BA de Valor
  • Atualidade
  • Economia
  • Negócios
  • Sua Chance
  • Inovação
  • Notas de Valor
Sem resultado
Ver todos os resultados
  • Colunistas
  • Notas de Bolso
  • Business Lounge
  • Quem Somos
  • Anuncie
  • Contato
  • Política de Privacidade
BA de Valor
  • Atualidade
  • Economia
  • Negócios
  • Sua Chance
  • Inovação
  • Notas de Valor
Sem resultado
Ver todos os resultados
BA de Valor
PUBLICIDADE
Capa Atualidade

Leitura de autores pretos muda olhar em comunidade no interior baiano

REDAÇÃO por REDAÇÃO
19/08/2023
em Atualidade
Tempo de Leitura: 4 minutos
A A
0
Leitura de autores pretos muda olhar em comunidade no interior baiano

Clube da Leitura Preta, projeto de leitura na cidade de Jequié, Bahia (Foto: Clube da Leitura Preta)

Share on FacebookShare on Twitter

As mãos que folheiam as páginas dos livros parecem segurar um espelho. Mas não é apenas um reflexo de si. As mãos e olhos adolescentes percorrem letras e palavras que descortinam imagens e janelas para o mundo. Com Samile, de 15 anos, foi assim. “A gente aprende sobre racismo estrutural, sobre a desigualdade social, sobre necropolítica. Quando eu descobri que este clube era de leitura de autores negros, tive uma expectativa ainda maior”, diz a menina leitora, moradora da comunidade quilombola Barro Preto, na cidade de Jequié (BA), a 370 quilômetros de Salvador.

Foi na escola estadual Milton Santos que nasceu o projeto escolar Clube de Leitura Preta. Coordenado pela professora Jéssika de Oliveira, de 32 anos, a iniciativa completou um ano de atividades no mês passado e é sucesso entre alunos do ensino fundamental da unidade de ensino, que fica na comunidade quilombola. “Uma das propostas do Clube da Leitura Preta no quilombo é enfrentar a evasão escolar”, afirma a professora.

Contra a violência

Ao passo que os adolescentes leem autores negros, tratando de temas que não são estranhos à vida dos alunos, há uma identificação e o ensino passa a ser mais transformador. Aliás, estar fora da escola e não ter perspectivas pode ser perigoso na cidade que foi considerada a mais violenta do Brasil no ano passado com uma média de 88,8 assassinatos a cada 100 mil habitantes. O Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado neste ano, mostra que a disputa do tráfico tem feito mais vítimas na região.

Histórias de violência estão no noticiário e também cercam a realidade diariamente para esses adolescentes. “Perdemos vários alunos para a guerra às drogas. Então, o livro entrou para a vida deles como uma nova chance”. Não há como se manter indiferente às violências de todos os dias na região. Pelo contrário, o luto é sentimento rotineiro. “Sempre consigo me surpreender com a força dos meninos e das meninas do clube de leitura que, apesar de serem atravessados por diversas violências, conseguem se manter firmes e fortes com livros abertos”, testemunhou a professora.

Contra o racismo

A professora Jéssika de Oliveira é negra e nasceu na cidade de Baixa Grande (BA), a 262 km de Salvador. A ideia do projeto, segundo afirma, nasceu com o desejo de promover discussões raciais na escola. “Embora haja uma Lei que fomente a obrigatoriedade do ensino da cultura afro nas escolas, enquanto educadora, sei também da ausência do letramento racial nos espaços”. A Lei 10.639 de 2003 determina que o ensino fundamental e médio trate de história e cultura afro-brasileira.

Mas a legislação ainda não foi capaz de mudar a realidade. “Vi muitas pessoas desistirem de seus sonhos. A partir do momento que entendemos o racismo como um problema estrutural que perpassa sobre toda a sociedade de forma velada e escancarada, é possível identificar a sua atuação de forma institucional nos espaços escolares”, diz a docente. Por isso, ela defende que é necessário ensinar as nuances do racismo para poder combatê-lo de forma eficaz.

