Após 16 anos de atuação na área de seguros e algumas mudanças de cidade, a publisher da revista Let’s Go Bahia, Verônica Villas Bôas caiu de paraquedas, ou melhor, chegou de montaria na capital mineira com a sua família. Lá, insatisfeita com o rumo profissional, resolveu reunir suas experiências e conhecimentos que adquiriu em cursos, como o de fotografia, e começou a sua promissora carreira na área de comunicação. Nesta quarta-feira (28) à noite, no restaurante Póstudo, no Rio Vermelho, ela reuniu amigos, anunciantes e empresários para comemorar cinco anos à frente da revista. Em entrevista ao BAdeValor, Verônica contou sua trajetória profissional e como transformou a revista Let’s Go em uma publicação de credibilidade e cobiçada pelos leitores.
BadeValor – Como e quando iniciou sua carreira na área de comunicação?
Verônica Villas Bôas – Minha carreira na área de comunicação começou de forma inusitada no ano de 2006, em Belo Horizonte. Após 16 anos como gerente regional de trade maketing de grandes seguradoras, como a Nacional Companha de Seguros, Unibanco Seguros e, por fim, HSBC Seguros. Em 2003 pedi demissão e fui morar em Curitiba em virtude da transferência do meu marido, que na época assumio a diretoria comercial Norte/Nordeste de uma grande seguradora do mercado de seguro garantia.
Nessa época, optei por ter meu segundo filho que, inclusive, nasceu em Curitiba, por isso, sai do mercado no qual atuava, pois na época tive dificuldade de me realocar dentro da companhia, em Curitiba. Resolvi aproveitar o tempo livre para me dedicar ao meu filho mais velho, que tinha três anos à época da mudança. Fiz alguns cursos que já tinha vontade e não tinha tempo, como o de fotografia. Nesta época, meu marido criava cavalos da raça Mangalarga Marchador e sugeriu que eu aprendesse a fotografar os animais que participavam de grandes concursos nacionais. Assim fiz, e com isso fui me tornando conhecida no meio dos maiores criadores do pais.
Após três anos em Curitiba, onde trabalhei na área comercial em outras atividades como medicina ortomolecular (já bastante disseminada na cidade naquela época), e depois no mercado imobiliário, em 2006, nos mudamos para Belo Horizonte e eu não estava feliz com minha vida profissional.Com a mudança para BH, tive a ideia de juntar toda a minha expertise e me candidatei para trabalhar numa revista especializada em cavalos, “TOADA”, a qual pertencia ao maior criador da raça Mangalarga Marchado do pais na época.
Foi uma experiência incrível, porque consegui reunir uma entrega bastante completa para meus anunciantes, uma vez que como mulher de criador, já conhecia bem sobre a raça, sabia fotografar os animais e tinha um excelente networking no meio. Como se diz na Bahia, nadei de braçada! Acabei ficando conhecida e recebi um convite para ir trabalhar numa grande editora local, Editora Encontro Importante, a qual detinha três títulos famosos na cidade: Revista Encontro e Revista Encontro Decor. Havia um terceiro título, Revista Encontro Rural, o qual não era muito trabalhando e resolvi me dedicar a ele em função de ter melhor networking no segmento. Como resultado dessa escolha, atirei no que vi e acertei no que não vi. A revista Encontro Rural era a menina dos olhos de um dos sócios da editora e, além disso, era a publicação na qual grandes empresários de Minas anunciavam seus hobbys, como suas criações de cavalos, gado Guzerá (bem famoso na época naquela região), entre outros.
Consegui levar os criadores de Mangalarga Marchador para a publicação, devido ao networking que tinha no segmento e, com isso, acabei virando a única executiva da revista que comercializava anúncios nos três títulos, pois boa parte dos meus anunciantes na Rural eram grandes empresários de outros segmentos e anunciavam comigo nos demais títulos. Fiquei com eles de 2006 a 2008 e praticamente tudo que sei e aprendi no mercado de revistas, aprendi com eles.
No final de 2008 fui pedir demissão pois estava voltando para Salvador, e não me deixaram sair da editora, confiando a mim a diretoria regional da Encontro Bahia, projeto antigo que alimentavam mas não tinham braço para operacionalizar. Antes mesmo de voltar para a Bahia, comecei a trabalhar no projeto e fizemos uma edição que foi um sucesso absoluto! Vim para Salvador, lançamos a revista e os sócios resolveram se estabelecer aqui com uma estrutura mais robusta, porém, no meio do caminho a sociedade deles se desfez e tiveram que interromper o projeto regional, razão pela qual, acabei aceitando o convite da Gazeta Mercantil, na qual fiquei por cerca de 90 dias até que eles fecharam a regional local. Nesse meio tempo, meu cunhado, que era muito amigo do Norberto Bustos (publisher da Revista Go Where – famosa publicação de São Paulo e que tem mais de 20 anos de mercado), comentou sobre mim com o Norberto que imediatamente pediu meu contato, pois alimentava um sonho antigo de fazer a Revista Go Where Bahia mas não tinha ninguém de sua confiança para compor a equipe.
