta, indo de 14,2% para 14,9%, nesse período.
A retomada pela busca de trabalho na Bahia ainda foi, porém, mais tímida do que a verificada na maior parte dos estados. Por isso, mesmo crescendo, a taxa de desocupação baiana deixou de ser a segunda mais alta do país. Caiu para a quarta posição, superada por Alagoas (de 12,7% em maio para 15,3% em junho) e Amazonas (de 12,0% em maio para 15,1% em junho). Amapá se manteve com a maior taxa de desocupação nos dois meses (15,8% em maio e 17,6% em junho).
No Brasil como um todo, a taxa de desocupação avançou de 10,7% para 12,4%, entre maio e junho. Todas as 27 unidades da Federação mostraram elevação no indicador, ainda que nem sempre estatisticamente significativa. A diferença na Bahia (+0,7 ponto percentual) foi a quinta menor entre os estados.
Enquanto isso, o número de pessoas que não estavam trabalhando, queriam trabalhar, mas nem chegaram a procurar emprego por causa da Covid-19 ou por falta de oportunidades na região onde viviam praticamente não mudou, na Bahia, entre maio e junho. Passou de 2,402 milhões para 2,401 milhões.
Somando esse grupo ao dos desocupados (904 mil), no mês passado, a pandemia ainda dificultava a busca por trabalho para 2,943 milhões de pessoas na Bahia. O estado manteve o segundo maior contingente de impactados, abaixo apenas do verificado em São Paulo (6,721 milhões).
Comércio e indústria
Em junho, 5,151 milhões de pessoas de 14 anos ou mais trabalhavam na Bahia, ou seja, estavam ocupadas. Esse número mostrou um discreto viés de alta em relação a maio (+26 mil pessoas ocupadas), variação que não é estatisticamente significativa, pois a proporção de pessoas que trabalhavam, em relação à população total de 14 anos ou mais de idade (nível da ocupação), manteve-se a mesma em maio e junho: 42,9%.
Ainda assim, de um mês para o outro, na Bahia, houve saldo positivo no número de trabalhadores em 6 dos 11 grupos de atividades investigados pelo IBGE.
O segmento de comércio, reparação de veículo automotores e motocicletas teve o maior aumento no número de trabalhadores nesse período, com mais 52 mil pessoas ocupadas entre maio e junho. A indústria em geral veio em seguida (+36 mil trabalhadores), e administração pública, defesa e seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais ficou em terceiro (+15 mil ocupados).
Por outro lado, outras atividades (-73 mil trabalhadores entre maio e junho), construção (-13 mil) e alojamento e alimentação (-9 mil) mostraram os saldos mais negativos no número de pessoas ocupadas, de maio para junho.
Em junho, a taxa de informalidade na Bahia, ou seja, a proporção de trabalhadores informais no total da população ocupada, ficou igual à de maio: 48,0%. Isso significa que, no estado, 2,473 milhões de pessoas eram empregados do setor privado ou trabalhadores domésticos sem carteira assinada; empregadores ou trabalhadores por conta própria que não contribuíam para o INSS; ou trabalhadores não remunerados em ajuda a morador do domicílio ou parente.
Já a adoção do trabalho remoto cresceu discretamente na Bahia, frente a maio. Em junho, 302 mil pessoas ocupadas estavam em home office, o que representava 5,9% da população ocupada. O percentual continuava abaixo do verificado no país como um todo (10,4% ou 8,694 milhões em trabalho remoto) e era o sétimo menor entre os estados.