O ministro dos Transportes, Renan Filho, reuniu a imprensanesta quarta-feira (10/1), em Brasília, para fazer um balanço de seu primeiro ano de gestão e falar dos projetos e metas da Pasta para este ano. Indo direto ao ponto: em relação à Bahia não há absolutamente nada de relevante previsto para 2024.
Quem sabe, talvez, uma solução para a concessão das BRs 324 e 116. Por outro lado, rodovias importantes e estratégicas para o estado e para a logística de transporte de mercadorias do Brasil – como a 101 – continuarão no mesmo patamar: esburacadas, ultrapassadas, sem acostamentos e sinalização. Um risco para o cidadão.
A situação das rodovias federais que cortam a Bahia é uma vergonha sem fim. Nesta área específica, a Bahia é um estado sem prestígio e sem moral. O estado, que tem a segunda maior malha rodoviária federal do Brasil, não poderia nunca ser esquecido. E é! Aliás, esquecido há anos.
Entra ministro, sai ministro, muda governo, volta governo, e a realidade é sempre a mesma. Há, sim, uma má vontade com a Bahia e com os milhões de baianos e brasileiros que precisam usar as estradas mantidas pelo governo federal ou por uma concessionária desprezível e que, diariamente, debocha do estado e dá provas de que detesta a Bahia e sua gente.
E o que fazem os governantes? Quase nada para mudar esta realidade.
Veja o caso da ViaBahia, a tal concessionária. Durante a coletiva, o ministro Renan Filho disse que o contrato de concessão da empresa foi enviado para a avaliação do Tribunal de Contas da União (TCU) e que espera uma solução para este ano.
E daí? E a consequência disso? Ministro, desde 2015, o TCU monitora esta concessão. E sabe resultado? Nenhum.
Passa ano, entra ano, e tudo só piora. A ViaBahia brinca de gerir um patrimônio da União. E o que fazem os gestores que deveriam zelar por esse ativo tão fundamental para o país? Nada.
Desde que assumiu as BRs 324 e 116, a empresa vem cobrando pedágio dos usuários, sem cumprir itens básicos do contrato de concessão, como a duplicação das vias, realização de obras de restauração, modernização da sinalização e a ampliação de capacidade.
Num país sério, a concessão já teria sido cassada, a ViaBahia processada e o estado brasileiro indenizado em alguns bilhões de reais. Mas estamos no Brasil e acredite leitor: é a concessionária que tenta na Justiça – onde costuma ganhar todas – arrancar R$12 bilhões da “viúva”.
Só pode ser deboche.
BR-101
E a BR-101, ministro?
A rodovia tem início na cidade de Touros, no Rio Grande do Norte, e vai até São José do Norte, no Rio Grande do Sul. São 4.765 quilômetros de extensão. A 101 já foi totalmente duplicada em Pernambuco. Em Sergipe quase toda.
Na Bahia, a estrada foi entregue a Deus.
Em alguns trechos, entre Cruz das Almas e Santo Antônio de Jesus, por exemplo, a depender do dia, é impossível trafegar acima dos 60 Km por hora. Acidentes acontecem a todo momento.
Aí passa a Bahia, e como num passe de mágica, a BR-101 volta a ter vários outros trechos duplicados. É ou não é má vontade com a gente?
E as estradas do Oeste? Por lá, os produtores botam dinheiro do próprio bolso, fazem o papel do estado, e bancam a conservação e até a construção de novas rodovias. Eles vivem reclamando da BR-242.
A Bahia deveria ser prioridade da atual gestão do Ministério dos Transportes. Não é uma questão de privilégio e sim de reparação histórica.
Primeiro, porque ao longo dos anos, inclusive em outras gestões petistas, a Bahia foi esquecida, menosprezada, nesta área. Depois porque o estado é estratégico na logística rodoviária do país. Há ainda o fato de a Bahia ter sido fundamental na eleição do atual presidente.
Por fim – e o mais importante – porque as estradas federais têm tirado a vida de dezenas e dezenas de baianos todos os anos e alguém precisa começar a se importar com essa tragédia.
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