A médica, ativista e diretora executiva da Anistia Internacional no Brasil, Jurema Werneck, enviada especial da COP30 para temas de periferias e racismo ambiental, fez um alerta contundente durante a conferência da ONU: as negociações climáticas continuam distantes da realidade das populações mais vulneráveis — aquelas que já vivem, diariamente, os impactos mais severos da crise climática.
Em entrevista à Matinal, Jurema afirmou que grande parte das discussões permanece presa a discursos genéricos e números macroeconômicos, desviando o debate do que considera essencial: o ser humano.
“Parece que a gente está em uma reunião da Faria Lima global”, disse, criticando o ambiente corporativo e distante da vida real que toma conta das plenárias internacionais sobre clima.
Segundo ela, a COP30 precisa reconhecer que não existe ação climática eficaz sem enfrentar o racismo ambiental, que determina quem é mais exposto ao calor extremo, à falta de saneamento, aos desastres, ao acesso desigual à água e às políticas públicas. Jurema reforça que as periferias urbanas e as comunidades negras, indígenas e tradicionais seguem como as primeiras e maiores vítimas de secas, enchentes, deslizamentos e contaminação ambiental.
Para a ativista, soluções concretas e urgentes devem ser construídas a partir de quem vive nesses territórios — e não apenas a partir de perspectivas de mercado ou pressões geopolíticas.
A crítica dá o tom de um debate cada vez mais central nas conferências climáticas: sem justiça social, não há justiça climática.
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