Se Sabazius fosse à Bahia iria direto para Lauro de Freitas. Isso porque, a cidade quer se tornar o maior polo cervejeiro do estado e atrair os melhores produtores da bebida que deixa até o Deus grego com água na boca. Hoje existem nove cervejarias artesanais funcionando a todo vapor no município, mas a previsão é de chegar a algumas dezenas delas.
De acordo com o superintendente da Indústria Comércio e Serviços, Tufi Júnior, apesar dessas empresas serem de pequeno porte, elas têm uma representatividade expressiva para o Produto Interno Bruto (PIB) de Lauro. “É uma importância significativa e uma ótima visibilidade no entretenimento e eventos locais”, disse ele que percebe a disparada do setor no pós-pandemia. “Nossa expectativa de crescimento dessas cervejarias é muito grande, embora ainda não exista uma previsão de chegada de novas marcas, mas o mercado está se destacando”.
Híbrida Cervejaria
Surgida da união de quatro cervejeiros soteropolitanos, a Híbrida investiu há mais de três anos R$200 mil para sair do papel. Hoje, com apenas dois dos sócios à frente do negócio – Guilherme Uzeda e Mário Neto – o investimento anual já alcançou os R$400 mil.
“Chegamos para ficar! e com muita novidade para o público cervejeiro baiano. A Híbrida Cervejaria se ergueu em 2019, tendo seu registro junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), em novembro do mesmo ano, data oficial de seu aniversário”, conta Uzeda.
Sem revelar o faturamento, Guilherme diz que produzem mais de 12 rótulos entre os sazonais e os do portfólio fixo, como a Session IPA, APA Goiaba, Blond Ale e Summer Ale, além dos recém incorporados: “Session Citra”, APA Sem Goiaba e Fruit Beer de Tangerina.
“O mercado de cerveja artesanal da Bahia é promissor pelos anseios de consumo e ao mesmo tempo desafiador por termos poucas políticas públicas de fomento ao setor, que já ocorre há muito tempo em outros estados. Mas Lauro de Freitas tem uma boa localização para o abastecimento na Região Metropolitana de Salvador, além da competitividade no preço do metro quadrado. Lauro também tem a ideia de se tornar um polo cervejeiro e, por isso, estreita laços com as empresas locais”, destaca Uzeda.
As Divas do Tio Chico
Com investimento próprio em cerca de R$800 mil, a cervejaria As Divas de Tio Chico fatura R$ 20 mil por mês e está cheia de planos para os seus 14 tipos de chope artesanal, como o American Lager, Pilsen, Weiss, APA, APA Goiaba, APA Maracuja, Porter, American Wheat, White IPA, Session IPA, American IPA, Chope de Vinho, Double IPA e IPA Viking.
São opções da bebida para os gostos mais diversos, mas no quesito incentivo fiscal, o fundador Roberto Júnior não está satisfeito. “Precisamos de mais incentivo para sermos mais competitivos. Outros estados têm isso (incentivo), que ajuda no crescimento do setor, que gera mais empregos, renda e desenvolvimento para a Bahia. Ainda estamos carentes desse incentivo”, reclama.
Embora insatisfeito com a falta de investimento do governo local, Júnior conta que Lauro de Freitas é um excelente lugar para produzir suas cervejas artesanais. “Conhecemos bem o público daqui. Além disso, aqui tem uma maior concentração dos Pontos De Vendas (PDVs) que negociamos no momento”.
Cervejaria 2 de Julho
Nada melhor para homenagear uma cidade cervejeira do que exaltar no nome a sua data mais importante. “A Cervejaria 2 de Julho é uma das primeiras microcervejarias da Bahia. Com muito orgulho homenageia a data da verdadeira independência do Brasil. Em nossos cinco anos já lançamos diversos tipos clássicos de cerveja, sempre respeitando a tradição e história desses estilos. Nosso “carro chefe” é a American IPA, que já é um clássico baiano”, conta o sócio Magno Jacobina.
Em 2019 lançaram o selo Confraria do Hospício, para assinar receitas irreverentes e experimentais como a SushIPA – uma IPA com nori (variedade de algas próprias para consumo) e arroz – e a Coffee IPA feita com café da chapada.
Com investimento de R$ 275 mil, Jacobina conta que já faturam R$ 30 mil mensais em seus 11 produtos. “Mas lançamos diversas cervejas sazonais também, que já não estão disponíveis. Ao todo já lançamos mais de 25 cervejas diferentes”.
Segundo ele, o mercado de cerveja artesanal despertou em 2005 por causa do interesse do público jovem. “Por muito tempo ficou restrito às produções amadoras e caseiras. Mas a demanda é crescente e os baianos, principalmente os jovens, estão descobrindo e gostando mais da cerveja artesanal local”.