A Agrícola Cantagalo se firmou como uma das principais referências nacionais na produção de cacau de qualidade. Reconhecida em concursos de destaque, a empresa baiana já esteve entre as dez melhores amêndoas do Brasil em todas as edições realizadas até agora e conquistou o título de campeã em 2021 e 2024. O próximo passo, segundo a direção do grupo, é retomar o embarque das exportações, com destino à Europa.
O grupo nasceu há cerca de 60 anos, quando o ex-banqueiro e ex-ministro da Indústria e Comércio, Ângelo Calmon de Sá, adquiriu a primeira fazenda no sul da Bahia. Ao longo do tempo, ele não apenas investiu na produção, mas abriu espaço para pesquisas da Ceplac, que resultaram no desenvolvimento de variedades resistentes à vassoura-de-bruxa – praga que devastou a cacauicultura na década de 1980. Algumas dessas variedades, como a PS1319, seguem entre as mais cultivadas no país.
Hoje, quem está à frente da Agrícola Cantagalo é sua filha, Claudia Calmon de Sá, médica veterinária de formação e responsável por dar novo fôlego ao negócio. Claudia assumiu definitivamente a gestão em 2018, e desde então vem apostando na produção de cacau fino e em investimentos em tecnologia e manejo. O grupo reúne 14 fazendas, somando 1.800 hectares, sendo metade em sistema agroflorestal e a outra em cabruca, método tradicional de cultivo sob a sombra da Mata Atlântica. Além disso, Claudia adquiriu 110 hectares no município de Barra, no oeste do estado, onde pretende iniciar o cultivo de cacau a pleno sol, com irrigação por pivô central já em 2026.
“Esses resultados mostram que estamos no caminho certo”, afirma Claudia, ao AgFeed, referindo-se ao reconhecimento obtido nos concursos nacionais de qualidade. Além de atender o mercado interno, parte da produção já chegou a ser exportada, e o objetivo é retomar esse fluxo de embarques pelo porto de Roterdã, na Holanda, de onde segue para fabricantes de chocolates na Europa.
Com uma produtividade média de 45 arrobas por hectare – chegando a 100 arrobas em áreas de cabruca – a Cantagalo investe em inovação para dobrar os resultados em três anos. Em 2024, cerca de 60% da receita foi direcionada a tecnologia, assistência técnica, adensamento e mecanização.
A trajetória de Claudia também marca uma virada no legado da família. Após anos atuando na área administrativa, ela passou a se dedicar diretamente à produção, consolidando a Cantagalo como símbolo da retomada da cacauicultura baiana em um momento de valorização do produto. “Sem cuidar das pessoas, a gente não chega a lugar algum. Esse é um valor que aprendi com meu pai e que continuo levando adiante”, destaca ao portal AgFeed.
Com informações do portal AgFeed