Por Anderson Orrico
A produção de algodão do Oeste baiano atingiu a marca de 517 toneladas no ano passado e a previsão da Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa) para a safra 2021/2022 é que supere as expectativas e atinja as 584 mil toneladas, cerca de 1.907 quilos por hectare, com a colheita que se inicia em meados de junho, o que representa uma alta de 12%.
De todo o algodão beneficiado (pluma) que está previsto para ser colhido no Brasil, cerca de 2,71 milhões de toneladas, 60% sairá da Bahia, que detém o segundo maior polo produtor, ficando atrás apenas de Mato Grosso. Segundo o presidente da Abapa, Luiz Carlos Bergamaschi, os resultados são animadores para essa nova safra. “A Bahia continua mantendo o seu alto padrão de produção e a expectativa é uma crescente neste ano, inclusive com o aumento de hectares plantados, que passou pulou de 266.663 para 306.375”, conta entusiasmado.
O algodão é vendido em fardos, que sai da fazenda prensado para o mercado nacional ou internacional, e possuem, em média, um metro de altura por 50 centímetros de largura, pesando em torno de 200 quilos cada. A moeda de comércio é a libra-peso e negociado os preços são regulados pela Bolsa de Valores de Nova Iorque. “Esses preços tem se mantido em patamares altos há bastante tempo. Em março de 2021, estava cotado a 0,87 centavos de dólar por libra-peso, hoje está em torno de US$ 1,18”, explica Bergamaschi.
Nos últimos dois anos, as commodities agrícolas estão em patamares altos e influenciado por diversos fatores, como a pandemia, que no início derrubou os preços e seguiu assim até a reabertura dos comércios no mundo, e agora, a guerra no Leste Europeu também está afetando o mercado. Um outro agravante é que existe uma queda na produção de algodão no mundo porque com a alta dos valores da soja e do milho, mais produtores passaram a investir nessas culturas em detrimento do algodão.
Todo algodão produzido no Oeste, região que concentra a produção do estado, passa por um processo de qualidade rigoroso no laboratório de análise de fibras da Abapa, em Luíz Eduardo Magalhães, por meio do sistema High Volume Instrument (HVI), que atestatam características da fibra, como tamanho e finura, além da redução do percentual de fibras curtas. O conicultor Paulo Schmidt explica que o controle de pragas também é de fundamental importância para o sucesso da safra. “Nós temos um programa de monitoramento que procuramos saber qual é a praga e agir cirurgicamente para eliminar sem atingir o meio ambiente e o ecossistema.
Com lavouras nas cidades de Barreiras, Luiz Eduardo Magalhães e Riachão das Neves, Schmidt pontua que faz muitos investimentos nas plantações, porém tem anos que tem um retorno financeiro muito bom e em outros que não. “Esse ano estamos esperando que o resultado financeiro seja bem melhor porque pegamos os fertilizantes e químicos por preços antigos e a produção está boa. Já a nova safra que está por vir, está se mostrando mais difícil de ser plantada por conta do alto preço dos fertilizantes”, diz.
Segundo dados da Abapa, cerca de 15 mil trabalhadores atuam em todo o processo de plantio, colheita, separação e industrialização do algodão no Oeste da Bahia, que é uma das culturas que mais geram empregos diretos e indiretos.
História
Inicialmente, a produção de algodão na Bahia era litorânea, concentrada no Recôncavo, onde também se instalaram diversas fábricas têxteis, porém as condições climáticas não eram favoráveis para a cultura, que migrou para o semiárido. As lavouras ganharam força no Sudoeste do estado e chegou a ter 331 mil hectares de plantação, contudo devido às práticas de aragem do solo e colheita, criou condições favoráveis para que pragas como bico-do-algodoeiro se alastrassem e tornassem a atividade insustentável na região.
Diante deste cenário, o cerrado do Oeste se destacou pela sua topografia plana e mecanizável em todas as etapas do processo produtivo, clima seco e pouco propício a pragas e doenças, alta luminosidade o ano inteiro e períodos bem definidos de chuvas e estio ao longo do ano, condições ideais para implantar uma cotonicultura moderna e tecnificada. Em 1995, foram implantados os primeiros 50 hectares e na safra de 1997/1998 o Oeste da Bahia já possuía oito mil hectares semeados.
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