[dropcap]A[/dropcap]trair novos associados do interior do estado, desenvolver projetos sustentáveis e ajudar a resolver os impasses relativos ao PDDU (Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano) de Salvador, o que deve gerar novas fronteiras de crescimento para a cidade. Essas são algumas das principais metas de Luciano Muricy Fontes, que iniciou este mês o seu segundo mandato à frente da Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário da Bahia (Ademi-BA). Nesta entrevista ao Bahia de Valor, ele fala ainda sobre a crise econômica, sobre as dificuldades enfrentadas pelo setor em todo o país e critica duramente o uso do FGTS como garantia de empréstimos consignados. “Isto agrava ainda mais a atual crise do mercado imobiliário”, diz.
Que balanço o senhor faz do setor imobiliário do estado neste primeiro trimestre do ano?
A situação do setor imobiliário aqui na Bahia reflete seriamente o cenário nacional. Nós não somos uma ilha. A crise política tem arrastado a economia junto e isso teve impacto direto nos mais diversos setores. Com a interrupção de projetos e obras, a crise atingiu agressivamente a construção civil. O setor é responsável por cerca de um terço do número de postos de trabalho fechados no país em 2015 e não está sendo diferentes neste inicio de ano. Pesquisa recente da FGV mostra que apenas entre fevereiro e janeiro deste ano foram fechados mais de 23 mil postos de trabalho.
O que as construtoras baianas têm feito para enfrentar este momento difícil da economia do país?
Apesar da conjuntura negativa, este momento é um dos mais vantajosos para pessoas que desejam comprar um imóvel. Os preços estão mais baixos e há ofertas muito atrativas no mercado. Além disso é possível encontrar linhas de créditos tantos nos bancos públicos quanto nos bancos privados. A Ademi-BA também aposta nos feirões para incrementar as vendas das construtoras, por exemplo. Realizamos a Semana M² em Salvador e Vitória da Conquista, no ano passado, o que permitiu boas vendas para as empresas e bons achados para os clientes.
Quais medidas de incentivos poderiam ser adotadas pelo governo para a retomada do setor?
Nós avaliamos positivamente o lançamento do Minha Casa Minha Vida 3, que deve construir mais de 2 milhões de moradias em todo o país, mas condenamos de maneira incisiva o aumento de imposto. Atualmente, há pouco espaço de manobra para novas iniciativas, por isso esperamos que o desfecho para a crise política apareça o quanto antes.
Recentemente o governo aprovou o uso do FGTS para garantir empréstimos consignados. O que o senhor achou da medida? Isto terá impacto sobre o mercado imobiliário?
O Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) foi criado para indenizar trabalhadores por rescisões de contrato de trabalho e para que seus recursos pudessem ser utilizados em obras e investimentos nas áreas de saneamento e habitação. Qualquer destinação que não estas confiram desvio de função e agravam ainda mais a atual crise do mercado imobiliário.
O senhor acaba de ser empossado para um novo mandato à frente da Ademi. Quais são os seus projetos?
Nós pretendemos continuar com as ações que tiveram boa receptividade dos nossos associados e do mercado imobiliário em geral. Nesse novo mandato vamos ampliar nossas ações de interiorização, que é um dos focos da atual diretoria. Tornar a Ademi-BA cada vez mais um entidade de representação de todo o estado. Vamos ampliar o Salão Imobiliário e a Semana M², que já ocorre em Salvador e Vitória da Conquista, levando o evento para Feira de Santana, segunda maior cidade da Bahia. Também pretendemos, neste primeiro semestre, acompanhar de perto a tramitação do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano (PDDU) da capital baiana, que é um importante instrumento de desenvolvimento econômico e social.