A fase de grupos da Copa do Nordeste começa no próximo final de semana. Além de mexer com a paixão de milhões de torcedores e representar uma importante fonte de receita para Vitória, Bahia, Fortaleza, Ceará, Sport, dentre outros times, a competição deste ano também é especial para uma empresa: a Penalty. Numa jogada de craque, a fabricante de material esportivo do Grupo Cambuci desbancou a rival Topper e está de volta aos gramados da região. Pelos próximos quatros anos será a marca que fornecerá a bola oficial do campeonato – batizada de Asa Branca – e os materiais esportivos dos juízes. E tem mais: se o novo ano começou com um golaço, 2022 foi também marcado por lances excepcionais da empresa: a receita da companhia praticamente dobrou, o número de funcionários em suas três fábricas cresceu forte e a base de clientes deu salto.
“Deslanchamos em 2022. Foi um ano fantástico, atingimos um crescimento da ordem de 85%, contratamos cerca de 1.500 novos colaboradores e ocupamos bem os espaços. Ampliamos a distribuição, começamos a vender com uma frequência muito mais curta, ou seja, um cliente que comprava de três em três meses passou a comprar mensalmente. Quem comprava todo o mês, passou a comprar de 15 em 15 dias”, revelou Roberto Estefano, fundador e presidente do Conselho de Administração do Grupo Cambuci, durante entrevista exclusiva ao BADEVALOR.
Para este ano, a empresa projeta um crescimento – digamos – um pouco mais modesto, entre 10% a 15%. “A gente continua fazendo apostas mercadológicas corretas, como o patrocínio da Copa do Nordeste. É uma competição muito bem organizada, divulgada, todo mundo acompanha. Estamos muito contentes. Criamos uma bola específica para o campeonato, linda, sustentável e tecnológica”, afirmou o executivo, informando ainda que o contrato do grupo com Liga de Futebol do Nordeste prevê ainda uma série de ações de marketing e comunicação.
A bola da Copa do Nordeste é produzida na fábrica da Penalty em Itabuna, no sul da Bahia. Na vizinha Itajuípe ficam a fábrica de confecções e meias e o centro de distribuição. O grupo tem uma outra unidade no município paraibano de Bayeux onde produz calçados e caneleiras. Juntas, as unidades empregam hoje 2.800 pessoas. No ano passado, os investimentos chegaram a R$25milhões.
“Os investimentos este ano serão bem menores e serão focados em manutenção e pequenos ajustes. A não ser que haja a necessidade de montar uma fábrica nova o que não está descartada”, diz Estefano. O grupo observa com atenção o cenário econômico do país e aguarda as medidas do novo governo e como o mercado irá reagir para então tomar uma decisão, o que deve ocorrer até o final deste trimestre. Hoje, as unidades de Itabuna e Bayeux trabalham em capacidade plena e não há espaço para novas expansões. Durante a pandemia, chegaram a operar em três turnos.
Liderança
A Penalty se posiciona no segmento “pé com bola” (futebol, futsal e society) e bola para prática esportiva. É líder nacional neste segmento com 45% de participação. Detalhe: em todo o mundo, existem apenas três marcas que produzem as suas bolas: a própria Penalty e as japonesas Mikasa e a Molten. “Todas as outras marcas, como Nike e Adidas, não produzem. Elas só colocam as suas marcas em bolas que são fabricadas na Ásia, China e Paquistão”, diz Roberto Estefano. Já no setor de calçados para a prática de futebol o market share é de 16%. Além da Penalty, o Grupo Cambuci detém também a marca Stadium, focada em produtos para outros esportes.
Assim como boa parte das empresas brasileiras, a companhia sofreu com a pandemia de covid-19. No pico da crise sanitária, com as quadras, clubes e escolas fechados, as vendas de bolas (futsal, society, futebol de campo, basquete e vôlei) murcharam. A companhia aproveitou o momento ruim para fazer ajustes internos e recalibrar sua prateleira de produtos.
“Ficamos um ano praticamente parados, as fábricas ficaram fechadas durante três meses. Então fizemos uma série de ajustes internos, reestruturamos toda a linha de matéria-prima, desenvolvemos novos materiais junto com fornecedores, reanalisamos a nossa linha, cortamos produtos que tinham baixo giro e desenvolvemos novos produtos. Na segunda metade de 2021 começamos a respirar”, lembra Estefano.
A estratégia funcionou e o salto nos negócios ocorreu já no ano passado. Os números provam a recuperação: a Cambuci fechou o terceiro trimestre de 2022 com uma receita líquida de R$131,2 milhões, num avanço de 94,1% na comparação com o mesmo período de 2021. O resultado é o maior da história da companhia em um trimestre. O lucro mais que dobrou, saltando de R$10,5 milhões para R$21,3 milhões.
Oportunidades
Para Estefano, a pandemia gerou novas oportunidades para o Brasil e é preciso estabilidade política e econômica para aproveitar o momento. “A crise provocada pela pandemia desajustou o sistema de abastecimento. O mundo dos negócios começou a ser redesenhado onde a tônica passou a ser a busca por fornecedores de matérias-primas e de produtos acabados mais próximos do consumo. E o Brasil é uma clara opção. Hoje, eu consigo atender os meus clientes na América do Sul em 30 ou 45 dias, no máximo. Na China você é obrigado a fazer programações com oito, até nove meses de antecedência”, contou o executivo, acrescentando ainda que o Brasil está cada vez competitivo.
“Dá para produzir aqui, tranquilamente, com custos competitivos comparados à Ásia”, afirmou. Roberto Estefano lembra que houve um encarecimento da mão de obra chinesa nos últimos anos. Hoje, o salário na China está na faixa de US$400 a USS600 a depender da região e do tipo de indústria ou até mais. “Então a mão de obra já não é um diferencial. O Brasil tem um custo de mão de obra compatível”, afirma ele.
No segmento específico de material esportivo, na parte de calçados, conta Estefano, a Nike e a Adidas, por exemplo, já compram mais de metade de seus produtos no Brasil. “Não compensa fabricar aqui os calçados mais tecnológicos porque o volume de vendas é menor e o custo do investimento em ferramentais é muito grande. A tendência então é uma produção local de tudo que é de média tecnologia para baixo e de alta tecnologia lá fora. O Brasil vai ser ainda mais competitivo se tiver uma reforma tributária”, afirma.
A Bola da Copa do Nordeste
A Penalty apostou num design exclusivo e sustentável para a bola oficial da competição. Além disso, em 2023, a Asa Branca terá um outro diferencial: ela será, pela primeira vez, a bola mais sustentável do mundo aprovada com certificação máxima da Fifa. Isso porque, o modelo escolhido para ser a bola oficial do torneio é a S11 Ecoknit.
A S11 Ecoknit, que dará vida à Asa Branca, é revestida por tecido ecológico obtido a partir da reciclagem de garrafas PET ― cada unidade produzida retira do meio ambiente 4,5 garrafas ―, a bola apresenta uma gravação em sua superfície, que proporciona uma melhor aerodinâmica durante o voo. Internamente, o produto é composto por uma câmara 6D, que proporciona equilíbrio total ao item, além de possuir uma camada de Neotec, que o torna menos contundente sem perder elasticidade. Para a união dos 14 gomos com a estrutura interna, a Penalty utiliza a exclusiva tecnologia Termotec, de termo fusão, que garante 0% absorção de água e mantém as propriedades de peso e velocidade da bola mesmo em condições de chuva forte.
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