Victor Hugo Moreira*
No mês passado, um grande amigo me pediu que fôssemos na casa do pai dele, pois eles queriam falar sobre os negócios da família. A empresa da família foi fundada há 38 anos, atua no segmento de locação de máquinas e, hoje, os dois filhos estão em cargos chaves para, em breve, assumir a operação 100%.
Estávamos falando das expectativas futuras para o negócio, as possibilidades de expansão e os planos de sucessão, quando então questionei sobre a estrutura de capital que financia a empresa. “Eu sou conservador, não gosto de assumir riscos, 100% da empresa foi erguida com capital próprio!”, foi sua resposta.
Respondi: “Desculpa, mas de conservador o senhor não tem absolutamente nada. Considerando a exposição do seu patrimônio pessoal, constituído ao longo de todos estes anos, aos riscos da empresa da família e nunca ter dividido este risco do ponto de vista de estrutura de capital com nenhum agente financiador (sem sócio e sem endividamento) o torna com perfil ‘supragressivo!”..
É muito comum o empresário se declarar de perfil de risco conservador quando se questiona suas razões de não tomar crédito/empréstimo no mercado financeiro. No entanto, do ponto de vista de negócio e eficiência na maximização de retorno para os sócios, isto não faz sentido algum!
Para tomar decisões adequadas quanto as melhores soluções financeiras, é necessário estabelecer uma adequada governança financeira
De fato, mesmo para empresas de maior porte, não é fácil acessar soluções financeiras visando mitigar riscos ou simplesmente tocar o dia-a-dia operacional.Não é incomum vermos empresas de todos os portes “reféns” dos bancos que concedem empréstimos (giro, financiamento etc). Isto dificulta a adequada cultura de rentabilizar o capital de giro (próximo ao custo de oportunidade), com reservas de capital sendo mal remuneradas.
No nosso sistema de capital há uma necessidade de se utilizar de soluções financeiras para alavancar as operações, mas, também, para aproveitar taxas de mercado e mitigar os riscos financeiros decorrentes da operação, seja de liquidez, ou de câmbio.
Para tomar decisões adequadas quanto as melhores soluções financeiras, é necessário estabelecer uma adequada governança financeira.
Esta governança que irá direcionar a melhor negociação dos quatro elementos de uma emissão de dívida: volume, taxa, prazo e garantia. Customizar estes elementos é fundamental para estabelecer a melhor estrutura de capital e garantir maior retorno sobre o capital investido e, principalmente, mitigar riscos sobre o patrimônio constituído, garantindo a perenidade do patrimônio familiar.
E a melhor notícia:estas soluções não estão disponíveis apenas para grandes corporações. O mercado financeiro está adaptado para entregar as melhores soluções financeiras para todos os portes de empresas.
- Victor Hugo Moreira é advogado corporativo e representa do escritório Nelson Wilians na Bahia