O mercado de seguros vive um momento de forte expansão na Bahia. Apenas para se ter uma ideia, a receita do setor no estado atingiu, de janeiro a agosto deste ano, R$7.702,3 bilhões, o que representa uma alta de 28,3% na comparação com igual período de 2021 – bem acima da média nacional, que foi de 17,3%. Se há 15 anos o setor respondia por apenas 1,6% do Produto Interno Bruto (PIB) baiano, em 2019, alcançou a marca de 2,8%. Os dados foram apresentados nesta terça-feira (25), em Salvador, pelo presidente da Confederação Nacional das Seguradoras (CNSeg), Dyogo Oliveira, durante encontro com jornalistas da Bahia, Sergipe e Tocantins.
A expansão do setor, em todo o país, tem sido motivada, dentre outras coisas, pela retomada da economia, após a pandemia de covid-19, e porque o brasileiro está descobrindo que esse mercado vai muito além do seguro de veículos. Em outras palavras: as 161 seguradoras brasileiras têm investido cada vez mais na oferta de produtos personalizáveis e a preços acessíveis. “O crescimento da indústria de seguros tem sido contínuo em todos os estados do país”, disse Dyogo Oliveira, que foi ministro do Planejamento no governo de Michel Temer.
De acordo com os dados da CNSeg, nos oito primeiros meses do ano, o destaques do setor na Bahia foram os segmentos de danos e responsabilidades (sem Dpvat), que cresceu 40,2% e atingiu uma receita de R$ 1,981 bilhão, automóvel (alta de 38,4%) e cobertura de pessoas (24,7%). Com a retomada do turismo, o seguro viagem avançou 738,7%. O segmento de capitalização, que terminou 2021 com leve expansão, voltou a crescer forte em 2022, avançando 23,1% (R$570,7 milhões).
“As indenizações também têm crescido. Na Bahia, o volume de indenizações, até agosto, aumentou quase 93%. Já foram pagos mais de R$3 bilhões no estado”, informou o presidente da CNSeg. As indenizações do seguro automóvel tiveram um aumento de 243,2% no acumulado até agosto ante igual período de 2021. Já os seguros de danos e responsabilidades pagaram R$2,159 bilhões, uma alta de 189,6%.
O mercado de seguros no Brasil registrou, entre julho do ano passado até junho deste ano, uma arrecadação de R$583,7 bilhões, o que representa um crescimento de 9,3% em relação a igual período anterior (julho de 2020 e junho de 2021). Já as indenizações, benefícios, resgates e sorteios somaram, nesta mesma base de comparação, R$432,3 bilhões, crescimento de 21,2%. A atividade emprega 253 mil pessoas. São 161 seguradoras autorizadas a atuar, 1.161 operadoras de planos de saúde, 16 sociedades de capitalização e 146 empresas de resseguros.
“É uma indústria muito sofisticada, com uma quantidade muito grande de produtos”, disse Dyogo Oliveira, ressaltando, no entanto, que o índice de cobertura ainda é muito baixo no Brasil. Hoje, apenas 30% da frota nacional de veículos é segurada. No caso dos domicílios, só 14% contam com seguro residencial. “Realmente a gente precisa levar para as pessoas a importância de ter um seguro”, afirmou.
Open Insurance
Acompanhado por Alessandro Barbosa, presidente do Sindicato das Seguradoras na Bahia, Sergipe e Tocantins (SindSeg), Dyogo Oliveira afirmou durante a sua apresentação que o setor de seguros passa hoje por um “amplo” processo de digitalização. O grande “divisor de águas” deste mercado, disse Oliveira, é o Open Insurance – um ecossistema que permitirá aos consumidores o compartilhamento de informações e dados a respeito de produtos e serviços de seguros, previdência e capitalização, entre empresas do sistema de seguros e diferentes empresas autorizadas e credenciadas pela Susep (Superintendência de Seguros Privados) para oferecer o serviço de agregação de dados e representação do cliente.
“Esse ecossistema ampliará a competitividade no setor”, afirmou o executivo. Entre as soluções que serão desenvolvidas no ambiente Open figuram instrumentos para comparar coberturas, serviços, aplicativos para planejamento securitário e ofertas de produtos de seguros, previdência complementar aberta e títulos de capitalização.
Competição desleal
Aos jornalistas, o presidente da CNSeg disse ainda que um dos maiores problemas enfrentados hoje pelo setor é a competição “desleal” com o segmento de proteção veicular. “Proteção veicular não é seguro. As empresas que oferecem este produto não têm reserva técnica, ou seja, não têm recursos financeiros para honrar seus compromissos, não oferecem garantia e não são submetidas ao Código de Defesa do Consumidor”, disse, informando ainda o segmento acumula, desde 2015, 353 ações civis públicas movidas pela Susep, órgão responsável pelo controle e fiscalização do mercado de seguros.
Ao recorrer a uma associação que oferece a proteção veicular, o consumidor ainda está sujeito ao risco de dano ou perda do seu bem. Elas [associações] não explicam para a pessoa que ela está sendo convidada a se associar e compartilhar o risco e os eventuais prejuízos daquela associação”, completou Alessandro Barbosa. Mas o prejuízo não é só do proprietário do veículo. A CNSeg estima uma perda fiscal de R$1,2 bilhão por ano.
NÚMEROS DO SETOR DE SEGUROS
- 49 milhões de beneficiários em assistência médica
- 11 milhões de residências seguradas
- 14 milhões de hectares com seguro rural
- 18 milhões de planos de previdência coletivos e individuais
- Mais de 29 milhões de beneficiários em planos odontológicos
- 19,7 milhões de veículos segurados
- 3,5 bilhões de títulos de capitalização