Ao tomar posse nesta segunda-feira (19) à noite, em uma solenidade no Cerimonial Rainha Leonor, na Pupileira, o presidente reeleito da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado da Bahia (Faeb), Humberto Miranda, apontou os principais desafios do seu mandato e da necessidade de o sistema estar cada vez mais preparado para atender ao produtor rural. Segundo ele, que comandará a entidade até 2026, entre as suas metas estão a criação de mais quatro centros de capacitação rural e a ampliação do programa de assistência técnica. Durante o seu discurso, Miranda também listou os gargalos e os entraves que atrapalham o setor no estado, como a questão da segurança pública, da infraestrutura e da educação.
Em entrevista ao BAdeValor, Humberto Miranda informou que já está definida a implantação de centros de capacitação regional nos municípios de Itapetinga, Irecê e Miguel Calmon. “Estamos ainda em fase de prospecção da cidade onde será construída a quarta unidade”, disse o presidente da Faeb. Cada centro de capacitação conta com uma área de 650 metros quadrados e infraestrutura completa, com salas de aula modernas e climatizadas, salas administrativas, área de alimentação, biblioteca, banheiros e laboratórios, e representa um investimento médio da ordem de R$3 milhões.
“É preciso descentralizar cada vez mais os nossos serviços. A Bahia é muito grande o que exige que a gente modernize o nosso modelo de atendimento. O conceito é esse: criar centros regionais para estar mais perto dos produtores”, afirmou. Atualmente, o Sistema Faeb conta com centros de capacitação em Feira de Santana, Senhor do Bonfim, Gandu, Luís Eduardo Magalhães, Itamaraju e Juazeiro.
Em seu discurso, acompanhado por dezenas de produtores rurais de todas as regiões da Bahia e lideranças empresariais de diversos setores da economia, Humberto Miranda afirmou que os serviços do Sistema Faeb já chegam aos produtores dos 417 municípios do estado. Ele informou que a entidade conta hoje com 600 profissionais (agrônomos, veterinários, técnicos agrícolas, zootecnistas, dentre outros) que já atenderam cerca de 30 mil pequenos, médios e grandes produtores do estado. “Até junho do ano que vem serão pelo menos mil profissionais atuando na assistência técnica”, disse Miranda.
Gargalos
Em sua fala, o presidente da Faeb apontou alguns dos gargalos que afetam o setor. Ele apontou a violência no campo, a falta de infraestrutura para o escoamento da produção, a baixa oferta de internet na zona rural e a educação. “O investimento que é fundamental é na educação. Não podemos fazer um estado próspero e com menos desigualdade se não tivermos uma educação de qualidade. É um débito que este país tem com os produtores e trabalhadores rurais”, afirmou.
Ele defendeu uma educação mais contextualizada, que respeite as diversidades regionais. “É preciso ter uma educação contextualizada para o homem do campo. Não se concebe um modelo de educação uniforme. Um modelo que é aplicado em São Paulo não serve para uma criança que mora na zona rural de Miguel Calmon. Precisamos de uma educação inclusiva e que foque as potencialidades locais”.
Com relação ao próximo governo, Humberto Miranda disse que a principal reivindicação do setor é um diálogo permanente com o governo e a equipe de trabalho. “A nossa indústria é a céu aberto, ou seja, muda a todo momento. Precisamos participar ativamente da construção das políticas públicas. Não queremos ter uma gestão crítica e sim participativa. Queremos sim apontar os gargalos, mas principalmente discutir soluções, construir pontes para solucionar os problemas”, assinalou.
A chapa eleita para o quadriênio 2022/2026 tem como vice-presidente a produtora rural do Oeste baiano, Carminha Missio, citada pela revista Forbes como uma das mulheres mais influentes do agronegócio no Brasil. Além deles, também assinam o termo de posse os vice-presidentes Administrativo Financeiro e de Desenvolvimento Agropecuário, Guilherme Moura e Rui Dias, respectivamente.
A cerimônia de posse de Humberto Miranda reuniu representantes de várias entidades do setor produtivo, como o presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), João Martins da Silva Junior, que esteve no comando da Faeb por 18 anos, o presidente da Federação das Indústrias, Ricardo Alban, da Federação do Comércio, Kelsor Fernandes, dentre outros.