Em tempos de inflação alta, economia em baixa e crise sanitária, pela qual todo o mundo ainda passa, a sétima arte reacende a esperança de dias melhores. De volta às atividades, o circuito de cinema alternativo de Salvador retoma para dar alento aos corações dos cinéfilos, após dois anos de cortinas fechadas e um prejuízo tão grande que devastou, inclusive, centenas de empregos. Um bom exemplo dessa reação é a Saladearte Cine Daten – Paseo, localizado no shopping que leva o mesmo nome, no bairro do Itaigara. O espaço reabriu no fim do ano passado, após uma vaquinha virtual, mostrando a importância e o vigor desse estilo de produção na cidade.

Há 22 anos, para que o projeto fosse colocado em prática, a diretora Suzana Argollo fez um investimento de cerca de R$ 3 milhões para montar as duas salas, com capacidade para aproximadamente 200 pessoas, onde são exibidos os filmes alternativos e de grande diretores do cinema mundial, mas fora, é claro, do script hollywoodiano. O espaço conta também com um café e mezanino para exposições de arte e eventos.
“Começamos com a intenção de formar um novo público para ver filmes fora do circuito comercial, dos cinemas de shopping. Então começamos a programação da sala de arte, que não funciona apenas no Cinema Paseo, mas também na Ufba, no Cinema do Museu de Arte Moderna e o no Museu Geológico da Bahia, no Corredor da Vitória”, conta Suzana Argollo.
Suzana revela que, antes da pandemia, o faturamento estava em torno de R$2 milhões, sendo a unidade do Paseo responsável por 50% a receita. Mas as restrições impostas pelo isolamento, que levou muitos estabelecimentos a fecharem suas portas, acarretou em um prejuízo em torno de R$1 milhão.
“Chegamos a pensar em não abrir mais, até que tivemos um retorno maravilhoso do público, que pediu pela volta às atividades. Além disso, o essencial para que déssemos continuidade, foram algumas medidas do governo estadual, que facilitaram os contratos de aluguel, assim como uma campanha que destina recursos para a manutenção das salas. Conseguimos um recurso de R$ 360 mil para pagar dívidas, fazer a manutenção e continuar com a atividade”, conta.
Expansão
Passados os tormentos das medidas de restrição e, com isso, os maiores impactos econômicos, com a retomada das atividades culturais no estado, a diretora planeja não só recomeçar as exibições como ocorriam antes, mas expandir a atividade para outras salas no estado e fora dele.
“Temos a possibilidade de uma outra sala no centro da cidade. Tivemos uma sala no Pelourinho, mas pegou fogo e a gente preferiu deixar o investimento para essa nova sala. Estamos também conversando com alguns espaços em Aracaju e Feira de Santana, além das universidades públicas, como a Federal da Bahia. Mas já pensamos na cidade de Jequié e outras até mesmo fora do estado. Em Salvador, no Centro investiremos em mas um espaço, além do bairro do Rio Vermelho na região de Lauro de Freitas”, conta.
E pensando no poder transformador do cinema, Suzana Argollo diz que os filmes de arte melhoram a leitura do mundo, da vida, do entendimento dos processos históricos e existenciais, que devem ser estimulados, porque ninguém quer só comida, mas quer, e precisa, de diversão e arte.
Para conferir a programação acesse http://saladearte.art.br/.
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