Disputado por indígenas, sem terra, quilombolas e agricultores, o Rio Utinga, na Chapada Dimantina, será o tema de uma audiência pública, dia 15 (quarta-feira), às 9h, na Assembleia Legislativa da Bahia (Alba). Fonte de desenvolvimento econômico e social para os municípios de Utinga, Wagner, Lajedinho, Lençóis e Andaraí, o rio tem cerca de 70 Km de extensão e sofre com problemas como o desmatamento e a seca. Discutir a sua revitalização é o objetivo principal da sessão.
Promovida pelos deputados Jacó (PT), Marcelo Veiga (PSB) e Eduardo Alencar (PSD), a audiência vai reunir secretários de governo, prefeitos, representantes de associações, órgãos ambientais e moradores. É o caso do cacique Juvenal Payayá, 73, que nasceu e se criou na região, e vê com preocupação o futuro do rio, caso não se priorize a revitalização da sua mata ciliar.
“Meus povos ancestrais, os Payaya, estão na Cabeceira do rio Utinga desde 1530, e essa história está documentada. Nossa alimentação era toda tirada dali (almoço, café e jantar) e a água era sempre constante, sem variação de volume. O rio é nossa história”, conta o líder indígena.
Mineração e disputas de terra para plantação foram as mudanças a que Juvenal Payaya assistiu no século XX. Nos últimos dois anos, diz que os conflitos se intensificaram por causa dos produtores de mamão e banana, especialmente, que usam o rio Utinga como fonte de irrigação das culturas. “Não queremos desempregar nem destruir a economia local, mas é preciso que haja um consumo mais racional da água”.
Mesma opinião tem o deputado Jacó (PT), proponente da audiência do dia 16, membro da Comissão de Meio Ambiente, Seca e Recursos Hídricos da Alba. “O rio Utinga é um rio diferenciado, tem uma vazão perene, mas ali existe um uso irracional da água causado pela irrigação nas parte altas. Quem mora nas partes baixas e depende do rio para consumo fica desabastecido”.