Eles chegam de todos os cantos, lotam bares, restaurantes, lojas e até mesmo estandes do mercado informal. São grupos de portugueses, mexicanos, franceses, alemães, coreanos e argentinos. O Nordeste brasileiro também é representado pelos milhares de turistas que visitam diariamente o Centro Histórico de Salvador, vindos de capitais como Fortaleza, Recife e João Pessoa.
“Geralmente, eles buscam uma comidinha mais leve, de fácil digestão, mas nunca abrem mão de uma bebida gelada para espantar o calor. E estão chegando em grande quantidade neste verão, mesmo antes do Carnaval”, celebra a comerciante Rosana Silva, proprietária de um restaurante por quilo na Praça da Sé, que trabalha com grande variedade de pratos a um preço médio de R$ 3 a cada 100 gramas de alimento.
Retornando à capital baiana depois de 10 anos, a paraibana Rebeca Braz conta o que mais a surpreendeu no contato com a cidade após tanto tempo. “Percebe-se de cara que alguma coisa mudou. O trânsito está melhor, mais dinâmico e ordenado. A cidade está bem bonita, os serviços melhoraram,”, diz, enquanto tinha – ao lado da irmã Rafaela e da filha Lídia – os cabelos trançados por dona Josefa Santos, 62 anos e 40 apenas realizando a atividade no Pelourinho.
Números
De acordo com informações da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Secult), a média anual de turistas que visitam a capital baiana é próxima a 8,5 milhões de pessoas, sendo que o pico ocorreu em 2014, muito em virtude da realização da Copa do Mundo de futebol, que teve Salvador como uma das cidades-sede. A meta, segundo o secretário Cláudio Tinoco, é manter a média de 800 mil novos turistas até 2020 – conforme previsto no planejamento estratégico do município.
A taxa média de ocupação hoteleira, em 2017, também apontou crescimento, batendo os 58,1%. Nos anos anteriores, chegou a 53,1%, em 2016; 54,7%, em 2015; 58,2%, em 2014; e 57,8%, em 2013. Para o verão deste ano, A Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Secult) estima que 2,5 milhões de turistas venham à capital baiana, apresentando uma movimentação econômica turística de cerca de R$ 3,9 bilhões.
Animada com o movimento intenso de visitantes no Pelourinho, dona Josefa lamenta apenas o fato de não dar conta da demanda que tem aparecido em seu estande de tranças neste período. “Melhorou muito o movimento no verão, em relação ao ano passado. Estou ocupada o dia inteiro, e isso é muito bom”, comemora.
Fila na porta
Considerado o novo “Queridinho do Pelô”, o restaurante Cuco Bistrô traz uma proposta simples que tem agradado a soteropolitanos e turistas, com um cardápio que revisita a cozinha baiana trazendo elementos da culinária internacional. O prato mais pedido da casa, segundo o proprietário José Iglesias, é a moqueca de camarão feita com ingredientes 100% naturais, como dendê batido diretamente no pilão de madeira e leite de coco extraído da mesma forma. Atualmente, a comida do chef João Silva e toda a atmosfera rústica do lugar faz do Cuco o segundo restaurante soteropolitano mais comentado por visitantes do site TripAdvisor, que avaliam estabelecimentos de cidades turísticas em todo o planeta.
“O movimento neste verão melhorou bastante, sendo que muito deste impulso se deve às ações da Prefeitura, como o Projeto Pelourinho Dia&Noite. É um trabalho que tem agradado não só a mim como a todos os comerciantes da área de gastronomia. Claro que sempre há espaço para ações pontuais em infraestrutura, estacionamentos e fiscalização do mercado informal mas, em linhas gerais, o trabalho tem sido eficaz”, diz Iglesias, que nasceu na Espanha, mas foi criado no bairro da Liberdade.