Ao longo dos últimos anos, em termos de consumo e produção de energia limpa, o Brasil destacou-se significativamente em relação ao resto do mundo. Em 2025, por exemplo, de acordo com dados da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR), a geração de energia solar superou a marca de 55 gigawatts de potência instalada.
Não é à toa que a tecnologia representa hoje a segunda maior fonte de energia, correspondendo a cerca de 22,2% da capacidade instalada no território nacional. Ainda em conformidade com a ABSOLAR, essa fonte em específico, a partir de seu uso, evitou a emissão de aproximadamente 66,6 milhões de toneladas de gás carbônico.
Dentre os estados brasileiros, a Bahia vem se destacando como um núcleo emergente de energia limpa. De acordo com a Associação Baiana de Energia Solar (ABS), estima-se que a capacidade de geração de energia solar passará dos atuais 2 GW para 27 GW em 2030. Em Juazeiro, por exemplo, o Complexo Solar Futura I, da Eneva, é o maior parque solar de toda a América Latina.
Nesse sentido, sua capacidade de geração de energia é de 3.000 MW, sendo responsável por mais de 3 mil empregos diretos. Outro ponto que vale enfatizar é a parceria construída com a prefeitura, processo que resultou em investimentos de R$ 4 milhões para a requalificação de unidades de saúde, como a UPA, que recebeu novos equipamentos e nova infraestrutura.
Além disso, Juazeiro também tornou-se pioneira no uso de sistemas agrovoltaicos, que combinam a agricultura com a geração de energia solar. Pode-se dizer que esse modelo de desenvolvimento integrado materializa a concepção de como a energia solar pode ser um vetor real de transformação, tanto na esfera econômica quanto social.
Em Barreiras, ocupando uma área equivalente a 1.120 campos de futebol, com capacidade instalada de 449 MW, encontra-se o Complexo Sertão Solar, da Atlas Renewable Energy. Esse empreendimento também afeta diretamente a economia local, a partir da criação de novos postos de trabalho com a produção de energia solar, evidenciado a interiorização da economia verde.
A economia verde nada mais é do que um modelo de desenvolvimento que, em sua gênese, busca conciliar ações sustentáveis, de baixo impacto antrópico, com o crescimento econômico. A interiorização desse modelo econômico é um fenômeno que envolve, sobretudo, a criação de uma infraestrutura sustentável, voltada a beneficiar uma série de setores, como o agronegócio, o comércio e os serviços.
A energia solar, por ser uma fonte renovável e abundante no semiárido baiano, oferece uma alternativa viável para a diversificação econômica. Por consequência, acaba influenciando, também, diretamente na redução do uso de combustíveis fósseis.
É importante enfatizar que a população e os investidores têm buscado entender melhor o que é a energia solar, vantagens e desvantagens, especialmente para aplicações agrícolas e industriais. Estamos, portanto, no início de um processo que pode culminar na plena transição energética daqui a algumas décadas.
No fim, a expansão da energia solar no interior baiano é um exemplo material de como a transição para fontes de energia renováveis pode ocorrer atrelada ao desenvolvimento nas escalas regional, local e, posteriormente, nacional, influenciando, portanto, desde a microescala até a macroescala econômica.