Foi de uma pesquisa acadêmica que nasceu o desejo de empreender. Do conhecimento técnico veio a certeza de poder colocar no mercado um produto de qualidade. Diante de um momento desafiador, como uma pandemia mundial, a mudança de rumo e o nascimento de uma empresa. Esses são os traços incomuns na história da San’Miele, startup baiana que fabrica e vende hidromel.
A bebida é feita pelo mesmo processo dos vinhos. No lugar da uva é o açúcar do mel que é transformado em álcool. No caso da San’Miele, o mel utilizado vem de pequenos produtores que não tinham para onde escoar o produto quando ele cristalizava.
“A gente sabe que o mel cristalizado não é um mel adulterado É um processo natural dele, mas você não vai comprar o meu cristalizado, vai achar que tá açucarado. então a gente começou a trabalhar em cima disso então, qual a solução a gente deu pegou esse meu cristalizado e desenvolveu o hidromel”, explica Samira Cavalcante, doutora em Ciências Agrárias pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB).
Pesquisando a qualidade do mel desde a graduação como engenheira agrônoma, a especialista viu seu conhecimento técnico se tornar negócio com a pandemia. “Como venho da academia, não tinha isso, o empreendedorismo tá vindo agora. Começou durante a pandemia. Vi um caminho e comecei a produzir hidromel. Primeiro fazia dentro da UFRB em pequena escala. Durante a pandemia montei um laboratório mesmo. Para não ficar dependendo da universidade e foi aí que foi aprimorando cada vez mais a produção”, conta ela. Hoje, a empreendedora promove o encontro de suas funções e divulga seu produto em cursos e palestras que ministra, enquanto especialista, em todo o Brasil.
Tipos
A San’Mielle foi criada em 2020 e formalizada em 2022. A startup trabalha com dois tipos de hidroméis, o tradicional e o envelhecido. O primeiro, segue uma linha floral e frutada, dando um sabor mais refrescante. Enquanto o segundo fica seis meses em chip de carvalho francês antes de ser envasado. O hidromel da startup é uma bebida versátil que pode ser consumida como vinho, acompanhando diferentes momentos e pratos.
O projeto, que tem caráter sustentável e utiliza o mel de cooperativas e associações com base na agricultura familiar, tem apoio do Grupo de Pesquisa Insecta, do Centro de Ciências Agrárias, Ambientais e Biológicas (CCAAB), da UFRB. A startup também conta com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa da Bahia (Fapesb), que é vinculada à Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti), por meio do Edital Inventiva. Para Samira, o fomento e acesso ao crédito é um dos principais desafios de quem decide empreender.
Agora, o objetivo é formalizar ainda mais o produto com o registro do hidromel junto ao Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), que possibilitaria a empresa a diversificar sua carteira de clientes. Para 2024, a startup ainda quer investir na criação de uma terceira variação do produto, mais seco e com teor alcoólico mais próximo ao de um vinho. Para quem deseja empreender, Samira deixa dicas.
“Busque conhecer bastante o seu produto, o mercado, se existe nicho para aquilo que você quer. A base de tudo é saber que você sozinho não chega em lugar nenhum, você precisa de uma rede de apoio, e não desistir dos seus sonhos. Se você acredita que você pode uma hora você consegue. Eu acho que é um caminho. Todo mundo é capaz”, diz.
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