O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou, sem surpresas, a taxa Selic de 10,75% para 11,25% ao ano — uma decisão unânime, mas que vem gerando polêmica. O argumento oficial? Intensificar o combate à inflação.
Mas será que elevar a taxa em 0,5 ponto percentual é realmente a solução mais eficaz?
Essa alta na Selic traz um impacto direto: menos crédito disponível, consumo retraído e investimentos empresariais travados.
Em termos práticos, dificultar o acesso a financiamentos e empréstimos para a população reduz o fôlego da economia e trava a recuperação tão esperada.
O único setor que sai ganhando é o de investimentos em renda fixa e o mercado financeiro, enquanto as demais atividades econômicas enfrentam um cenário ainda mais árido.
As reações foram duras.
Para a Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb), o aumento é “injustificado e contrário à recuperação econômica do país”.
“O aperto monetário, com a elevação dos juros, afeta toda a atividade econômica, inibindo investimentos e a geração de emprego e renda. A política monetária deveria priorizar o crescimento econômico, considerando que o país precisa crescer para reduzir os graves problemas sociais”, diz a Fieb, em nota.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI), liderada pelo baiano Ricardo Alban, foi além e expressou “indignação”, estimando que uma taxa mais equilibrada para sustentar a economia e enfrentar a inflação seria de 8,4% ao ano.
A CNI defende que, em vez de subir a Selic, o foco deve ser a retomada dos cortes na taxa de juros. Só assim o país conseguirá avançar na agenda de redução do custo financeiro suportado pelas empresas, que se acumula ao longo das cadeias produtivas, e pelos consumidores. Caso contrário, continuarão penalizando não só a economia brasileira, mas, principalmente os brasileiros, com menos empregos e renda.
Com críticas incisivas de setores produtivos, a pergunta que fica é: até que ponto o Copom está disposto a sacrificar o crescimento em nome de um remédio que parece cada vez mais amargo para a economia real?
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