O presidente da Odebrecht S/A, Newton de Souza, admitiu em mensagem enviada aos funcionários da companhia que a empresa falhou em se envolver em esquemas de corrupção no país. Num dos trechos do comunicado “Compromisso com o futuro”, o executivo afirma que “falhamos por ter acatado o convívio com práticas incompatíveis com padrões de conformidade e governança empresarial nas relações entre os setores público e privado sem interessar se fomos mais ou menos suscetíveis a pressões externas, pois fomos complacentes”. Garante ainda que a empresa vai “virar essa página”.
Souza diz que a Odebrecht – que está no centro da Operação Lava jato, que investiga um esquema bilionário de desvio e lavagem de dinheiro envolvendo a Petrobras, empreiteiras e políticos – vai reforçar a estrutura de governança com o objetivo de “vir a ser, em um futuro próximo, referência em transparência, ética e integridade”.
Neste sentido, dentre outras medidas, ele citou a adesão da organização ao Pacto Global – uma iniciativa desenvolvida pela Organização das Nações Unidas (ONU) e que tem como objetivo mobilizar a comunidade empresarial internacional para a adoção, em suas práticas de negócio, de valores fundamentais e internacionalmente aceitos nas áreas de direitos humanos, relações de trabalho, meio ambiente e combate à corrupção.
“Estabelecemos ainda metas de conformidade para que nossos negócios se enquadrem como Empresa Pró-Ética”, disse o executivo. O Pró-Ética foi criado pela Controladoria-Geral da União (CGU) e hoje é coordenado pelo Ministério da Transparência, Fiscalização e Controle. A iniciativa consiste em fomentar a adoção voluntária de medidas de integridade pelas empresas visando o combate à corrupção e outros tipos de fraudes.
Comitê – Newton de Souza citou ainda a criação de um comitê de conformidade diretamente vinculado ao conselho de administração do grupo. Outra iniciativa foi ampliar a participação de conselheiros independentes nos conselhos de administração das empresas controladas e da própria Odebrecht S/A como forma de garantir maior independência nas decisões.
“Estamos conscientes de que continuaremos a enfrentar riscos, dilemas e, eventualmente, desvios, como em qualquer atividade humana. No entanto, atuaremos com a orientação dos líderes, com a capacitação e a conscientização das pessoas e com a aplicação com rigor absoluto das regras e limites de nosso sistema de conformidade para evitar e corrigir essas situações”, afirma Souza.