O setor de calçados segue acelerando o passo na Bahia. De janeiro a novembro deste ano, as exportações do setor no estado somaram US$77.880.284, o que representa uma alta de 23,6% na comparação com igual período de 2022. No país como um todo, no mesmo período, houve uma queda de 8,8%. Os resultados colocam a Bahia em quarto lugar no ranking dos maiores exportadores, ficando atrás apenas do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo.
Dados elaborados pela Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) apontam que a Bahia exportou nos 11 primeiros meses do ano passado 3.810.697 de pares, numa queda de 10,3% antes igual período de 2022. Esta retração, no entanto, foi compensada pelo aumento do valor médio do par enviado ao exterior, que passou de US$14,83 para US$20,44. No país, a queda no volume exportado foi ainda maior – de 14,2%.
Para entender a importância do setor para a economia do estado, o BA DE VALOR, pediu à Secretaria de Desenvolvimento Econômico (SDE) que detalhasse a participação dessa indústria nos números baianos. Segundo a pasta, a produção de pares de calçados na Bahia, em 2022, chegou a 50,9 milhões de pares, aumentando sua participação na produção brasileira, saindo de 4,4% em 2020, indo para 6% em 2022.
Os principais polos calçadista baianos são Feira de Santana – responsável pela produção de 38,4% dos calçados do estado em 2022 – e Vitória da Conquista, com 19% da produção no ano passado. Ainda de acordo com a pasta, a indústria calçadista baiana respondeu por 14,4% do volume de empregos de 2022 no estado, representando 42,7 mil postos de trabalho.
Bibi Calçados
Uma das empresas que escolheu a Bahia como sede e celebra esse bom momento é a Bibi Calçados. A marca já está no estado há 25 anos e celebra a decisão de investir na região.
“Hoje nossa unidade na Bahia representa 60% da nossa produção. Foi um grande desafio, porque mesmo que a gente conhecesse o mercado, tivesse competência de fabricação de calçados, tivemos que desenvolver fornecedores na região, pensar em toda uma logística para levar matéria-prima, além de também formar os nossos profissionais locais. Buscamos novas costureiras e colaboradores que ingressam na fábrica e passam por um trabalho de desenvolvimento para aperfeiçoamento da costura, para corte, enfim, em diferentes áreas”, detalha Andrea Kohlrausch, presidente da Calçados Bibi.
De acordo com Andrea, a relação da empresa com o governo do Estado foi fundamental para escolher a Bahia para instalar suas fábricas.
“A visão do governo estadual lá na época, por meio de incentivos, fez toda a diferença para que a nosso trabalho no estado desse certo. Observamos o que era a Bahia antes da nossa unidade e o que ela é hoje, quanto que se desenvolveu em diferentes aspectos, na parte educacional, na parte de comércio, também em relação à prosperidade do parque fabril que, de certa forma, trouxe um pouco de desenvolvimento e oportunidades para cidade onde atuamos, em Cruz das Almas”, acredita ela.
Cenário Global
Resultado das dificuldades nas exportações de calçados e do aumento da entrada de produtos estrangeiros no Brasil, a balança comercial do setor caiu 23% ao longo do ano passado. Dados da Abicalçados apontam que, no ano passado, as exportações do setor somaram 118,34 milhões de pares e US$ 1,16 bilhão, quedas de 16,6% em volume e de 10,8% em receita em relação a 2022. Segregando apenas dezembro, a queda foi ainda maior. Os números registrados apontam a exportação de 7,45 milhões de pares e US$ 73,44 milhões, quedas de 41,5% e de 33,3%, respectivamente, ante o mês correspondente de 2022.
O presidente-executivo da Abicalçados, Haroldo Ferreira, destaca que o movimento de queda era esperado, especialmente diante do desaquecimento das economias dos Estados Unidos e Europa, com altas taxas de juros e inflação recorde.
“Os Estados Unidos, principal destino do calçado brasileiro no exterior, puxaram os números ainda mais para baixo. A queda para aquele mercado foi três vezes maior, em proporção, do que a queda das exportações em geral”, avalia Ferreira. Além do desaquecimento da economia global, o dirigente lista a retomada da produção chinesa, que aumentou a concorrência internacional.
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