Dez anos após a emblemática marcha de 2015, o ato voltou a reunir mulheres de todo o Brasil e de mais de 40 países, trazendo o lema “Por reparação e bem viver” — uma síntese da luta que reconhece tanto o peso das memórias quanto a urgência do presente.
Diferente apenas de revisitar o passado, a mobilização reforçou reivindicações claras: mais políticas públicas, mais representação política, mais enfrentamento ao racismo institucional e mais poder para as mulheres negras — principais alvos da violência racial, de gênero e da exclusão econômica no Brasil.
Vozes que marcaram o ato
Para a militante Ieda Leal (MNU), o momento é histórico porque carrega a continuidade de cinco séculos de luta.
“Tudo isso é resultado do trabalho de quem veio antes da gente. Nós vamos ocupar todos os espaços — da associação de bairro à presidência da República.”
De forma inédita, a marcha recebeu também lideranças internacionais, como a Rainha Diambi Kabatusuila, do Reino Luba Bakwa Luntu (República Democrática do Congo), que destacou o protagonismo mundial da mulher negra brasileira:
“O Brasil está sendo modelo de força, unidade e resistência.”
O conceito de “bem viver”, inspirado em visões indígenas, afro-diaspóricas e latino-americanas, guiou a experiência coletiva: um futuro baseado em comunidade, dignidade, cuidado, soberania, acesso à creche, moradia, lazer e clima seguro.
A militante Rosilene Costa (Mama-DF) relembrou as perdas e reconstruções da última década:
“A democracia caiu, mas as mulheres negras levantaram de novo esse país.”
Quem marchou
O ato reuniu professoras, quilombolas, mães de vítimas do Estado, trabalhadoras rurais, artistas, intelectuais, sindicalistas, estudantes, mulheres negras LGBT+ e lideranças políticas, compondo um mosaico geracional que reafirma: não há democracia sem mulheres negras.
O Brasil viu ontem não apenas uma marcha — mas um marco histórico de afirmação, memória e futuro.
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