Até 2025, a Bahia precisará qualificar 350 mil pessoas em ocupações industriais, sendo 80 mil em formação inicial – para repor inativos e preencher novas vagas – e 270 mil em formação continuada, para trabalhadores que devem se atualizar. Isso significa que, da necessidade de formação nos próximos quatro anos, 77% serão em aperfeiçoamento. As ocupações industriais são aquelas que requerem conhecimentos tipicamente relacionados à produção industrial, mas estão presentes também em outros setores da economia.
O mercado de trabalho passa por uma transformação, ocasionada principalmente pelo uso de novas tecnologias e mudanças na cadeia produtiva; e, cada vez mais, o Brasil precisará investir em aperfeiçoamento e requalificação para que os profissionais estejam atualizados.
Em todo o país, a demanda é de 9,6 milhões de trabalhadores qualificados. Os dados e a avaliação são do Mapa do Trabalho Industrial 2022-2025, estudo realizado pelo Observatório Nacional da Indústria para identificar demandas futuras por mão de obra e orientar a formação profissional de base industrial no país. A demanda por formação no estado por nível de qualificação será de:
Nível de qualificação | Demanda |
Qualificação (menos de 200 horas) | 194.370 |
Qualificação (mais de 200 horas) | 74.440 |
Técnico | 59.828 |
Superior | 22.181 |
TOTAL | 350.819 |
Em volume, ainda prevalecem as ocupações de nível de qualificação, que respondem por 74% do emprego industrial no Brasil hoje. Contudo, chama atenção o crescimento das ocupações de nível técnico e superior, que deve seguir como uma tendência. Isso ocorre por conta das mudanças organizacionais e tecnológicas, que fazem com que as empresas busquem profissionais de maior nível de formação, que saibam executar tarefas e resolver problemas mais complexos.
As áreas com maior demanda por formação são: Construção, Transversais, Logística e Transporte, Metalmecânica, e Couro e Calçados. As ocupações transversais são aquelas que permitem ao profissional atuar em diferentes áreas, como técnico em Segurança do Trabalho, técnico de Apoio em Pesquisa e Desenvolvimento e profissionais da Metrologia, por exemplo.
Estudo avalia estimativas
O Senai é a principal instituição formadora em ocupações industriais no país. Para subsidiar a oferta de cursos, em sintonia com as demandas por mão de obra do setor produtivo, o Observatório Nacional da Indústria desenvolveu a metodologia do Mapa do Trabalho Industrial, referência no Brasil. O estudo é uma projeção do emprego setorial que considera o contexto econômico, político e tecnológico. Um dos diferenciais é a projeção da demanda por formação a partir do emprego estimado para os próximos anos.
Para esse cálculo, são levadas em conta as estimativas das taxas de difusão das novas tecnologias nas empresas e das mudanças organizacionais nas cadeias produtivas, que orientam o cálculo da demanda por aperfeiçoamento, e uma análise da trajetória ocupacional dos trabalhadores no mercado de trabalho formal, que subsidiam o cálculo da formação inicial. Um trabalho de inteligência de dados e prospectiva que deve subsidiar ações e políticas de emprego e educação profissional.
