No 3º trimestre de 2023, a taxa de desemprego na Bahia foi de 13,3%. Praticamente não houve mudança em relação ao trimestre anterior, quando o indicador havia ficado em 13,4%. Com isso, o estado voltou a ter a taxa de desocupação mais alta do país. Ainda assim, foi a menor para um 3º trimestre em oito anos, desde 2015, quando havia ficado em 13%. Os dados são do IBGE.
A taxa de desocupação na Bahia seguiu bem acima da nacional (7,7% no 3º trimestre) e equivalendo a quase seis vezes a menor, registrada em Rondônia (2,3%).
O município de Salvador manteve, no 3º trimestre, uma taxa de desocupação maior do que a do estado como um todo (15,1%), mas que mostrou uma tendência de queda mais significativa frente ao trimestre anterior (quando havia sido de 16,0%). A taxa de desocupação na cidade foi igual à verificada antes da pandemia, no 3º trimestre de 2019, e a menor, para o período, desde 2017 (14,3%).
Apesar do recuo, no 3º trimestre Salvador também voltou a ter a maior taxa desocupação entre as capitais brasileiras. Na Região Metropolitana de Salvador (RMS, que inclui a capital e outros 12 municípios), por sua vez, a taxa de desocupação continuou maior do que na Bahia e na capital: 16,5% no 3º trimestre, praticamente a mesma do 2º trimestre.
Foi a menor para um 3º trimestre em nove anos, desde 2014, quando havia ficado em 13,7%, e se sustentou como a segunda maior entre as regiões metropolitanas pesquisadas em todo o Brasil, só discretamente abaixo da RM Recife (16,6%).
No 3º tri, na Bahia, ocupação cresceu (+1,8%, com +106 mil trabalhadores), mas não o suficiente para reduzir nº de desempregados (+1,2% ou + 11 mil)
A estabilidade da taxa de desocupação na Bahia, entre o 2º e o 3º trimestres, se deu porque, embora tenha aumentado o número de pessoas ocupadas, a oferta de trabalho não foi suficiente para atender à demanda, e o total de desocupados, ou seja, pessoas que procuravam trabalho sem encontrar, voltou a crescer.
Entre julho e setembro, o número de pessoas trabalhando (ou população ocupada) no estado seguiu em alta e passou de 6,032 milhões para 6,138 milhões, frente ao trimestre anterior (+1,8% ou mais 106 mil trabalhadores no período).
Foi o segundo avanço consecutivo, que levou o total de pessoas ocupadas na Bahia a atingir seu maior patamar para um 3º trimestre em nove anos (desde 2014, quando havia 6,327 milhões de trabalhadores no estado).
Apesar disso, o número de pessoas desocupadas (que não estavam trabalhando, procuraram trabalho e poderiam ter assumido caso tivessem encontrado) voltou crescer, do 2º para o 3º trimestre, de 932 mil a 943 mil (+1,2% ou mais 11 mil desocupados) – após ter recuado entre o 1º e o 2º trimestres.
Ainda assim, a população desocupada na Bahia foi a menor para um 3º trimestre em nove anos (desde 2014, quando havia 691 mil pessoas procurando trabalho no estado do ), igualando-se à do 3º trimestre de 2015.
O aumento da procura por trabalho, e da demanda não atendida, tem relação com a manutenção de uma discreta redução na população fora da força de trabalho (que por algum motivo não estava trabalhando nem procurou trabalho), de 5,166 milhões para 5,112 milhões de pessoas (-1,0%, ou menos 54 mil pessoas). Esse movimento indica um aumento da entrada de pessoas na força de trabalho, procurando uma ocupação, parte das quais não conseguiu encontrar.
Mesmo com a redução do total de população fora da força de trabalho, o subgrupo dos desalentados voltou a crescer, na Bahia, passando de 510 mil para 576 mil pessoas, do 2º para o 3º trimestre (+12,6% ou mais 64 mil pessoas). O aumento ocorreu após esse contingente ter recuado na passagem do 1º para o 2º trimestre. Frente ao 3º trimestre de 2022, quando somavam 602 mil, os desalentados seguiram em queda (-4,5%, ou menos 27 mil em um ano).
Desalento
A Bahia segue com o maior número absoluto de pessoas desalentadas do país, posto que detém ao longo de toda a série da PNAD Contínua, desde 2012.
No 3º trimestre de 2023, no Brasil, havia 3,504 milhões de pessoas desalentadas, número que caiu tanto frente ao 2º trimestre (-4,6% ou menos 168 mil pessoas) quanto frente ao 3º trimestre do ano passado (-17,7% ou menos 755 mil pessoas).
A população desalentada é aquela que está fora da força de trabalho por uma das seguintes razões: não conseguia trabalho, ou não tinha experiência, ou era muito jovem, ou idosa, ou não encontrou trabalho na localidade. Entretanto, se tivesse conseguido trabalho, estaria disponível para assumir a vaga.
