Após o movimentado período das eleições, onde todos os candidatos mostraram o que pretendiam fazer pela Bahia e pelo Brasil caso fossem eleitos, chegou a hora de avaliar o que virá pela frente e quais a expectativas econômicas para o futuro. Uma parceria que pode trazer inúmeros benefícios para o estado é a casadinha Lula e Jerônimo Rodrigues, que são do mesmo partido, o PT, e têm pautas alinhadas como o combate à pobreza e a geração de empregos. O BAdeValor conversou com alguns especialistas e traz um panorama e perspectivas para os próximos anos.
O economista e presidente do Conselho Regional de Economia da Bahia (Corecon-BA), Gustavo Casseb Pessoti, avalia que na última década, entre 2011 e 2020, a Bahia passou por uma fase negativa economicamente e preocupante. “Primeiro perdemos participação na escala nacional, fomos ultrapassados por Santa Catarina no ranking do PIB. Saímos da sexta economia do Brasil para a sétima e com distanciamento. Crescemos menos que as economias mais pujantes do país e isso se reverberou claramente no mercado de trabalho. A partir de agora um dos grandes desafios para economia baiana é voltar a ter um crescimento condizente com o seu potencial”, afirma.
Para garantir um crescimento expressivo são necessárias ações interligadas entre o governo estadual e federal para que se tenha a efetivação dos investimentos em mineração, infraestrutura e em cadeias produtivas do agronegócio que estão prometidos. “Essas ações serão fundamentais para prospectar uma nova Bahia e que a gente volte a ter uma maior pujança econômica, que traga não só melhoria de crescimento econômico,
mas que reverbere tanto do ponto de vista da geração de emprego como do ponto de vista do aumento de receitas. Isso é fundamental a partir de agora”, reforça Pessoti.
Entre as prioridades listadas pelo economista, está a atração de indústrias e de empresas intensivas em geração de empregos. Ele aponta ainda como áreas priorirárias a segurança pública, o combate à pobreza e mais investimentos na educação.
“A Bahia está condenada a dar certo. Há fluxos de investimentos e de atividades econômicas que são portadoras de um novo futuro. Muitas perspectivas no agronegócio, na energia limpa, no complexo industrial da saúde e etc, e o maior desafio é concretizá-las. Tem que pensar na consolidação das atividades tecnológicas, consolidação da uma indústria naval e náutica e as possibilidades com energia limpa. Agora o que é necessário é a capacidade concreta de efetivação, de transformação de algo que está no plano das ideias para um planejamento efetivo”, pontua.
Indústria
Para o presidente da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb), Ricardo Alban, o cenário mostra-se desafiador por conta da perda de participação no PIB. “A Bahia enfrenta dificuldades para atrair investimentos e, ao mesmo tempo, passa por um fraco processo de desindustrialização. A nosso ver, o estado precisa de uma política industrial que promova mudanças nos campos da infraestrutura, educação, ambiente de negócios, entre outros”.
No entendimento dos empresários da indústria baiana, o próximo gestor terá de priorizar políticas amplas, em vez de ações pulverizadas pontuais, que beneficiarão o setor, o qual vem sofrendo com seguidas crises econômicas, incluindo os efeitos da pandemia. Para a Fieb, é “fundamental ampliar o fornecimento de energia, água e saneamento, assim como a expandir a malha viária e os modais de transporte para o escoamento da produção, melhorando as condições de infraestrutura do estado”
Outra ação de extrema importância, aponta a Fieb, é a aceleração do cronograma de investimentos nos distritos industriais, com recursos liberados do Funedic, garantindo condições mínimas de competitividade às empresas instaladas..
Em conjunto com a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado da Bahia (Faeb), Federação de Comércio do Estado da Bahia (Fecomércio-BA) e a Federação das Empresas de Transporte dos Estados da Bahia e Sergipe (Fetrabase), a Fieb elaborou uma série de sugestões de políticas e ações, que foram entregues ao então candidato Jerônimo Rodrigues, com o objetivo de contribuir para o desenvolvimento sustentável do estado, que incluem pautas como a retomada do planejamento para o desenvolvimento industrial, segurança jurídica e ambiente de negócios e educação como vetor de crescimento.
Investimentos
Já para o economista e conselheiro do Corecon, Edval Landulfo, a expectativa para os próximos quatro anos é de que a Bahia volte a receber os investimentos necessários que não foram repassados pelo atual governo federal.
“A Bahia por ser do Partido dos Trabalhadores (PT) nesse atual governo ficou desprestigiada de algumas verbas. Quem recebeu foram as prefeituras alinhadas com o bolsonarismo, mas o governo estadual teve que na marra trazer algum tipo de recurso. A Bahia tem toda uma expectativa de que venha recurso para vários setores como no turismo, na indústria, que há um desmonte no Brasil, uma desindustrialização. Precisamos de um ministério forte para termos a possibilidade de olhar para aquelas necessidades que não estavam sendo bem cuidadas”, comenta ele.
Apesar de a nova gestão iniciar em 2023, Landulfo avalia que será um ano de reestruturação por conta do orçamento atual feito pelo atual governo federal e que “só iremos sentir de verdade as mudanças em 2024, mas será muito positivo para a Bahia em todos os setores, como o agronegócio, agricultura familiar, investimentos nos pequenos negócios, turismo e comércio”.
“Além do alinhamento com o governo Federal, é necessário focar também em investimentos estruturais como as rodovias, ferrovias, porque soma e dar oportunidade a vários trabalhadores. Precisa de uma área que venha a alavancar esse crescimento e para isso tem que ter investimento em ciência e tecnologia. Tem que ter desenvolvimento social e humano e por isso é importante a questão da distribuição de renda e fortalecer ainda mais os programas de transferência de renda. Ter atenção em algumas pautas como o fortalecimento do SUS e o investimento pesado na educação. Desse jeito começa a desafogar a questão da segurança pública, já que o problema do Brasil é contar com o braço armado só para coagir, mas não temos políticas públicas que deem à sociedade oportunidades igualitárias”, finaliza Landulfo.