O estudo agrupa as ocupações industriais em 25 áreas. Abaixo, as que mais precisarão formar até 2025:
Áreas com maior demanda por formação (inicial + continuada) | |
Área | Demanda |
Construção | 62.497 |
Transversais | 53.320 |
Logística e Transporte | 46.544 |
Metalmecânica | 42.528 |
Couro e Calçados | 23.891 |
Alimentos e Bebidas | 22.751 |
Têxtil e Vestuário | 16.405 |
Automotiva | 12.220 |
Química e Materiais | 11.737 |
Eletroeletrônica | 10.521 |
Abaixo, as ocupações com maior demanda por formação, agrupadas por nível de qualificação: superior, técnico, qualificação mais de 200 horas e qualificação menos de 200 horas:
SUPERIOR | ||
Voltados para quem tem o ensino médio completo ou equivalente, visam a formação de um bacharel ou licenciado. São de longa duração, com carga horária mínima de 2.400 horas, sendo que algumas chegam a 7.200 horas. |
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Ocupação | Demanda em formação inicial |
Demanda em aperfeiçoamento |
Analistas de tecnologia da informação | 680 | 4.326 |
Gerentes administrativos, financeiros, de riscos e afins | 324 | 1.425 |
Gerentes de produção e operações em empresa da indústria extrativa, de transformação e de serviços de utilidade pública | 266 | 1.458 |
Engenheiros civis e afins | 422 | 1.190 |
Gerentes de comercialização, marketing e comunicação | 197 | 1.207 |
TÉCNICO | ||
Cursos técnicos têm carga horária entre 800h e 1.200h (cerca de 1 ano e 6 meses) e são destinados a alunos matriculados ou egressos do ensino médio.
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Ocupação | Demanda em formação inicial |
Demanda em aperfeiçoamento |
Técnicos de controle da produção | 752 | 3.813 |
Técnicos em eletrônica | 1.020 | 2.734 |
Técnicos em eletricidade e eletrotécnica | 511 | 2.985 |
Técnicos de planejamento e controle de produção | 566 | 2.450 |
Montadores de veículos automotores (linha de montagem) | 267 | 2.710 |
QUALIFICAÇÃO + DE 200 HORAS | ||
Os cursos de qualificação são indicados a jovens e profissionais que buscam desenvolver novas competências e capacidades profissionais para a inserção em uma ocupação. Esses cursos não demandam um nível de escolaridade específico. Ao final, o aluno recebe um certificado de conclusão.
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Ocupação | Demanda em formação inicial |
Demanda em aperfeiçoamento |
Mecânicos de manutenção de máquinas industriais | 1.448 | 4.558 |
Instaladores e reparadores de linhas e cabos elétricos, telefônicos e de comunicação de dados | 1.022 | 4.207 |
Mecânicos de manutenção de veículos automotores | 2.231 | 2.897 |
Padeiros, confeiteiros e afins | 1.553 | 3.417 |
Operadores de máquinas para costura de peças do vestuário | 920 | 3.710 |
QUALIFICAÇÃO – DE 200 HORAS | ||
Os cursos de qualificação são indicados a jovens e profissionais que buscam desenvolver novas competências e capacidades profissionais para a inserção em uma ocupação. Esses cursos não demandam um nível de escolaridade específico. Ao final, o aluno recebe um certificado de conclusão.
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Ocupação | Demanda em formação inicial |
Demanda em aperfeiçoamento |
Alimentadores de linhas de produção | 6.094 | 23.313 |
Ajudantes de obras civis | 9.955 | 15.991 |
Motoristas de veículos de cargas em geral | 3.114 | 17.306 |
Trabalhadores polivalentes da confecção de calçados | 4.702 | 11.824 |
Trabalhadores de estruturas de alvenaria | 3.513 | 6.583 |
Aprendizagem ao longo da vida
O diretor-geral do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), Rafael Lucchesi, reconhece que a recuperação do mercado formal de trabalho será lenta em razão da retomada gradual das atividades econômicas no pós-pandemia. Para melhorar o nível e a qualidade do emprego e contribuir para o progresso tecnológico e aumento da produtividade nas empresas, será indispensável priorizar o aperfeiçoamento de quem está empregado e de quem busca novas oportunidades.
“Estamos diante de um cenário de baixo crescimento do PIB (Produto Interno Bruto), reformas estruturais paradas, como a tributária, eleições e altos índices de desemprego e informalidade. Nesse contexto, o Mapa surge para que possamos entender as transformações do mercado de trabalho e incentivar as pessoas a buscarem qualificação onde haverá emprego. E essa qualificação será recorrente ao longo da trajetória profissional. Quem parar de estudar, vai ficar para trás”, avalia.