Turma empolgada

No ano passado, quando o projeto começou, o clube de leitura fez um concurso literário e recebeu 150 textos. Os pais ficaram curiosos e surpresos. Desde então, ficam orgulhosos de como as meninas e os meninos ficaram desenrolados para falarem do que os cerca. “Meu filho era muito mais introspectivo e tinha transtorno de ansiedade. A leitura mudou muito a vida dele. Passou a ter muito mais amigos e a relação com todos melhorou muito”, diz Milena Nascimento, de 38 anos, mãe de um adolescente de 15 anos.

Ela diz que a conscientização sobre o que é ser periférico transformou também o seu desempenho na escola. Ela, que voltou aos estudos, e foi cursar uma faculdade de administração, com recursos do Prouni, está empolgada com a autonomia do filhão.

A aluna Samile diz que ficou maravilhada com o que leu nas obras do professor Silvio Almeida (atual ministro dos Direitos Humanos e de Cidadania) sobre o racismo estrutural ou da escritora Bianca Santana, no livro “Como eu me descobri negra”. “Esses livros todos foram importantes pra mim porque eu tive mudanças de pensamentos muito bons”.

Uma colega, Maria, de 14, concorda que o espaço abriu portas e se sente lutando “por causas que são importantes para nossa sociedade”. Outra amiga, Clara, de 15, garante que o ambiente escolar passou a incentivar a pensar com inspiração de pessoas que ela não sabia que existia. “É uma oportunidade da gente descobrir vários horizontes, de descobrir várias formas de pensar de lutar contra a opressão.”

O professor e pesquisador de literatura Leonardo Barbosa, de 50 anos, que trabalha em Jequié, entende que o projeto garante a possibilidade dos alunos vislumbrarem as próprias vidas a partir dos textos literários debatidos. “O autorreconhecimento é o primeiro benefício de projetos como esse. Ao ler livros de autores como Carolina Maria de Jesus, de Conceição Evaristo, de Itamar Vieira Junior e de Jeferson Tenório fazem com que eles enxerguem a própria vida ali dentro.”

O encontro para o clube de leitura tem empolgado além da turma. A funcionária da secretaria da escola Paula da Hora, de 31 anos, faz questão de abrir os livros junto com os adolescentes. Ela foi aluna da escola, mas ler autores negros é uma novidade para ela. Tem se deliciado nas páginas de “Becos da Memória”, de Conceição Evaristo. A funcionária aprende as escrevivências da autora e lê em roda, juntos com os adolescentes, as páginas dos livros que promovem um olhar para fora da escola e para dentro de si mesmos.

Artigo Anterior

BBM Logística atinge receita líquida de R$380,4 milhões

Próximo Artigo

ONU condena assassinato de Mãe Bernadete

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Plenário da Câmara
Atualidade

Câmara aprova projeto que revoga resolução do Conanda sobre aborto em menores de 14 anos

Evento na PGE-BA
Atualidade

PGE-BA e Fapesb lançam edital de R$ 6 milhões para soluções em IA

Shoppings Salvador e Barra
Atualidade

Casas Bahia enfrenta ações de despejo em dois shoppings de Salvador por inadimplência

Próximo Artigo
Mãe Bernadete

ONU condena assassinato de Mãe Bernadete

Deixe um comentário Cancelar resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.

