O Juízo da 1ª Vara Regional de Competência Empresarial e de Conflitos Relacionados à Arbitragem da 1ª Região Administrativa Judiciária da cidade de São Paulo deferiu, nesta terça-feira (13), o processo de recuperação judicial da Paranapanema, do Centro de Distribuição de Produtos de Cobre (CDPC) e da Paraibuna Agropecuária, sociedades controladas pela companhia. Em sua decisão, o juiz Marcello do Amaral Perino determinou ainda a nomeação da Laspro Consultoria , representada por Oreste Nestor de Souza Laspro, para atuar como administrador judicial, a suspensão das ações e execuções pelo período de 180 dias, a dispensa de apresentação de certidões negativas e a apresentação do Plano de Recuperação Judicial no prazo de 60 dias.
Segundo a Paranapanema, a medida protetiva tem o objetivo de reequilibrar a operação, restabelecer o fluxo de caixa e criar as condições para retomada sustentável dos negócios da empresa. A Paranapanema é a maior produtora brasileira não-integrada de cobre refinado, vergalhões, fios trefilados, laminados, barras, tubos, conexões e suas ligas. A empresa responde por 100% do volume de cobre refinado (cátodos) produzido no Brasil.
A Paranapanema recorreu à recuperação judicial depois de registrar dificuldades de crédito junto a fornecedores de matérias-primas e insumos e de enfrentar um incidente na planta da Caraíba Metais, em Dias D’Ávila (BA), em 20 de junho deste ano, que resultou na paralização das operações por 38 dias, o que impactou o equilíbrio financeiro da operação. Atualmente, a empresa tem uma dívida já renegociada de R$ 2,6 bilhões junto a instituições financeiras, cujas garantias estão atreladas a direitos creditórios e ativos reais da companhia. Este montante não integra o pedido de recuperação judicial apresentado à Justiça paulista.
A recuperação judicial solicitada pela Paranapanema tem como objeto dívidas operacionais de R$450 milhões, que serão negociadas de acordo com a capacidade de pagamento da empresa. “A recuperação judicial vai nos dar fôlego para retomar o fluxo normal de operações e garantir o abastecimento de mercado”, diz Marcelo Milliet, CEO e diretor de RI da companhia.
Ajustes
Em comunicado, a Paranapanema disse já deu início a ajustes para sanear a empresa. A companhia realizou um ajuste na sua estrutura organizacional de seus colaboradores para adequar o quadro funcional à demanda projetada. O plano de recuperação poderá incluir também aumento de capital, com a negociação de eventual de conversão de dívidas em ações da empresa, melhorias operacionais e venda de ativos não estratégicos. “A prioridade serão as dívidas trabalhistas e operacionais, para que possamos recuperar o ritmo de produção e vendas. Com o reequilíbrio da operação poderemos, então, fazer frente às dívidas financeiras”, afirma Milliet.
A Paranapanema teve sua origem no ano de 1961, com operação voltada para a área da construção civil pesada. Ao longo dos anos foi se transformando e diversificou suas atividades com o ingresso na área da metalurgia. Hoje possui três plantas industriais, sendo uma produtora de cobre refinado ou Cobre Primário, localizada no município de Dias D’Ávila (BA) – Caraíba Metais – e duas plantas de Produtos de Cobre e suas ligas, uma localizada no município de Santo André (SP) e uma no município de Serra (ES) – Eluma.
A companhia, que registrou receita líquida de R$ 4,715 bilhões em 2021, é a única empresa do setor no país que realiza laminação a quente para produtos de cobre e a única empresa brasileira que produz cobre (cátodo) de alta qualidade, certificado com o grau A (maior pureza 99,9%) nas bolsas de Londres e de Shanghai. A companhia é também a única produtora de ácido sulfúrico da região Nordeste do país.
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