Na semana passada, o Federal Reserve (Fed) dos Estados Unidos realizou a sua primeira reunião durante o novo mandato presidencial de Donald Trump, no qual optou por manter a taxa básica de juros inalterada, entre 4,25% e 4,50% ao ano, adotando uma postura cautelosa diante das incertezas econômicas atuais.
O dólar vinha em queda já tinha alguns dias até a “super-quarta”, em um momento em que investidores de todo o mundo estão ansiosamente aguardando pelos próximos passos de Trump na Casa Branca, a decisão do Fed reflete a necessidade de avaliar com mais clareza os impactos das políticas fiscais e tarifárias na inflação e no mercado de trabalho.
Jerome Powell, presidente do Fed, destacou durante sua tradicional coletiva de imprensa pós-decisão do FOMC que novos ajustes na política monetária dependerão da evolução dos indicadores econômicos, enquanto críticas surgiram de alguns setores, incluindo o presidente Donald Trump, que defende uma abordagem mais agressiva no combate à inflação, como visto de maneira bem clara durante suas falas no Fórum Econômico Mundial, em Davos, no dia 23.
O atual governo americano ainda é novo, porém, mesmo em apenas três semanas oficialmente no poder, o impacto de Trump e sua equipe não somente nos EUA, como no mundo em sua totalidade, é perceptível. A política internacional do país é um ponto importantíssimo para se atentar daqui para frente, visto que ela já está mudando drasticamente, a cada dia que se passa, como já vimos com a saída dos EUA da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Acordo de Paris, e agora, mais recentemente, a imposição das taxas de 25% para importações do México e do Canadá. Até mesmo a União Europeia, aliada comercial de longuíssima data dos EUA, está na mira do “tarifaço” do 47° chefe do executivo americano.
Tudo isso impacta diretamente no comportamento do mercado e de investidores que, se há algo que esses primeiros dias de Trump nos mostraram, é de que, pelo menos por ora, estamos passando por uma montanha-russa e tanto no âmbito da economia global. Qualquer coisa pode acontecer e isso é o que mais tem potencial de volatizar o mercado.
Impacto no mercado americano
Apesar das muitas declarações e mudanças impostas rapidamente por Trump recentemente, a decisão do Fed transmite um sinal de estabilidade para os mercados, mas também mantém a incerteza sobre os próximos passos da economia americana. Sem uma redução das taxas no curto prazo, os custos de financiamento permanecem elevados, o que pode moderar o ritmo de crescimento econômico. Ainda assim, a postura prudente do banco central visa evitar riscos inflacionários e preservar a confiança dos investidores.
Impacto no mercado brasileiro
Para o Brasil, a manutenção dos juros nos EUA pode favorecer o fluxo de capitais para mercados emergentes, tornando ativos brasileiros mais atrativos para investidores estrangeiros em busca de melhores retornos. No entanto, a dinâmica local também influencia esse cenário: com a taxa Selic recentemente elevada para 13,25%, o Banco Central brasileiro adota uma política mais rígida para conter a inflação. Essa combinação de fatores pode fortalecer o real e impulsionar determinados setores da economia, mas exige atenção às condições globais.
De maneira geral, a decisão do Fed reflete um momento de prudência e avaliação, com impactos que serão sentidos tanto nos mercados internacionais quanto na economia brasileira. A estabilidade dos juros nos EUA pode abrir oportunidades para investimentos no Brasil, mas a trajetória futura dependerá do equilíbrio entre crescimento, inflação e política monetária em ambos os países.
Devemos ficar atentos aos próximos capítulos pois, afinal, este é apenas o começo de longos 4 anos que se encontram pela frente que, certamente, chacoalharão toda a comunidade internacional e possivelmente de maneiras que, no ponto em que estamos, ainda é muito difícil antecipar o que aguardar exatamente.
Sobre Fabiana Guerra
Fabiana Guerra é Sócia-Fundadora & Líder de Mobilidade Global da Astra Global Advisors. Advogada e contadora especializada em mobilidade global, internacionalização de carreiras e de negócios, acumula passagens por grandes corporações como PwC, Procter & Gamble, C&A Modas, LATAM Airlines e Grupo Coca-Cola. Entre seus clientes figuram Alpargatas, Santher, Beige Corporation, Wyda Embalagens, Haras Portofino, CSU Digital, SpeedAgro e Senna Brands, além de family offices, executivos e investidores individuais.