As vendas do varejo na Bahia recuaram 1% em dezembro passado, em relação ao mês anterior, na série livre de influências sazonais (que desconsidera, por exemplo, os efeitos de eventos recorrentes como a Black Friday e o Natal). Foi o terceiro resultado negativo seguido nessa comparação com o mês imediatamente anterior. No país como um todo, de novembro para dezembro, o varejo também se retraiu (-2,6%), com quedas disseminadas por 19 das 27 unidades da Federação. A Bahia teve o 15º resultado entre os estados. Os dados são da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), do IBGE.
Com o resultado de dezembro, o comércio varejista da Bahia encerrou o ano de 2022 com um volume de vendas ainda 9,2% abaixo do patamar verificado em fevereiro de 2020, antes da pandemia de Covid-19. Frente ao mesmo mês de 2021, em dezembro/22 as vendas na Bahia tiveram crescimento de 1,3%, mostrando um segundo resultado positivo, depois sete quedas seguidas nesse confronto com o mesmo mês do ano anterior.
Com a predominância de resultados negativos ao longo do ano passado (no confronto com 2021, foram registradas quedas das vendas em 9 dos 12 meses), o varejo da Bahia fechou 2022 com um recuo acumulado de 3,4%. Foi o terceiro resultado anual negativo consecutivo para o comércio baiano, que já havia se retraído em 2020 (-4,3%) e 2021 (-0,6%). Além disso, foi a terceira queda mais intensa entre os estados, acima apenas das verificadas em Pernambuco (-4,1%) e no Rio de Janeiro (-3,5%).
No Brasil como um todo, o volume de vendas do varejo cresceu 1,0% em 2022, frente a 2021, com altas em 20 das 27 unidades da Federação, lideradas por Paraíba (13,9%), Roraima (11,1%) e Mato Grosso (8,5%).
Segmentos
O resultado negativo no acumulado no ano de 2022 (-3,4%), frente a 2021, foi concentrado em três dos oito segmentos do varejo restrito baiano – que desconsidera as vendas de automóveis e material de construção.
As vendas de móveis e eletrodomésticos apresentaram a maior queda dentre as oito atividades (-21,2%) e um recorde negativo nos 21 anos de série histórica da PMC, iniciada em 2001 para o indicador anual. Foram, assim, as que mais puxaram o resultado geral do varejo baiano para baixo, no ano passado.
A segunda retração anual mais intensa e também o segundo principal impacto negativo vieram das vendas de outros artigos de uso pessoal e doméstico (-8,0%). O segmento, que reúne lojas de departamento e os grandes varejistas do comércio on-line, havia crescido 11,0% em 2021.
O terceiro resultado negativo dentre os segmentos do varejo restrito baiano em 2022 ficou com hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-1,4%), cujas vendas caíram pelo terceiro ano consecutivo, ainda que num ritmo menor do que o verificado em 2021 (quando o recuo havia sido de 9,5%).
Por outro lado, entre as cinco atividades com altas na vendas em 2022, a principal contribuição no sentido de segurar a queda do varejo na Bahia veio de artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (8,8%). O segmento, que cresce ano a ano desde 2018, registrou apenas o terceiro maior aumento entre as atividades, mas tem mais peso na estrutura do comércio no estado.
Em 2022, na Bahia, os maiores aumentos das vendas, frente a 2021, ocorreram nos segmentos de equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação (11,4%) e livros, jornais, revistas e papelaria (9,6%).
Veículos e material de construção
Em 2022, as vendas do comércio varejista ampliado na Bahia também acumularam queda na comparação com 2021 (-6,7%). O resultado baiano foi o segundo pior entre os estados, acima apenas do verificado em Pernambuco (-10,1%), e ficou bem abaixo do nacional (-0,6%).
Dentre as 27 unidades da Federação, 18 tiveram crescimento no volume de vendas do varejo ampliado, em 2022, lideradas por Paraíba (8,4%), Roraima (6,8%) e Mato Grosso (6,1%).
O varejo ampliado engloba o varejo restrito mais as vendas de veículos, motos, partes e peças e de material de construção, para as quais não se consegue separar claramente o que é varejo do que é atacado.
O resultado negativo no ano passado, na Bahia, refletiu quedas em ambos os segmentos. As vendas de veículos, motocicletas, partes e peças caíram 15,0%, o segundo pior resultado anual da série histórica iniciada em 2001, superior apenas ao registrado em 2020, no auge da pandemia (-24,1%).
Já as vendas de material de construção caíram 5,7%, mostrando um segundo resultado anual negativo consecutivo, ainda que em menor intensidade do que em 2021 (quando o recuo havia sido de 11,1%).
De novembro para dezembro de 2022, o varejo ampliado da Bahia teve variação positiva nas vendas (0,3%), na série com ajuste sazonal. Já na comparação dezembro 22/ dezembro 21, a Bahia manteve a segunda maior queda (-7,1%), acima apenas de Pernambuco (-15,4%). No Brasil como um todo, os resultados do último mês do ano passado foram 0,4% e -0,6%, respectivamente.