Tudo começou quando a jovem Anna Luísa Beserra, fundadora da startup Sustainable Development & Water For All (SDW), ainda era criança e sonhava em ser cientista. Entre estudos de fenômenos físicos e a leitura de Vidas Secas, obra de Graciliano Ramos, ela sentia o sofrimento das famílias das zonas rurais do semiárido por conta falta de água. Assim nasceu o projeto Aqualuz, que em 2018 foi premiado pela ONU e Unesco e, mais tarde, se tornou o carro chefe da SDW, criada em 2015 com o objetivo de mudar a vida de bilhões de pessoas levando água e saneamento para as localidades em situação de vulnerabilidade.
Anna, formada em Biotecnologia pela Universidade Federal da Bahia (UFBa) lembra como foi difícil iniciar o projeto. “Me inscrevi no Prêmio Jovem Cientista 2013, pesquisei e criei o Aqualuz, mas não tive como fazer todos os testes necessários, então não ganhei. No Brasil a ciência não recebe muito apoio e eu não conseguia encontrar formas de produzir, financiar e levar para quem mais precisava. Entrei na universidade 2 anos depois, aos meus 17 anos, e descobri o mundo do empreendedorismo e como poderia usar isso para poder ajudar as pessoas que sofrem sem acesso à água. Assim nasceu a SDW”, conta.
Em 2019, no início das operações da SDW, o investimento inicial foi de R$ 50 mil, oriundos do primeiro contrato, onde atendeu cerca de 200 habitações e o projeto teve valor total de R$200 mil. A empresa em 2021 alcançou o faturamento de R$1 milhão e projetava dobrar esse ano, entretanto, devido a alguns problemas não conseguiram bater a meta.
Anna conta como funciona SDW e os impactos da atuação. “O nosso trabalho consiste em levar água potável e saneamento para aquelas famílias das comunidades carentes. O Aqualuz beneficia mais de 5 mil pessoas em quinze estados do Brasil e é uma tecnologia que trata a água usando apenas a luz do Sol, com 20 anos de durabilidade e a manutenção sendo apenas limpeza com água e sabão. Com as outras tecnologias da SDW, que surgiram devido a nossa percepção de campo de outros problemas de saneamento, já estamos impactando a vida de mais de 18 mil brasileiros. Nosso objetivo é aumentar ainda mais nosso impacto em escala global, de forma qualitativa e exponencial, já que sabemos que o acesso à água e saneamento muda tudo”.
Além dos impactos sociais positivos causados pela empresa, Anna reforça a importância das soluções que desenvolve para não degradar o meio ambiente. “Utilizamos tecnologias baseadas na natureza. O Aqualuz, por exemplo, só usamos a luz do sol e sem nenhuma substância química, não precisa de energia elétrica para funcionar e tem alta durabilidade de anos. Então é um produto que não precisa ficar sendo descartado o tempo todo e com a utilização de materiais que podem ser reciclados. Aliado a tudo isso, impactamos positivamente na área da saúde com a prevenção das doenças de proporção hídrica e também na educação, já que crianças doentes não frequentam a escola”.
Portflólio
A empresa tem seis produtos, sendo que quatro já estão disponíveis no mercado, um está em finalização de protótipo e outro em desenvolvimento inicial e em fase de sigilo. São eles:
Aqualuz: Premiado pela ONU e UNESCO, é um dispositivo domiciliar para potabilização de água doce em zonas quentes, através da metodologia desinfecção solar, com 20 anos de durabilidade. Criado em 2013, beneficia 5 mil pessoas.
Aquapluvi: Lavatório urbano, operado por pedal (sabão + água), de uso híbrido (água de chuva + encanada), com filtração de água para consumo embutido e com 10 anos de durabilidade. Criado em 2020, beneficia 10 mil pessoas
Sanuseco: Estrutura rural sanitária que possibilita o uso de banheiros sem água, permitindo também um reaproveitamento de resíduos para compostagem e irrigação de forma segura. Criado em 2020, beneficia 500 pessoas.
Sanuplant: Tecnologia social de tratamento natural de águas cinzas e amarelas para reuso na irrigação em áreas rurais. Criado em 2020, beneficia 500 pessoas.
Aquasalina: Dispositivo modular para potabilização de água salobra em zonas quentes, através da metodologia de destilação solar, com 10 anos de durabilidade. Criado em 2021, ainda em prototipação e testes.
Futuro
Para o futuro, os planos da SDW consistem em procurar investidores e começar a atuar em terras internacionais. “Já temos um piloto no Equador, mas o nosso grande foco será o Brasil e em segundo lugar algum país da África, talvez Moçambique ou Angola. Ainda não definimos porque depende muito de um parceiro local. Estamos mirando em países que falam português para ter esse acesso mais facilitado”, revela a biotecnóloga.
Além da expansão, a startup mira numa receita bem maior e Anna pontua que “um negócio bem sucedido tem que conseguir ter um lucro e reverter para uma escala substancial, com faturamento mínimo de 10 milhões por ano, que estamos um pouco longe de alcançar, mas quem sabe com esse plano de investimentos do ano que vem. O nosso plano de impacto para 2024 é alcançar 1 milhão de pessoas e para isso precisaremos com certeza de investimento significativo e faturamento ainda maior”.
Parabéns pelos projetos. Acredito e tenho certeza que há uma sinergia com o projeto casa própria ocka.com.br que pretende construir casas a preços baixos para comunidades carentes no Brasil e na África. Já temos projetos em andamento. RS. SC. SP é Moçambique e Angola na África. Para o sucesso estamos apostando na parceria.