Das portas, janelas e calçadas das casas e na própria rua é possível ver a animação dos moradores do Nordeste de Amaralina que ocupam o circuito Mestre Bimba neste penúltimo dia oficial de folia. Pessoas de todas as idades aproveitam a festa que terá mais de 60 atrações até o fim do Carnaval. “É um Carnaval cultural e da família”, diz Cândido Ferreira Filho, comerciante do local e coordenador da festa há 4 anos.
Segundo ele, apesar do Carnaval no bairro já ocorrer há 16 anos, apenas em 2012 foi batizado de Circuito Mestre Bimba. A festa é desde então oficial e conta com apoio da Prefeitura na organização dos serviços públicos, a exemplo de trânsito, segurança e banheiros químicos, além da divulgação da programação. “É uma parceria é fundamental para o sucesso da festa”, avalia.
Nesta segunda-feira (4), as atrações do circuito começaram com o desfile do bloco infantil Balãozinho, seguido pelos travestidos do As Nordestinas, criado em 2015 e que, com muita irreverência, perucas e cílios postiços, brincam nas ruas do bairro atrás do som do paredão.
Com o lema “Ser diferente faz a diferença”, o bloco, com quase 80 participantes, se destaca por ser o único do circuito sem fins lucrativos, conforme diz Armando Conceição, 38 anos, um dos diretores da agremiação. “Nossa proposta é gratuita e por adesão”. Acompanhando Armando estão bailarinas, fadas, borboletas, baianas e dançarinas de cabaré.
O folião Cláudio Castro, de 30 anos, em seu primeiro ano no bloco, conta que veio curtir a festa a convite dos amigos. “Minha irmã me ajudou com a fantasia de Minnie e com a maquiagem”, diz Castro, que estava acompanhado do irmão e dos primos. “Todos entraram na brincadeira de se travestir. Um vai chamando o outro. É bom demais”, comemora.
A folia acontece também entre os casais. Janilde Cardoso, 40 anos, ajuda na produção e acompanha seu esposo, Wagner Oliveira, 35 anos, há quatro anos. “Ela não libera o ‘vale-night’ e vem ‘na cola’ o tempo todo”, conta Wagner, que afirma não trocar o Carnaval no Nordeste de Amaralina pelo da Barra ou Campo Grande. O folião, mesmo com braço enfaixado, faz todas as coreografias atrás do som do bloco.
A programação diversificada, a segurança e a família reunida é o que Pedro Macêdo, 30 anos, aponta como pontos fortes do Carnaval no Mestre Bimba, que arrasta vários moradores do Nordeste de Amaralina. Vestido de “mãe solteira”, ele conta que o bloco começou seguindo um carro de cafezinho sonorizado e hoje já tem carro próprio com som mecânico. “Aqui a gente brinca com liberdade e tranquilidade”, explica.
Homenagem
O nome do circuito é uma homenagem ao criador da Capoeira regional, Manoel dos Reis Machado, o mestre Bimba. Dizem os moradores que Mestre Bimba descia a ladeira do bairro com muita frequência para jogar capoeira no local que hoje se chama Praça dos Capoeiristas, situada em Amaralina. Mestre Bimba foi também um educador, tirando a arte da marginalidade e formando diversos capoeiristas por meio de suas aulas, que eram também lições de vida.