Entre 2017 e 2018, na Bahia, a renda média real total da população, que inclui, além dos salários, rendimentos provenientes de aposentadorias, programas sociais, aluguéis, aplicações etc., caiu 5,8%, passando de R$ 1.486 para R$ 1.400. As informações são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC) de 2018, divulgada hoje (16) pelo IBGE.
O recuo foi no sentido contrário ao movimento verificado no país como um todo. No Brasil, o rendimento médio real de todas as fontes aumentou 2,8% entre 2017 e 2018, de R$ 2.107 para R$ 2.166. A queda na Bahia foi também a 3ª mais pofunda entre os estados, menor apenas que as verificadas no Amazonas (-10,2%, de R$ 1.733 para R$ 1.557) e no Amapá (-7,2%, de R$ 1.904 para R$ 1.766).
Em consequência do recuo, a população baiana passou a ter o 4º menor rendimento médio total do país (R$ 1.400), acima apenas de Maranhão (R$ 1.166), Alagoas (R$ 1.343) e Piauí (R$ 1.375).
De 2017 para 2018, na Bahia, todos os tipos de rendimento que compõem a renda total da população tiveram perdas reais, com destaque para os salários (rendimentos de todos os trabalhos), que recuaram 7,7%, passando de R$ 1.593 para R$ 1.470, em média. Os salários representam quase 70% (67,0%) do rendimento total no estado.
Além da queda no rendimento de todos os trabalhos, também houve retração, em menor escala, no valor médio dos rendimentos de outras fontes (-2,1%, de R$ 961 para R$ 941), dentre as quais a mais importante é a aposentadoria ou pensão, que caiu, em média, 1,7%, de R$ 1.437 em 2017 para R$ 1.413 em 2018.
As aposentadorias representam pouco mais de 1/5 (22,7%) do total da renda da população baiana.
Desigualdade recua
A Bahia deixou, no ano passado, de ser o estado com maior desigualdade salarial no país, caindo da 1ª para a 9ª posição. A melhor distribuição da renda do trabalho ocorreu em razão de uma queda significativa no rendimento médio dos que ganhavam mais. Essa perda salarial afetou mais os homens, os trabalhadores que se declaravam brancos e aqueles com maior nível de instrução. Com isso, no ano passado reduziram-se de forma significativa também as desigualdades salariais por sexo e por cor ou raça. Bem menos afetada, a diferença de rendimentos por nível de instrução também mostrou um leve recuo.
A desconcentração chegou ao rendimento médio domiciliar per capita (soma de todos os rendimentos do domicílio, sejam salários ou de outras fontes, dividida pelo total de moradores). Em 2018, a Bahia deixou de ter a 4ª maior desigualdade na renda residencial, caindo para a 7ª posição.
A redução na desigualdade dos rendimentos na Bahia, entre 2017 e 2018, foi na contramão do que ocorreu no país como um todo e na maioria dos estados, onde a desigualdade aumentou.
Apesar da importante redução na distância que separa os mais ricos dos mais pobres no estado, os 10% de trabalhadores baianos com maiores salários ainda recebiam, em 2018, o equivalente a 48,0 vezes o que ganhavam os 10% de trabalhadores com menores rendimentos, uma diferença bem acima da média nacional (36,9 vezes).