Norberto me ligou, me colocou em contato com o diretor comercial com o qual já havia conversado sobre o projeto da Go Where Bahia e deu match! Fui parar na Go Where Bahia como gerente comercial, oportunidade na qual cuidei da formatação/adequação da tabela de preços deles, contratação e treinamento da equipe comercial e construção do mailing de distribuição.
BadeValor – E como foi a primeira edição?
Verônica Villas Bôas – O lançamento da primeira edição da Go Where Bahia foi um sucesso retumbante, pois naquela época, a Bahia queria e precisava de uma revista para chamar de sua e o mercado, por sua vez, já tinha o registro de uma boa experiência com a Revista Encontro, pela qual todos lamentaram quando o projeto parou.
Fiquei com eles até 2009 quando fui dispensada do projeto e eliminaram o cargo de gerente comercial. Uma parte da minha história que prefiro não comentar porque foi sofrido e triste. Eu amava aquele projeto e minha entrega foi total a ele, mas por uma dessas razoes que a gente nunca consegue compreender plenamente, acabei não ficando no projeto. Depois fui trabalhar numa grande agencia de publicidade da Bahia, a qual cuidava da captação de patrocínios do Carnaval de Salvador, que na época estava se profissionalizando por meio do Consorcio que foi criado com esse objetivo. Eu desenvolvia o trabalho de prospecção de grandes marcas e coordenava o atendimento dos patrocinadores do carnaval da nossa cidade. Foi uma experiência enriquecedora e bastante desafiadora, a qual aprendi muito sobre o mercado de publicidade local e a qual também me deu muita envergadura no networking dentro e fora do estado.
Após a passagem pelo Carnaval da cidade, voltei ao mercado editorial para então assumir a direção comercial da antiga Revista Diagnóstico. Foi também uma experiência incrível, na qual aprendi muito. Ali fortaleci muito meu networking no mercado de saúde e pude aprender com a gestão de uma revista de forma mais plena, visto que na Go Where não tinha muito envolvimento editorial. Passei alguns anos com eles até retornar para reassumir a Let’s Go Bahia em 2017.
A Let’s Go Bahia é a antiga Go Where Bahia, a qual mudou de nome quando seu sócio majoritário (Norberto Bustos) saiu do projeto em 2010. Minha volta para a Let’s Go em 2017 aconteceu nove anos depois de ter saído da antiga Go Where. A partir daí, boa parte das pessoas já conhece minha história e a da nova Let’s Go, a qual se tornou um imenso desafio para mim, pois vim com a missão de reposicioná-la.
BV – Quais foram os desafios para reposicionar a revista?
Verônica Villas Bôas – Meu maior desafio foi, sem dúvida, reassumir a Let’s Go, em 2017, pois quando sai em 2009, a revista era sucesso absoluto de vendas e não saia com menos de 268 páginas. Mas na volta, encontrei a revista com 34 páginas e lombada grampeada. O projeto gráfico em nada se parecia com o anterior que contava com a lombada quadrada e uma diagramação impecável. O conteúdo não estava de acordo com o que tinha deixado e a revista estava enfraquecida, não só pelas mudanças de mercado, com a chegada das mídias digitais mas, sobretudo, pela condução equivocada que receberam ao longo dos anos, na qual se comercializava tudo, inclusive matérias.
A ousadia e raça de mudar seu editorial, não vender conteúdo e trazer quase que imediatamente a revista de volta ao cenário publicitário do estado como uma referência de credibilidade e posicionamento foi algo que me exigiu muita coragem e dedicação. Mas contei com preciosos apoios. Na época em que assumi, foi muito gratificante ver os clientes acreditando no que eu me propunha a fazer e voltando um a um a cada investida minha. Mas eu precisava de alguém para me ajudar a dar credibilidade rapidamente a revista sob o pronto de vista editorial, pois o mercado me conhecia como comercial, e não pelo meu trabalho como publisher de uma publicação.
Fui em busca de apoio de uma antiga colega de escola e amiga pessoal, Monique Melo, que ficou comigo, inclusive como sócia, por um período estratégico. Até que em 2018 assumi a revista em uma outra conformação societária. Todo esse caminho até os tempos atuais foram muito desafiadores. Peguei a revista muito descredibilizada e um mercado muito voltado ao digital. Mas com estratégias muitos claras, hoje, a Let’s Go Bahia ocupa um espaço que é só dela como referência em publicação impressa no nosso estado. Somos uma revista de conteúdo! Essa foi a grande virada. Trouxemos nomes de respeito e credibilidade para assinar nossas colunas, artigos e matérias. Convidamos pessoas renomadas como fontes das nossas pautas e acima de tudo, não vendemos matérias, informes publicitários ou pube editoriais. Todo nosso conteúdo é espontâneo e orgânico. O nosso público não lê conteúdo pago.
