A taxa de desocupação na Bahia foi de 17,6%, no 1º trimestre de 2022. Ficou praticamente estável em relação à verificada no 4º trimestre de 2021 (17,3%) e foi a menor para um 1º trimestre em seis anos, desde 2016, quando havia sido de 15,7%. Ainda assim, o estado voltou a ter a maior taxa de desocupação do país, o que não ocorria desde o 1º trimestre de 2021. O indicador baiano seguiu bem acima do nacional (11,1%) e equivalia a quase quatro vezes o verificado em Santa Catarina, que tem a menor taxa de desocupação do Brasil (4,5%). Os dados foram divulgados na manhã desta sexta feira (13) pelo IBGE.
A taxa de desocupação mede a proporção de pessoas de 14 anos ou mais de idade que estão desocupadas (não trabalharam e procuraram trabalho) em relação ao total de pessoas que estão na força de trabalho, seja trabalhando (pessoas ocupadas) ou procurando (desocupadas). De acordo com o IBGE, nem o número de pessoas trabalhando, nem o número de pessoas procurando trabalho mostraram variação estatisticamente significativa na Bahia, entre o 4º trimestre de 2021 e o 1º trimestre deste ano.
De janeiro a março, a população ocupada (número de pessoas trabalhando no estado, fosse em ocupações formais ou informais) ficou em 5,864 milhões de pessoas, com uma discreta tendência de queda frente ao trimestre imediatamente anterior, quando esse grupo havia sido de 5,914 milhões de pessoas (menos 50 mil trabalhadores ou -0,8% entre um período e outro).
Já a população desocupada (quem não estava trabalhando, procurou trabalho e poderia ter assumido caso tivesse encontrado) ficou em 1,250 milhão no 1º trimestre de 2022, frente a 1,240 milhão no 4º trimestre de 2021 (mais 10 mil desocupados ou +0,8%).
Na comparação com o 1º trimestre de 2021, quando a taxa de desocupação na Bahia havia atingido seu maior patamar em toda a séria histórica da PNAD Contínua, iniciada em 2012 (21,7%), a população ocupada no estado cresceu 12,9% (mais 669 mil pessoas trabalhando) e a desocupada caiu 13,3% (menos 192 mil pessoas procurando trabalho).
Apesar da estabilidade frente ao final de 2021, o contingente de pessoas trabalhando, na Bahia, foi o maior para um 1º trimestre desde 2016 (quando havia 5,990 milhões de ocupados), e o número de desocupados também foi o menor em seis anos (desde 2016, quando havia 1,119 milhão de pessoas nessa situação).
Entre o 4º trimestre de 2021 e o 1º trimestre deste ano, o número de pessoas fora da força de trabalho (que por algum motivo não estavam trabalhando nem procuraram trabalho) na Bahia também se manteve estatisticamente estável, mostrando leve tendência de aumento (+0,9%), chegando a 4,923 milhões.
Entretanto, dentre elas, o grupo das desalentadas diminuiu tanto frente ao final de 2021 (-4,9% ou menos 33 mil pessoas) quanto na comparação com o 1º trimestre do ano passado (-17,9% ou menos 141 mil pessoas), chegando a um total de 648 mil pessoas.
A Bahia segue com o maior número absoluto de desalentados do país, posto que detém ao longo de toda a série da PNAD Continua, desde 2012. No 1o trimestre de 2022, no Brasil, havia 4,594 milhões de desalentados, número que caiu tanto frente ao 4o trimestre de 2021 (-4,1% ou menos 195 mil pessoas) quanto frente ao 1o trimestre de 2021 (-23,0% ou menos 1,376 milhão de pessoas).
A população desalentada é aquela que está fora da força de trabalho por uma das seguintes razões: não conseguia trabalho, ou não tinha experiência, ou era muito jovem, ou idosa, ou não encontrou trabalho na localidade. Entretanto, se tivesse conseguido trabalho, estaria disponível para assumir a vaga.
Trabalhadores auxiliares familiares
Na passagem do 4º trimestre de 2021 para o 1o trimestre de 2022, o discreto recuo no total de pessoas ocupadas na Bahia atingiu quase todas as formas de inserção no mercado de trabalho do estado.
Houve aumento apenas no número de trabalhadores auxiliares familiares, que trabalham sem remuneração em algum negócio da própria família (mais 34 mil pessoas ou +15,7%) e entre os ocupados no setor público (mais 23 mil pessoas ou +3,0%).
Por outro lado as formas de inserção que mais perderam trabalhadores foram o emprego no setor privado sem carteira assinada (menos 43 mil pessoas ou -3,7%) e o trabalho doméstico (menos 33 mil pessoas ou -8,7%).
Já frente ao mesmo período de 2021, no 1o trimestre de 2022, todas as formas de inserção no mercado de trabalho baiano tiveram ganhos de trabalhadores.
Os aumento foram liderados, em termos absolutos, pelo trabalho por conta própria (mais 209 mil pessoas ou +13,3%) e pelo emprego sem carteira assinada (mais 157 mil pessoas ou +16,4%).
Assim, nos três primeiros meses deste ano, o número de trabalhadores informais na Bahia ficou em 3,207 milhões, representando 54,7% de toda a população ocupada.
Esse grupo se reduziu um pouco em relação ao verificado no 4o trimestre de 2021, quando somava 3,270 milhões de pessoas, 55,3% dos trabalhadores baianos. De um trimestre para o outro, o total de informais caiu 1,9%, o que representou menos 63 mil trabalhadores nessa situação.
Ainda assim, frente ao 1º trimestre de 2021, quando somavam 2,778 milhões de trabalhadores, o número de informais na Bahia cresceu 15,4%, com mais 429 mil pessoas trabalhando dessa forma no estado, em um ano.
São considerados informais os empregados no setor privado e domésticos que não têm carteira assinada, os trabalhadores por conta própria ou empregadores sem CNPJ e as pessoas que trabalham como auxiliares em algum negócio familiar.
Atividades econômicas
Na passagem do 4º trimestre de 2021 para o 1º trimestre de 2022, houve diminuição do número de pessoas trabalhando em 5 dos 10 grupamentos de atividade investigados na Bahia.
Construção (-64 mil trabalhadores) e transporte armazenagem e correio (-44 mil) tiveram os saldos mais negativos e as quedas percentuais mais intensas (-12,9% e -16,7%, respectivamente).
Por outro lado, os setores de informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas (+48 mil trabalhadores ou +10,6%) e de agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura (+33 mil pessoas ocupadas ou +2,9%) tiveram os maiores saldos positivos nessa comparação.
Já em relação ao 1º trimestre de 2021, apenas 1 dos 10 grupamentos de atividade mostrou saldo negativo de trabalhadores: transporte armazenagem e correio (-36 mil ocupados ou -14,2%).
Nessa comparação interanual, as atividades que mais viram seu número de trabalhadores crescer, em termos absolutos, foram a agropecuária (+136 mil ou +13,6%) e comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas (+107 mil ocupados ou +10,7%). Em seguida veio o segmento de alojamento e alimentação, com mais 99 mil pessoas trabalhando e um crescimento de 40,9% nesse contingente em um ano – o maior dentre as atividades em termos percentuais.