  • EM ALTA
  • COMENTÁRIOS
  • ÚLTIMAS
Prédios Minha Casa Minha Vida

Salvador recebe 2º Feirão ‘Minha Casa Minha Vida’ com parcelas a partir de R$ 399 no Shopping da Bahia

Guilherme Bellintani e parceiros

Nova faculdade de negócios chega a Salvador com proposta inclusiva e inovadora

Loja do Grupo Mateus

Grupo Mateus inaugura primeira loja em Salvador no Salvador Norte Shopping

Centro de Convenções de Salvador

Centro de Convenções recebe 2ª edição do Summit de Negócios Made in Bahia

Hospital Municipal de Salvador realiza triagens para cirurgias eletivas; confira especialidades e datas

Hospital Municipal de Salvador realiza triagens para cirurgias eletivas; confira especialidades e datas

Feira Preta Festival

Feira Preta Festival anuncia programação e estreia em Salvador com Jau, Afrocidade, Rachel Reis e Sued Nunes

Plenário da Câmara

Câmara aprova projeto que revoga resolução do Conanda sobre aborto em menores de 14 anos

Feira Preta Festival

Feira Preta Festival anuncia programação e estreia em Salvador com Jau, Afrocidade, Rachel Reis e Sued Nunes

Evento na PGE-BA

PGE-BA e Fapesb lançam edital de R$ 6 milhões para soluções em IA

Shoppings Salvador e Barra

Casas Bahia enfrenta ações de despejo em dois shoppings de Salvador por inadimplência

Tatiana Marchioli (de preto) e equipe do Grupo Sabin no Congresso UNIDAS

Amparo Saúde leva estudos científicos para o 28º Congresso Internacional UNIDAS

Senador Contarato, Mário Conceiçao e cia

Salvador sediou Congresso Brasileiro de Trânsito e Vida e reforçou compromisso nacional com a redução de mortes nas vias

Plenário da Câmara

Câmara aprova projeto que revoga resolução do Conanda sobre aborto em menores de 14 anos

Feira Preta Festival

Feira Preta Festival anuncia programação e estreia em Salvador com Jau, Afrocidade, Rachel Reis e Sued Nunes

Evento na PGE-BA

PGE-BA e Fapesb lançam edital de R$ 6 milhões para soluções em IA

Shoppings Salvador e Barra

Casas Bahia enfrenta ações de despejo em dois shoppings de Salvador por inadimplência

Tatiana Marchioli (de preto) e equipe do Grupo Sabin no Congresso UNIDAS

Amparo Saúde leva estudos científicos para o 28º Congresso Internacional UNIDAS

Senador Contarato, Mário Conceiçao e cia

Salvador sediou Congresso Brasileiro de Trânsito e Vida e reforçou compromisso nacional com a redução de mortes nas vias

PUBLICIDADE

COLUNISTAS

Jorge Valente

Terapias injetáveis são seguras quando bem indicadas, afirma especialista

Miguel Gomes

Tecnologia impulsiona o despertar de lideranças em saúde no século 21

Miguel Gomes, CEO do Grupo Vivhas

Transformação digital na saúde: eficiência e experiência elevadas pela tecnologia

Miguel Gomes

Tecnologia, sustentabilidade e humanização: o que está no centro da saúde digital?

Inteligência Artificial: a nova fronteira da fidelização de pacientes na saúde

Inteligência Artificial: a nova fronteira da fidelização de pacientes na saúde

NOTAS DE BOLSO

Bandeira da FGV

FGV anuncia cursos gratuitos e online nas áreas de tecnologia, dados e inteligência artificial

Preparação de remessa da Shopee

Shopee amplia logística e reduz prazo médio de entrega em dois dias no Brasil

Refém da pobreza

BA de Valor

© 2024 BA de Valor. Todos os direitos reservados.

Institucional

  • Quem Somos
  • Anuncie
  • Contato
  • Política de Privacidade
  • Política de Cookies

Siga-Nos

Sem resultado
Ver todos os resultados
  • Atualidade
  • Economia
  • Negócios
  • Sua Chance
  • Inovação
  • Notas de Valor
  • Colunistas
  • Business Lounge
  • Quem Somos
  • Contato
  • Anuncie
  • Política de Privacidade
  • Política de Cookies

© 2024 BA de Valor. Todos os direitos reservados.