Em 2020, logo no começo da pandemia, soltamos um projeto especial que tinha como objetivo, consolidar a Let’s Go como uma referência em business na Bahia. Foi um sucesso! O especial Business alçou a Let’s Go Bahia a um patamar que hoje nos diferencia muito dos demais veículos no mercado local. Para isso, muita estratégia foi colocada em pratica! Desde que retornei para a revista fiz dela Media Partner de entidades importantes e relevantes no mercado local. Um grande exemplo disso é o Grupo Business Bahia que tem participação especial nesse posicionamento, pois através dele, e por fazer parte do grupo, pude fortalecer ainda mais meu networking empresarial, mas sobretudo, pude compreender mais amplamente e com maior exatidão o que faz a diferença para esse perfil de público, com os assuntos que lhes interessa. Isto fez com que grandes empresários dessem valor à revista e, de fato, parassem para ler um exemplar. Essa estratégia, esse networking e a qualidade do material que colocamos no mercado tem feito da Let’s Go essa referência de revista impressa que ela virou. Sou muito feliz por ter tido a coragem de assumir esse desafio.
BV – Qual a importância regional do veículo?
Verônica Villas Bôas – Acredito que, atualmente, a Let’s Go Bahia seja a única revista que de fato represente nosso estado como veículo revista impressa, devido a relevância das nossas pautas, nossos acessos e pelo mailing de distribuição com o qual trabalhamos. Hoje, ser pauta da Let’s Go Bahia, anunciar na Let’s Go Bahia é sinônimo de credibilidade e de reputação. Nossa revista virou uma grife e tem uma marca que de fato agrega valor.
BV – Tem projetos de expansão para os próximos anos? Quais?
Verônica Villas Bôas – A revista está no que chamamos de voo de cruzeiro, no que diz respeito a parte impressa. Temos obviamente alguns projetos que já estavam planejados antes das pandemia e os quais estão sedo retomados aos poucos. No braço de eventos, o Clube do vinho Let’s Go, O Let’s Go Networking Experience e o Lets Go Talk, que são alguns dos projetos que pretendemos colocar no ar em breve. Na versão impressa, a ideia é retomar os projetos especiais, a exemplo do Especial Business, Especial saúde, que fizemos recentemente e alguns outros que já estão no forno.
BV – O mercado baiano é desafiador nesse segmento?
Verônica Villas Bôas – Atuar no mercado publicitário, em um veículo impresso já é um desafio por si só. O mercado tem uma tendência de agir através do efeito manada. Mostrar ao mercado que há espaço para o digital e para o impresso ao mesmo tempo é bastante desafiador. Logo que começou a pandemia, fiz uma pesquisa de mercado para avaliar a digitalização de 100% da revista e abrir mão da versão impressa. A grande surpresa foi que nosso leitor não abre mão da versão impressa, por isso, a Let’s Go trabalha com o digital de forma associada, como apoio, e isso tem funcionado divinamente. Todos os nossos anunciantes recebem bônus nos canais digitais da revista e estamos fazendo um trabalho muito consistente nos braços digitais, como site e Instagram, por exemplo.
Nosso Instagram tem cerca de 70 mil seguidores e uma média de mil curtidas, trabalhadas de forma orgânica e com uma assertividade bastante interessante. A Let’s Go tem um fator de segmentação socioeconômico, porém, sob o ponto de vista editorial, giramos 360 graus, e isso faz uma diferença enorme no nosso alcance e reverberação. Essa formula tem dado muito certo e nosso índice de renovação de contratos e fidelização são impressionantes.
BV – Mesmo com todo talento e olho clínico, tem alguém em quem se inspire?
Verônica Villas Bôas – Tenho várias pessoas (risos). Na área de comunicação, Monique Melo, sócia da Texto & Cia Comunicação Integrada. Ela é uma referência em credibilidade, reputação e sucesso e tem mais de 25 anos de mercado. É uma mulher hoje, mas quando começou era uma menina. Tem Carlos Falcão, personagem da nossa capa mais recente, que é um cara com uma referência de liderança para o mercado e para mim também! Outra pessoas é Mariana Lisboa, que preside a Abaf e é líder global de relações institucionais da Suzano. Ela é uma advogada com uma trajetória linda e uma referência. Eduardo Mariano, CEO da Zoon Imagem também é um cara que me inspira demais, ele é ousado, corajoso e competente naquilo que faz. Humberto Cardoso, franqueado da Eletromídia na Bahia, que tem uma trajetória incrível e uma pessoa de caráter e postura que admiro demais. Priscila Wiederkehr, CEO da Vitalmed. Acho ela uma mulher incrível, retada, inserida no mundo corporativo e com uma firmeza e postura que impõe respeito e credibilidade no que faz.