De acordo com a empresa de pesquisa Gallup, em todo o mundo apenas 13% dos trabalhadores estão engajados em suas empresas, e no Brasil são 27%. E estar engajado, conforme o psicólogo, palestrante e escritor do livro Playfulness, Lucas Freire disse ao BadeValor é estar mais livre e com sensação de bem-estar no trabalho.
“Engajamento é reflexo de autonomia e esta, por sua vez, está diretamente ligada a termos formas mais livres e próprios de atuar e construir nossa forma de atuar. É aí que o Playfulness opera em alto nível”, destaca o psicólogo.
Segundo ele, o Playfulness é uma metodologia que oferece trilhas para uma vida mais resiliente e criativa, que tem como ponto de partida o conceito de “play”, que significa explorar a vida. “Costumo dizer que o “play” nos ajuda a descobrir nossos talentos e esses nos levam à excelência e ao bem-estar. Segundo, que nenhuma organização sobreviverá à corrida da inovação se não estiver conectada a sua criança interior. Imaginar, tentar, consertar, aprender e refazer são exercícios básicos de uma boa brincadeira e as bases do aprendizado criativo”, explica Freire.
O método está ancorado em quatro pilares: resiliência estoica, tensão criativa, Flow e ludicidade. A resiliência estoica, de acordo com o psicólogo, parte do pressuposto de que a impermanência é constante na vida das pessoas. Porém, não se pode paralisar diante dela. É preciso ter controle para agir sobre isso, deixando passar o que não está ao alcance.
“A tensão criativa é criada a partir da diferença entre o lugar em que estamos e aquele em que queremos chegar. A caminhada entre um ponto e outro pode ser conduzida de várias formas, podendo gerar dor ou prazer. Quando gera prazer e exercita a criatividade e a resiliência, ela é a tensão criativa – e é ela que buscamos, que nos dá norte e sentido. Junte esses dois elementos aí de cima, coloque fogo e, da combustão, nasce o Flow. Sabe quando você está fazendo algo que gosta muito e chega a perder a noção do tempo ou não percebe barulhos e estímulos ao seu redor enquanto realiza a tarefa? Isso é o Flow! E ele nasce da combustão de resiliência e tensão criativa justamente porque requer um grau de desafio para ser alcançado”.
Freire diz, ainda, que a época atual é única, sendo que de um lado tem-se relações precarizadas e um grande abismo social, que torna tudo difícil e complexo, mas de outro lado, tem a era das carreiras não-lineares e mais acesso ao conhecimento, o que pode permitir mais vozes transgressoras e mais independência em determinados mercados e iniciativas. “Diferentemente de outras épocas, graças à revolução digital, existem mais espaços de fala, troca, aprendizado e mais direções possíveis de carreira. Empresas e empreendedores que insistirem em modelos arcaicos e relações abusivas ficarão cada vez mais expostos e vão perder mercado”.
Salário X Felicidade
Para o psicólogo, o que se ganha está diretamente ligado à felicidade. Ele conta que no passado muitas pesquisas em psicologia mostravam um descolamento da renda e da percepção subjetiva de bem-estar e felicidade. Entretanto, estudos recentes têm mostrado que o aumento da renda gera uma maior sensação de controle sobre a vida e também influencia o senso de autonomia, o que aumenta o senso de bem-estar geral. “Mas é importante frisar que a jornada da excelência pessoal é um forte caminho para uma prosperidade saudável. Encontrar o seu talento e atuar com leveza é uma combinação ótima para isso. De nada adianta centrar a carreira na renda e esquecer todo o resto. Dinheiro sem saúde física e mental não vale a pena”.