O Produto Interno Bruto (PIB) baiano registrou queda de 5,5% no quarto trimestre de 2016 na comparação com igual período de 2015 e encerrou o ano de 2016 com retração de 4,9%. Já considerando a série com ajuste sazonal (4º trimestre de 2016 em comparação com o 3º trimestre de 2016), o resultado foi contração de 2,3%. A retração da economia do estado ficou acima da média do país (queda de 3,6%). Os números foram divulgados hoje pela Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI)
Quando comparado ao de igual período do ano anterior, o PIB da Bahia apresentou contração de 5,5% no quarto trimestre de 2016. De acordo com os cálculos realizados pelos técnicos da SEI, o baixo crescimento no último trimestre do ano, ante mesmo período do ano anterior, é perceptível pela queda nos três grandes setores da economia baiana: Agropecuária (-12,9%), Indústria (–10,4%) e Serviços (-3,3%), que resultou na retração de 5,2% do Valor Adicionado (VA). Outro fator determinante na variação negativa do PIB foi a retração dos Impostos sobre produtos (-6,6%).
Acumulado do ano
No acumulado do ano a economia retraiu 4,9% devido ao fraco desempenho da agropecuária (-20,6%); da indústria (-7,7%) impulsionada pelo forte recuo da extrativa mineral (-18,5%), construção civil (-8,7%) e eletricidade e água (-7,4%) e; serviços (-2,5%) atrelada as baixas do comércio (-8,1%) e transportes (-7,3%). O Valor Adicionado a preços básicos (VA) retraiu 4,7%, e o Imposto sobre Produtos Líquidos de Subsídios, caiu 5,6%.
O desempenho do Produto Interno Bruto da Bahia (-4,9%), em 2016, pode ser creditado a dois fatores: o primeiro foi a instabilidade econômica e política que atingiu o país, implicando em um processo generalizado de aumento do desemprego e quedas na renda, no consumo das famílias e na produção industrial; o segundo fator – esse de origem exógena – foi a forte seca que atingiu a Bahia, resultando em grandes perdas diretas na atividade agropecuária e na geração de energia elétrica.
Quanto aos efeitos da seca que atingiu a Bahia, o seu impacto foi tão significativo sobre o desempenho do PIB baiano que, caso fosse considerado um desempenho da agropecuária baiana semelhante à do Brasil – retração de 6,6% –, então o PIB da Bahia registraria uma taxa negativa de 3,9%, ou seja, 1 p.p. abaixo da taxa efetiva. Já numa situação onde a agropecuária registrasse estabilidade em relação a 2015, então o PIB baiano registraria taxa negativa de -3,3%. É importante destacar que os efeitos da seca não ficaram atrelados apenas ao setor agropecuário, visto que, a agropecuária possui interrelações com diversas atividades produtivas (comércio, transportes, etc.). Dessa forma, os efeitos totais da seca sobre a atividade econômica baiana superam essas estimativas preliminares.
Setores
Analisando-se a queda a partir da decomposição dos setores produtivos, observa-se que o setor com maior retração da atividade econômica baiana foi a agropecuária com queda 20,6%. A retração na produção agrícola baiana foi resultante das perdas verificadas nas principais lavouras do estado – soja (-28,8%), milho (-42,4%), algodão (-33,6%), feijão (-58,8%), cacau (-24,0%) decorrentes da seca que atingiu praticamente todo o estado.
O setor de serviços – setor com maior peso na economia (71%) – registrou queda de 2,5%, onde as maiores variações negativas foram observadas nos segmentos de comércio (-8,1%), transportes (-7,3%) e alojamento e alimentação (-5,5%). A queda desses três segmentos reflete a dinâmica recessiva da economia nacional onde: comércio e alojamento e alimentação caem em função do aumento do desemprego, queda na renda e redução no consumo das famílias, enquanto que transportes é afetado por estas mesmas variáveis bem como pela retração no setor agropecuário – transporte de grãos.
Já a queda de (-7,7%) no setor industrial teve como grande destaque a retração de 18,5% na extração mineral – decorrente do fechamento de postos de petróleo com redução na produção de petróleo e gás. O segmento de produção e distribuição de energia elétrica (-7,4%) além de ser impactado pela recessão econômica brasileira, também foi afetado negativamente pela seca na Bahia, em virtude da redução na vazão do lago de Sobradinho e consequente queda na geração de energia. Já os segmentos de construção civil e indústria de transformação (-8,7% e -1,7%, respectivamente) tiveram desempenho negativo determinado pela dinâmica macroeconômica da economia brasileira.