Você já deve ter notado que de uns tempos para cá, tem-se falado, escrito e discutido cada vez mais sobre o tema felicidade, que não por acaso também é motivo de inspiração e objeto de desenvolvimento desta coluna. Você pode achar que se trata simplesmente de uma estratégia de marketing, modismo ou mais uma panaceia. O que talvez você ainda não saiba, é que todo esse recente movimento em torno deste assunto, se iniciou com os avanços da ciência em relação aos estudos sobre felicidade. É claro que tem muita gente que em benefício próprio, quer “surfar na onda” e dissertar acerca do tema sem conhecimento e sem embasamento científico, mas a questão é que de fato existem descobertas realizadas pela Neurociência e pela Psicologia Positiva que nos aproximam do alcance e da possibilidade de influenciarmos deliberadamente o nosso contentamento com a vida. Por isso, como profissional que está se especializando na ciência do bem-estar e da felicidade, escolhi compartilhar conhecimentos que você deve utilizar a seu favor, na construção de uma vida e carreira mais plena e feliz. Lembrando que o fato do indivíduo conhecer e refletir sobre o que pode ser feito para incremento da felicidade pessoal, não descarta, nem elimina a influência e importância da construção do bem-estar social coletivo para a felicidade de cada cidadão. Afinal, pertencemos e estamos todos conectados a um ecossistema único, cujas partes interferem umas nas outras.
Segundo Martin Seligman, psicólogo e mentor da Psicologia Positiva, há cinco pilares que asseguram o bem-estar humano e possibilitam a felicidade sustentável, são eles:
Emoções Positivas: predominância de emoções que surgem por meio de experiências agradáveis e liberam hormônios, como endorfina, dopamina e ocitocina, que potencializam a sensação e percepção de bem-estar e felicidade. Portanto, ter um trabalho e realizar atividades profissionais com as quais se identifica, potencializa o surgimento dessas emoções, tais como, prazer, alegria, gratidão e outras.
Engajamento: estado mental que se dá quando a pessoa se envolve por completo em algo que faz e se identifica, potencializando concentração máxima, produtividade e sentimento de gratificação ao realizar. Acredito que o engajamento seja a manifestação pura do que acontece quando o indivíduo experimenta a sensação que encontrou o seu lugar no mundo ao praticar sua vocação.
Relacionamento: investimento e dedicação na criação e manutenção de vínculos interpessoais nutritivos e conexões positivas. Esse é o pilar que está associado a importância da qualidade do clima e das relações no ambiente de trabalho.
Senso de Propósito: fonte estrutural de motivação que possibilita o indivíduo se sentir útil e relevante ao servir e contribuir positivamente para a sociedade por meio do seu fazer, que resultam em ações e entregas alinhadas às suas forças e talentos.
Realização: capacidade de realizar e conquistar objetivos e metas na vida, que reforçam a confiança e estima por si mesmo. O desempenho no trabalho e a capacidade de gerar resultados é importante não apenas para a organização, mas também para o indivíduo que passa a reconhecer sua competência e sua capacidade de transformar intenção e pensamento em soluções concretas.
Observe que esses pilares podem e devem servir como base para a construção de uma carreira que seja fonte de auto realização e contentamento.
A profissão e a carreira são alguns dos principais recursos para se alcançar a realização plena, pois são meios privilegiados de expressão da singularidade do ser, de manifestação dos talentos e virtudes do sujeito, que ao serem colocados em prática, geram algum tipo de impacto positivo no ambiente e retornam para o indivíduo como sentimento de realização e mais valia, além de potencializar experiências que geram emoções positivas.
O desenvolvimento humano por meio da busca de conhecimentos, aprendizados e práticas possibilitam a expansão do potencial do indivíduo que conferem a ele, a experimentação da plenitude, quando este se sente inteiro, usando toda sua potência conquistada até o momento, ao realizar algo que tem sentido para si próprio e que é útil para outras pessoas. A plenitude é uma vivência proveniente do ser e não do ter. Não adianta ter o melhor emprego do mundo, se você não conseguir encontrar um sentido para ele, você não o apreciará.
Então, você precisa estar atento a dois fatores cruciais: o conhecimento que possui sobre si mesmo e as escolhas que faz diariamente. O autoconhecimento é o ponto de partida para obter a clareza necessária na hora de fazer escolhas que podem ou não favorecer o alinhamento e a congruência entre a sua essência e sua vida prática. Essa é a base que viabiliza a consolidação dos pilares do bem-estar na carreira e na vida, que vai possibilitar uma jornada autêntica e sustentável.
Afinal, felicidade na carreira também é uma questão de ser!