No 3º trimestre, no município de Salvador, havia 1,369 milhão de pessoas trabalhando, 21 mil a mais (+1,6%) do que o 1,348 milhão do trimestre anterior. Por outro lado, 244 mil pessoas estavam desocupadas, 13 mil a menos (-5,1%) do que as 257 mil do trimestre anterior.
A capital, diferentemente do estado e da região metropolitana, viu o número de pessoas desempregadas cair entre o 2º e o 3º trimestre, o que influenciou também numa redução mais expressiva da taxa de desocupaçãono período.
Considerando toda a região metropolitana de Salvador, 1,810 milhão de pessoas trabalhavam no 3º trimestre, 22 mil a mais (+1,2%) do que no 2º tri (quando havia 1,788 milhão de ocupados). Por sua vez, 357 mil pessoas estavam procurando trabalho, 1.000 a mais (+0,3%) do que no trimestre anterior.
Frente ao 3º trimestre de 2022, tanto na capital quanto na RMS, houve aumento no número de pessoas trabalhando e diminuição do contingente de desempregados, sinalizando uma melhoria do mercado de trabalho frente ao ano passado.
Aumento do total de trabalhadores
O crescimento da população ocupada do 2º para o 3º trimestre de 2023, na Bahia, foi puxado com mais força pelo aumento no número de empregadores com registro no CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica) e trabalhadores do setor público.
No 3º trimestre, os empregadores (aqueles que, no seu trabalho, empregavam ao menos uma pessoa) com CNPJ (formais) somavam 157 mil pessoas na Bahia, um contingente 18,4% maior do que no trimestre anterior, o que significou mais 36 mil pessoas nessa posição, em três meses.
Já os empregados do setor público chegaram a 866 mil, 3,8% ou 32 mil a mais do que no 2º trimestre e o maior número de trabalhadores nessa condição de ocupação, na Bahia, em todos os 11 anos de série histórica da PNAD Contínua, iniciada em 2012.
Ainda entre as ocupações formalizadas, também cresceram, mas em menor intensidade, os totais de empregados no setor privado com carteira assinada (+1,2%, ou +19 mil, chegando a 1,624 milhão de pessoas) e de trabalhadores domésticos com carteira (+27,5% ou +14 mil, chegando a 65 mil pessoas).
Com o aumento numérico das ocupações formais acima do registrado pelas informais, a taxa de informalidade (percentual de trabalhadores informais no total de pessoas ocupadas) teve um segundo arrefecimento seguido, na Bahia, ficando em 52,1% no 3º trimestre, frente a 52,7% no 2º trimestre.
Excetuando-se o registrado em 2020, ano mais marcado pela pandemia, foi a menor taxa de informalidade no estado, para um 3º trimestre, nos sete anos de série histórica desse indicador, iniciada em 2016.
A taxa representava 3,195 milhões de pessoas trabalhando como informais no estado, entre julho e setembro. O número absoluto teve uma discreta alta (+0,6%) frente ao trimestre anterior, quando era de 3,176 milhões.
Atividades
Na passagem do 2º para o 3º trimestre de 2023, o número de pessoas trabalhando cresceu em 6 dos 10 grupamentos de atividade investigados na Bahia.
O maior aumento absoluto foi verificado em administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (+93 mil pessoas ocupadas no período). Em seguida veio a atividade de transporte, armazenagem e correio (+36 mil trabalhadores).
Por outro lado, dentre os segmentos com redução no número de trabalhadores, houve importante concentração de perdas na construção (-53 mil ocupados), seguida por informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas (-23 mil trabalhadores entre o 2º e o 3º trimestre).
Na comparação com o 3º trimestre de 2022, o número de trabalhadores também aumentou em 6 das 10 atividades, lideradas mais uma vez pela administração pública (+62 mil pessoas ocupadas), seguida pelo comércio (+40 mil).No outro extremo, em um ano, a construção também teve o saldo mais negativo (-32 mil trabalhadores). Em seguida, vieram os outros serviços (-25 mil trabalhadores entre os 3ºs trimestres de 2022 e 2023).
Rendimento
No 3º trimestre de 2023, o rendimento médio real (descontados os efeitos da inflação) mensal habitualmente recebido por todos os trabalhos na Bahia foi R$ 1.939. Ficou 5,2% acima do verificado no 2º trimestre, quando havia sido de R$ 1.843, e aumentou também (+7,4%) frente ao 3º trimestre de 2022 (R$ 1.805).
Com isso, deixou de ser o menor do país, ultrapassando Maranhão (R$ 1.820) e Ceará (R$ 1.927) e ficando como o 3º valor mais baixo, entre as 27 unidades da Federação, que são lideradas por Distrito Federal (R$ 4.926).
No 3º trimestre, o rendimento médio real mensal habitualmente recebido no trabalho também aumentou no município de Salvador e na região metropolitana da capital, tanto frente ao trimestre anterior quanto frente ao mesmo período de 2022.