Engana-se quem pensa que a Bahia vive apenas de carnaval. Além da cultura e turismo – setores fortes, mas que sofreram grandes perdas com a pandemia e a falta de investimento público – a agropecuária baiana dá passos largos e segura o PIB na corda bamba. De 2019 para 2020, em Salvador, só a agropecuária teve alta nominal de 24,6%, mas a atividade representa apenas 0,11% do valor gerado na capital. Em alta mesmo está o município de São Desidério, que ganhou participação no PIB nacional puxado pela elevação dos preços internacionais das commodities agrícolas, sobretudo a soja e o algodão.
Esses dados sobre o PIB municipal de 2019 e 2020 foram divulgado na manhã desta sexta-feira (16) pela Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI) e pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em videoconferência acompanhada pela equipe do BadeValor. Na ocasião, o coordenador de Contas Regionais da SEI, João Paulo Caetano, disse que o grande destaque do período foi a agropecuária que, inclusive, tem beneficiado os municípios de Simões Filho e Candeias, que são mais reconhecidos pela indústria.
“Muitas transformações estão ocorrendo, especialmente no setor industrial e na agropecuária. Municípios pequenos ganharam destaque. As principais alterações, entre 2019 e 2020, foram a entrada de Candeias na última posição do top-10, com um PIB de R$ 4,921 bilhões (era o 13o do estado, em 2019), e a saída de Juazeiro (PIB de R$ 4,389 bilhões), que caiu da 10a para a 14a posição”, destaca o coordenador.
Oeste baiano
Entre 2019 e 2020, os municípios do Oeste da Bahia foram os que mais ganharam participação no PIB do estado. O movimento foi resultado do desempenho da agropecuária, principal atividade econômica dessas cidades e única que mostrou crescimento no período, favorecido, sobretudo, pelo aumento dos preços internacionais de produtos como a soja.
São Desidério liderou no aumento de participação. Com um PIB de R$ 4,833 bilhões em 2020, o município representava, naquele ano, 1,6% da Economia baiana, frente a 0,9% em 2019. O ganho fez São Desidério passar de 21º para 11º maior PIB municipal da Bahia, entre 2019 e 2020.
Pelo quarto ano seguido, o município ocupou o posto de maior PIB agropecuário do país, com um valor adicionado bruto de R$ 3,55 bilhões para essa atividade. A liderança foi consolidada por um importante crescimento nominal frente a 2019 (+124,3%), quando o valor gerado pela agropecuária havia sido de R$ 1,575 bilhão.
Formosa do Rio Preto ficou com o segundo maior ganho de participação no PIB, que foi de R$ 3,803 bilhões em 2020, representando 1,3% da economia do estado, frente a 0,6% em 2019. Isso fez Formosa do Rio Preto subir de 25º para 17º maior PIB municipal da Bahia, em um ano.
Com um avanço nominal de 140,8% no valor gerado pela agropecuária entre 2019 (R$ 1,184 bilhão) e 2020 (R$ 2,852 bilhões), o município passou a ter o segundo maior PIB agropecuário do Brasil, superando Sorriso/MT, que ocupava essa posição em 2019 e caiu para o terceiro lugar no ano seguinte.
O terceiro maior ganho de participação na economia da Bahia ficou com Luís Eduardo Magalhães, que, com um PIB de R$ 7,026 bilhões, respondia por 2,3% de toda a riqueza produzida no estado em 2020, frente a 2,0% no ano anterior. O desempenho do PIB de Luís Eduardo fez ele subir uma posição entre as 10 maiores Economias municipais baianas, da 7ª para a 6ª, ultrapassando Lauro de Freitas.
No outro extremo, as maiores perdas de participação no PIB da Bahia, entre 2019 e 2020, ficaram com Salvador (de 21,8% para 19,3%), Simões Filho (de 1,9% para 1,6%) e Porto Seguro (de 1,2% para 1,0%). Embora a perda de participação de Salvador venha ocorrendo de forma contínua desde 2012, os três municípios têm um peso maior dos serviços privados nas suas Economias, setor mais impactado negativamente pela pandemia, em 2020.
Em 2020, com alta dos preços do petróleo, São Francisco do Conde volta a estar entre os 10 maiores PIB per capita do país, em 9º lugar. No mesmo ano, o PIB per capita brasileiro (valor do PIB dividido pela população estimada no ano) foi de R$ 35.935,74, e o baiano ficou em R$ 20.449,29.
Na Bahia, o destaque nesse indicador foi, mais uma vez, para São Francisco do Conde. Com R$ 296.357,52 (8 vezes o valor do país e 14 vezes o valor do estado), ele se manteve como o município baiano com o maior PIB per capita e subiu no ranking nacional, voltando a integrar o top-10, em 9º lugar (era 21º em 2019). São Francisco do Conde tem sua economia fortemente atrelada ao refino de petróleo, que se beneficiou, em 2020, da alta internacional nos preços do produto.
O maior PIB per capita do país ficou com o município de Canaã dos Carajás-PA, R$ 591.101,11, que tem a extração de minério de ferro como principal atividade. Em seguida vieram Selvíria-MS (R$ 406.011,00) e Louveira-SP (R$ 357.104,23), ambos em razão da geração de energia hidrelétrica.
No estado, o posto de 2º maior PIB per capita, que pertencia a Conceição do Jacuípe em 2019, passou para Formosa do Rio Preto, em 2020, com um valor de R$ 147.092.01. A 3ª posição nesse ranking passou de Camaçari, em 2019, para São Desidério (R$ 141.048,44).