Nem o confisco de Fernando Collor, há 26 anos, foi o suficiente para tirar do brasileiro a preferência pela poupança – modalidade de investimento estável, mas de baixo rendimento. No entanto, com a facilidade de operar pela internet, uma nova geração tem se interessado por aplicações que em décadas anteriores pareciam restritas. No topo da lista, a Bolsa de Valores, que de 2002 para 2015 viu o número de pessoas físicas investidoras na Bolsa de São Paulo ir de 85 mil para 560 mil, crescimento de quase 560%, e os títulos do Tesouro Direto, que ganham dezenas de milhares de adeptos a cada mês.
Nas últimas duas décadas, a média do volume negociado diariamente na Bolsa em São Paulo aumentou 28 vezes, de R$ 259 milhões para R$ 7,3 bilhões. “Sem dúvida, para quem procura maior retorno, a Bolsa de Valores tem se tornado a melhor opção”, diz Marcio Placedino, especialista da Toro Radar (www.tororadar.com.br), consultoria de investimento e educação sobre Bolsa de Valores. O Ibovespa, índice que mede o rendimento da BM&FBovespa, acumulou rendimento real de 16% e nominal de 20,7% de janeiro a junho deste ano. A Bolsa de São Paulo, décima terceira maior do mundo, movimentou pouco mais de R$ 867 bilhões no semestre.
Em contrapartida, a poupança amargou um saldo negativo de R$ 2,4 bilhões no ano passado, com um rendimento anual real negativo de 2,34%, o menor em mais de 10 anos. No primeiro semestre desse ano, descontada a inflação do período, a modalidade trouxe prejuízo de 0,01% aos poupadores. Para o especialista, muitos ainda se prendem aos juros nominais – de 4,04% de janeiro a junho para a poupança, sem considerar que é necessário subtrair a inflação acumulada (4,07%) para se ter uma noção da rentabilidade real do investimento.
“Há diversos investimentos mais rentáveis que a poupança”, afirma Placedino, que chama atenção para os investimentos em títulos do Tesouro Direto, com solidez semelhante a essa modalidade e rendimento muito mais expressivo. Em junho deste ano foram mais de 66.218 novos participantes, um recorde positivo. Ao todo, os títulos prefixados ofereceram uma rentabilidade real de 5,1% na primeira metade do ano.
Perspectiva de crescimento – Mesmo com o aumento significativo de investidores na Bolsa nos últimos anos, a modalidade ainda é pouco explorada pela maioria do público e apresenta grande potencial de crescimento, avalia o especialista da Toro Radar. “Muitas pessoas ainda acreditam que a Bolsa é aquele lugar que vemos em filmes, repleto de corretores gritando, e o processo acaba parecendo mais complicado e arriscado do que realmente é”.
A realidade, segundo Placedino, é muito mais simples. “Com um clique é possível comprar e vender ações. Além disso, não é preciso ter milhões de Reais, pelo contrário, a modalidade é receptiva a perfis diferentes, com objetivos e estratégias diferentes”, explica. Para quem está começando, há facilitadores: a Toro Radar, por exemplo, oferece dicas de momentos indicados para vender ou comprar determinadas ações, além de análises sobre o ‘humor’ do mercado de valores.
“O ano de 2016 reúne elementos raramente encontrados juntos e indica o que pode ser uma das maiores oportunidades de investimento em renda variável dos últimos 20 anos, algo que pode ser usado para explicar a recente ampliação do perfil do investidor brasileiro ”, completa Placedino.