A Acelen – empresa constituída pelo Fundo Mudabala, de Abu Dhabi, para operar a Refinaria de Mataripe – está em busca de novos investimentos na área de energia. Ao mesmo tempo em que a empresa planeja investir ainda este ano R$1,1 bilhão em melhorias na estrutura operacional do complexo de refino, a companhia segue atenta a novas oportunidades na área energética, principalmente voltadas para a produção renovável.
“É um primeiro investimento do Mubadala e certamente não será o único. E não se formará apenas um portfólio baseado em combustíveis fósseis. Nosso plano é de utilizar o combustível fóssil para gerar caixa e impulsionar uma aceleração para investimntos em outras alternativas energéticas. Vamos esverdear nosso processo de produção”, disse Marcelo Lyra, vice-presidente de Relações Institucionais e Comunicação da Acelen, durante a 2ª Edição do Radar Bahia, nesta quarta-feira (27), no auditório da Fieb.
Lyra projetou um processo de grandes mudanças na estrutura de refino do Brasil, a partir da decisão da Petrobras de abrir mão de oito das suas 15 unidades no país. “O refino brasileiro está passando por uma transformação significativa porque irá passar para o controle de empresas privadas. Com esta mudança, vamos para um outro patamar”, apontou o executivo.
“Quando falamos em investimentos em energia, somos focados em produzir energia. Hoje, o nosso pilar é o combustível fóssil, mas estamos avaliando outras fontes, como as energias renováveis. Não dá para falar mais do que isso, mas espero falar de outros potenciais muito interessantes no sentido de esverderar a matriz energética na Bahia e no Brasil”, projetou.
Ele lembrou que a Landulpho Alves, hoje Refinaria de Mataripe, foi apenas a primeira a ser vendida pela Petrobras. O pagamento aconteceu em novembro do ano passado e a Acelen está há pouco mais de seis meses na operação. Até o início do próximo ano, a operação acontece ainda sob a supervisão da Petrobras. “Comprar uma refinaria é diferente de comprar um veículo. Num carro, os fundamentos são os mesmos. Entretanto, uma refinaria está mais para um carro de Fórmula 1 e a gente tem um longo processo até aprender a pilotar um carro desses”, explicou.
15% do mercado
Apesar do pouco tempo, a mudança de comando já surte efeitos. Com 15% de participação no mercado nacional, a empresa é responsável por metade do abastecimento do Nordeste. “Nós somos uma startup de 70 anos. A equipe de direção foi constituída para esta operação. Eu tenho um ano de Acelen e sou o funcionário número 8. Estamos construindo o nosso time”, afirmou.
Nos últimos seis meses, a empresa reconstruiu e modernizou a unidade 6, ampliando a capacidade de produzir gasolina. Na unidade de diesel, a produção do S10 foi ampliada em 20%, enquanto a de parafina dobrou. Outra novidade foi o início da produção de propano especial, que antes era importado e passou a ser fabricado no Brasil.
“A palavra é oportunidade, para fornecedores, trabalhadores, comunidade do entorno. Nosso negócio é a Refinaria de Mataripe. Oportunidades para os nossos clientes, com produtos especiais, como é o caso do propeno. Essa oportunidade ocorre aqui na Bahia”, destacou Lyra.
Empresa competitiva
Segundo Marcelo Lyra, o olhar da Acelen para novos investimentos é global, mas há um interesse em realizar investimentos na Bahia. Ele ainda explicou como se dá a formação de preços por parte das empresas. “O mercado de petróleo é global, não é local”, disse.
Apesar disso, defendeu, a Acelen é competitiva no mercado. “Nós saímos de uma produção de 205 mil barris/dia e já estamos processando 260 mil barris/dia. Portanto, estamos vendendo mais produtos. Ao olhar para todo o cenário e continuar aumentando a produção, significa que somos competitivos”, destacou. “Agora, uma coisa é o preço da refinaria, outra é o que se cobra nos postos. Tipicamente, apenas um terço dos preços vem da refinaria”, explicou.
Mediador do debate, o jornalista Geraldo Bastos, editor do BA de Valor, destacou a relevância da infraestrutura para o desenvolvimento do estado. “Como jornalista de economia, olhamos para esta área com muita atenção. Tem também um interesse fiscalizatório porque são projetos que demanda recursos muito alto, mas acima de tudo pela relevância que os projetos têm para a vida das pessoas”, explicou. “Contar essas histórias é sempre muito importante para a vida das pessoas”, disse. Ele lembrou ainda do importante papel da Acelen para a economia baiana. “A economia baiana vem registrando uma recuperação e quem puxa isso é a indústria do petróleo”.
*A segunda edição do Radar Bahia conta com o patrocínio do Banco do Nordeste (BNB), Bahiagás e Acelen e apoio institucional da Prefeitura de Salvador, Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb), Federação do Comércio do Estado da Bahia (Fecomércio), Federação da Agricultura e Pecuária da Bahia (Faeb), Daten Tecnologia, Let’s Go Bahia, Associação de Jovens Empreendedores da Bahia (AJE), Solutis, Grupo LemosPassos, Heineken, ACP Group, Kinvo, Z6 Náutica, Renova Soluções em Tecnologia, Shopping Bela Vista, Beetools, UniFTC, ITS Brasil, Business Bahia, Networking Bahia, Grupo Bons Negócios, Desenbahia, Abap-Ba, Home Design e Duplamente Pesquisa de Mercado.