O ano de 2022 tem sido especial para a Veracel. A companhia – uma joint venture entre a gigante sueco-finlandesa Stora Enso e a brasileira Suzano – vai encerrar o exercício com uma produção total de 1.130.000 toneladas de celulose branqueada de fibra curta de eucalipto, um volume acima do que costuma produzir normalmente (a capacidade nominal da fábrica é 1,1 milhão de toneladas/ano). A temporada inesquecível, no entanto, vai além dos resultados operacionais: o ano também tem sido marcado por ganhos de eficiência, com a redução do consumo de água e gás na unidade, pela implementação de importantes projetos na área de logística, a exemplo da construção da rodovia BA-658, pela captação de novas áreas de cultivo de eucalipto e a ampliação dos programas e ações em prol da valorização da diversidade e da inclusão na companhia.
“De fato, tem sido um ano promissor, de resultados bem expressivos e positivos”, contou Caio Zanardo, CEO da companhia, em entrevista exclusiva ao BAdeValor. Segundo ele, por questões operacionais, a empresa iniciou o ano com uma pequena queda de produção. “Mas a gente já vai fechar este terceiro trimestre com um produção dentro da expectativa do orçamento do ano”, afirmou ele. Melhor: sem uma parada geral em 2022 – procedimento obrigatório de manutenção para o setor – a empresa opera em máxima capacidade e vai atingir a marca de 1.130.000 toneladas este ano. “O nível de produção sempre depende do cronograma de paradas gerais, que ocorre a cada 15 meses [a próxima vai acontecer em março de 2023]”, diz o executivo.
Toda a produção da Veracel é comercializada para os seus acionistas – metade vai para a Stora Enso e outra metade para a Suzano. “Crescemos muito na pandemia. É um mercado que está muito forte e robusto, o que nos dá muita segurança. Obviamente que tem questões de inflação, fatores externos mundo afora, que acabam de alguma forma impactando, mas o nosso o trabalho é rotineiro, de ganhar eficiência e melhorar os processos”, afirmou Zanardo, informando ainda que uma das ações realizadas este ano, por exemplo, foi a redução do consumo de gás na fábrica.

Fundada em 1991, a Veracel é uma empresa de capital fechado. Suas operações abrangem 11 municípios da Costa do Descobrimento, no Extremo-Sul da Bahia. Os impactos dos negócios da companhia na região são enormes.
Para se ter uma ideia, anualmente, a Veracel desembolsa R$745 milhões em compras no estado e contribui com mais de R$130 milhões em arrecadação de tributos municipais, estaduais e federais. “Este ano, estamos aumentando em 37% as compras nos 11 municípios onde a gente atua. Até agosto, foram R$50 milhões”, disse Caio.
A empresa gera mais de 3,2 mil empregos diretos e indiretos em sua operação. Considerando famílias compostas por uma média de quatro pessoas, são quase 13 mil residentes na região que dependem da produtora de celulose para alimentação, transporte, educação, lazer e bem-estar. Caio Zanardo conta que a cultura de humanização e valorização dos colaboradores tem sido outra marca da companhia, com foco na equidade de gênero, raça e etnia. Hoje, 79% dos colaboradores da empresa se autodeclaram pretos.
“Nosso turnover [um indicador que mensura a quantidade de funcionários que deixam uma empresa durante um determinado período] é muito baixo comparado com outras empresas do setor”, diz. Durante a entrevista, Zanardo destacou o lançamento de dois grandes projetos na área de empregabilidade e qualificação: um voltado para jovem aprendiz e um outro com 40 vagas para operadores de máquinas, sendo metade das oportunidades destinada para as mulheres. “Fizemos um programa de estágio no começo do ano, focado em pessoas negras e mulheres, que tem sido um sucesso”, afirmou o CEO da Veracel.
Fórum Brasil Agroflorestal
Caio Zanardo fará, hoje à noite, a palestra “Parcerias de valor, futuros de sucesso”, na abertura do Fórum Brasil Agroflorestal. O evento, promovido pela Associação dos Produtores de Eucalipto do Extremo Sul da Bahia (Aspex), vai reunir, na sede da Loja Maçônica Fraternidade 5 de Novembro, em Eunápolis, produtores rurais, empresas e profissionais do agronegócio. Haverá palestras, rodada de negócios e exposição de produtos.
O diretor-presidente da Veracel vai abordar principalmente o Programa Aliança de Plantio de Eucalipto. Através deste programa, produtores rurais de municípios do Sul da Bahia cultivam eucalipto em suas propriedades e repassa a produção para a Veracel, que fornece apoio a eles na estruturação do plantio (mudas, adubos e defensivos), bem como lhes transfere tecnologia e conhecimento. A empresa tem hoje 150 contratos de parceria. “É um negócio de liquidez, rentabilidade e segurança com renda por um longo período, compra da produção garantida e tudo isso aliado ao cuidado com a terra, com o meio ambiente, e com a preservação do patrimônio”, afirma Zanardo.
Hoje, cerca de 20% da madeira usada pela Veracel vem de produtores vizinhos à fábrica subsidiados pela companhia. A madeira proveniente do eucalipto é o principal insumo utilizado pela Veracel na produção de celulose, matéria-prima usada na fabricação de papéis, embalagens e produtos de higiene pessoal descartáveis.
Nova rodovia
Outro projeto de destaque da Veracel na região é a construção, em parceria com o governo do estado, da BA-658 e de uma nova ponte, com 360 metros, sobre o rio Jequitinhonha. A nova estrada de 25 quilômetros vai ligar as rodovias BA-275 e BA-982, e facilitará o acesso da produção de madeira da área florestal da Veracel para sua fábrica, trazendo importantes ganhos logísticos para a operação da companhia. Os investimentos são da ordem de R$95 milhões. “A previsão é que a a BA-658 fique pronta em meados de fevereiro do ano que vem. É um projeto que tem lucro social e econômico. Todo mundo ganha com esse projeto. Isso é muito positivo”, afirma Caio Zanardo.

Hoje, a Veracel utiliza as rodovias BA-275, BA-687, BR-101, BA-274 e BA-982 para o acesso entre a fábrica e a área de suas florestas plantadas. Com a implantação da nova estrada, o fluxo de veículos da empresa será reduzido nas rodovias BA-275, BA-687 e BR-101, o que vai significar uma economia de 56 km por viagem para cada carreta de transporte que realiza o percurso. Isso trará uma redução de até 25 viagens de carretas de madeira por dia nas estradas da região, diminuindo o risco de acidentes.
A estrada ainda deve favorecer o desenvolvimento da região e o aumento do fluxo turístico local, com a redução da distância entre os municípios de Porto Seguro, Santa Cruz Cabrália, Belmonte e Canavieiras. Após a inauguração, a Veracel ficará encarregada da manutenção e conservação do trecho nos primeiros cinco anos. Depois disso, a estrada ficará com o estado.