O mercado de tatuagem no Brasil tem registrado um crescimento expressivo nos últimos anos. Segundo a IBIS WORLD (empresa global de pesquisas), 32% da população brasileira possui pelo menos uma tatuagem, colocando o país na 9ª posição mundial em número de pessoas tatuadas. Em 2021, o setor cresceu 25%, superando a média global de 23,2%, e movimenta bilhões de reais, com expectativa de faturamento de R$ 2,5 bilhões até o final de 2024.
Neste cenário, o estúdio Caixa de Pandora, localizado em Salvador, no bairro da Pituba, se destaca não apenas pelo seu crescimento, mas também pelas mais de 40 premiações conquistadas em competições nacionais. A tatuadora Gueu Calado, uma das fundadoras do estúdio, acumula mais de 30 prêmios individuais, especialmente na técnica de aquarela, um diferencial que impulsionou o estúdio a consolidar seu nome no mercado baiano e nacional.
Fundado em 2019, o Caixa de Pandora nasceu de um desejo de transformação. Gueu Calado, que sempre gostou de desenhar, viveu alguns dissabores em ambiente de trabalho e decidiu trilhar seu caminho no mundo da tatuagem. Em parceria com o seu marido Bruno Calado, investiu em cursos e equipamentos, iniciando as atividades do estúdio em uma pequena sala, no bairro de Amaralina, onde só fazia tatugem.
O projeto prosperou rapidamente, levando o estúdio a mudar para um espaço maior no bairro da Pituba, no início deste ano. Também ampliou a oferta de serviços. Hoje, além das tatuagens, o estúdio realiza cursos para quem está começando e quer se aprimorar na arte da tatuagem.
Com isso, o Caixa de Pandora tem crescido e se destacado pela criatividade artística e também pela qualidade dos materiais usados. “Temos atenção especial e rigorosa às normas de biossegurança, o que nos diferencia em um mercado em que ainda existe grande informalidade e concorrência desleal. Inclusive, um dos meus maiores desejos na área é o de poder ver uma maior profissionalização do setor, principalmente na Bahia”, destaca a tatuadora.
Superando desafios e abraçando a tecnologia
Mesmo com o sucesso, o Caixa de Pandora enfrenta os desafios comuns a muitos estúdios do setor. Além da resistência à liderança feminina em um ambiente historicamente dominado por homens, o estúdio lida com a sazonalidade dos negócios e a concorrência de estúdios clandestinos que não seguem as normas regulamentadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). “Somos rigorosos nas normas de segurança. Além disso, temos trabalhos autorais, criativos e personalizados, assim como uma precificação justa, baseada no uso de matérias-primas de alta qualidade e no investimento constante em aperfeiçoamento, que são estratégias nossas para nos mantermos competitivos”, afirma Gueu Calado.
Outro fator essencial para o crescimento do estúdio, segundo os sócios, tem sido a incorporação de novas tecnologias, como máquinas de tatuagem de última geração, impressoras de decalque e o uso de aplicativos que permitem a criação de desenhos personalizados. Essa inovação, aliada à crescente aceitação social da tatuagem como forma de arte e expressão pessoal, tem ampliado o público e fortalecido a reputação do Caixa de Pandora.
“Hoje temos uma impressora de decalque com a melhor tinta do mercado nacional, que é a Inkdraw. Temos também duas das melhores máquinas de tatuagem do país e as melhores tintas do mundo. Investimos nas melhores agulhas e mobiliário específico para o mundo da tatuagem. Enfim, quando vem pra trazer mais conforto para o nosso cliente e pra deixar a tattoo mais bonita, a gente investe”, conta a tatuadora.
Impactos em setores diversos
O estúdio também impacta outros setores, como o de moda e cosméticos, setor de móveis para estúdios, entre muitos outros. De acordo com Bruno Calado, no Nordeste estão concentradas algumas das empresas que se desenvolveram em torno do segmento da tatuagem, como a Panta Cosmeticos, de Pernambuco, fabricantes de cartuchos (agulhas), como a Rattory, na Bahia e a Amazon, que também fica na Bahia e é fabricante de tintas e outros materiais, inclusive cosméticos.
“É um mercado que movimenta uma indústria bilionária no Brasil. Ainda temos os eventos, que acontecem em todo o país todos os meses. A grande maioria é de eventos pequenos com uma média de 40 a 60 tatuadores. Os maiores chegam a ter entre 400 e 600 tatuadores e são verdadeiras feiras de negócios, com a presença dos principais fornecedores”, ressalta Calado.
Competições
As competições são eventos em que os tatuadores de todo país expõem as suas tatuagens para serem julgados por um júri técnico, que escolhe dois ou três melhores trabalhos. Já bastante difundido no Brasil e no mundo, este tipo de evento traz algum reconhecimento ao tatuador, favorece a troca de informações e aprendizado, além de permitir que os tatuadores possam conhecer tendências e técnicas diferentes.
“Isso ocorre, principalmente´, quando saímos do nosso estado para ver o que está sendo feito em outros locais do Brasil. O Caixa de Pandora tem mais de 40 premiações em eventos em todo o Brasil, sendo que Gueu tem mais de 30 premiações em diversas categorias, sendo a principal a Aquarela. Temos também trabalhos premiados em Fine Line e Comics. Como são trabalhos grandes e bem feitos, a repercussão disso sempre traz muita procura dos nossos clientes, que ganham ainda mais confiança para realizar o procedimento com a gente”, explica o sócio.
Segundo ele, os maiores eventos estão concentrados no Rio de Janeiro e em São Paulo, “onde o mercado é muito forte. No nordeste talvez o mercado mais forte seja o de Recife, que tem inclusive o maior evento de tatuagem do nordeste, a ArtTattoExpo. A Bahia tem alguns dos melhores tatuadores do Brasil, que inclusive estão acostumados a ganhar grandes premiações nos melhores eventos do País, como Rodirgo Koala (realismo colorido), Urbano (preto e cinza e realismo) e Dode Dultra (Maori e Oriental).
Gueu também já conquistou premiações em grandes convenções pelo Brasil na Aquarela, mas ainda busca uma premiação na maior do Brasil, a Tattoo Week. Enfim, a Bahia se destaca hoje pelos talentos individuais que tem. Mas em termos de grandes eventos e convenções ainda deve muito para outros centros”, destaca.
Com planos ambiciosos para o futuro, o Caixa de Pandora espera expandir ainda mais a sua estrutura e se posicionar entre os cinco maiores estúdios de Salvador, investindo continuamente na qualificação de sua equipe e no aprimoramento de seus serviços.
“A nossa meta é estar entre os cinco maiores estúdios de Salvador nos próximos cinco anos. Para isso estamos investindo muito no desenvolvimento dos nossos tatuadores e da nossa estrutura. Apesar de estarmos há pouco tempo no novo estúdio, pretendemos ir para um lugar maior no prazo de três anos”, revela Bruno Calado.
Confira alguns dos trabalhos de Gueu Calado:
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É a tatuagem quebrando os preconceitos e se posicionando como arte e como profissão!!!