No próximo dia 30 de junho, a capital paulista será palco do IV Encontro Women in Cotton Brazil, que traz como convidados nomes influentes da moda nacional, como Paulo Borges (SPFW), Camila Toledo (Style W.), e Cyntia Kasai (C&A Brasil), para debater o tema “A comunicação resolve problemas complexos. Como aplicar na cadeia do algodão”. O evento é uma iniciativa do braço brasileiro do Comitê Women In Cotton, grupo fundado pela ICA (International Cotton Association), com a missão de ampliar a presença e a visibilidade feminina em posições de decisão, na comunidade internacional da fibra.
Esta será a primeira programação independente do Women in Cotton Brazil, e deve reunir um público estimado em 220 pessoas, na Bisutti Casa Itaim, das 10h às 13h. As discussões põem em perspectiva moda, sustentabilidade, padrões de consumo e branding institucional. Com apoio de 48 patrocinadores, o IV Encontro Women in Cotton Brazil será também um aquecimento para a programação da ANEA Cotton Dinner, promovido pela Associação Brasileira dos Exportadores de Algodão (Anea).
Como matéria-prima, a fibra milenar, natural e biodegradável está em linha com as agendas globais por produtos amigáveis ao meio ambiente e às pessoas, mas tem como demanda incrementar sua participação de mercado ante os concorrentes artificiais e sintéticos, base do chamado fast fashion. De acordo com a presidente do Comitê Women in Cotton no Brazil, Marcella Albanez, a iniciativa nasceu com a responsabilidade de abrir caminhos. “Sua proposta é fomentar debates estratégicos e gerar conexões duradouras entre diferentes elos da cadeia do algodão. Nosso objetivo é dar mais voz às mulheres e fortalecer a cadeia como um todo, a partir da informação qualificada. A comunicação é o elo capaz de alinhar discurso, gerar pertencimento e projetar o algodão brasileiro para além de nossas fronteiras”, afirma.
Programação
O IV Encontro Women in Cotton Brazil será composto por uma palestra, seguida de painel. Como palestrante, a coolhunter e trend forecaster Camila Toledo, referência em análise de tendências globais de moda e comportamento. Camila atua como diretora da Style.W, consultoria que atende grandes marcas do setor e conecta dados de consumo às transformações culturais e sociais.
No painel, Paulo Borges, idealizador da São Paulo Fashion Week, e um dos nomes mais influentes da moda nacional, estará acompanhado de Cyntia Kasai, diretora de Sustentabilidade da C&A Brasil. Borges tem uma trajetória marcada pela inovação e pela valorização de narrativas autênticas no vestuário brasileiro, e apresentará sua visão sobre como a comunicação pode fortalecer o protagonismo do algodão na moda contemporânea.
Já Cyntia Kasai é responsável por implementar políticas socioambientais em uma das maiores varejistas de moda do país. Com forte atuação na agenda ESG, Cyntia tem liderado projetos focados em economia circular, rastreabilidade e redução de impactos ambientais na cadeia têxtil.
O painel será mediado por Silmara Ferraresi, diretora de Relações Institucionais da Abrapa e líder do movimento Sou de Algodão, cuja atuação tem sido decisiva para reposicionar o algodão brasileiro no centro da conversa entre sustentabilidade, moda e consumo consciente. Silmara também integra o comitê brasileiro do Women in Cotton.
Diversidade
O encontro integra a estratégia global do Women in Cotton, grupo fundado pela ICA (International Cotton Association), para evidenciar o papel da mulher em todos os elos da cadeia produtiva da fibra no mundo. Entre as metas para 2025, estão o aumento da representatividade feminina nos comitês da ICA, em 49%, a realização de eventos virtuais bimestrais e o fortalecimento da presença digital do grupo.
“A cadeia produtiva nos acolheu. Homens e mulheres que acreditam que só há fortalecimento quando caminhamos juntos. Nosso compromisso é construir um ambiente onde a fibra natural brasileira tenha competitividade não apenas no campo, mas também nas percepções de consumo”, reforça Marcella.
Mulheres e algodão: presença crescente em uma cadeia ainda desigual
Na longa cadeia produtiva do algodão, são as etapas além das lavouras — como a indústria de transformação e a confecção — que concentram a maior parte da mão de obra feminina. Estima-se que esses segmentos empreguem formalmente cerca de 1,3 milhão de pessoas diretamente no Brasil, e mais de 8 milhões de forma indireta, com as mulheres ocupando aproximadamente 60% dessas vagas.
No campo, onde o Brasil tem se consolidado como um dos maiores produtores de algodão do mundo, a participação feminina avança, mas ainda enfrenta barreiras, especialmente nos espaços de decisão. De acordo com a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), na safra 2023/2024, apenas 4.891 dos 41 mil empregos diretos nas fazendas certificadas pelo programa Algodão Brasileiro Responsável (ABR) foram ocupados por mulheres — menos de 10%.
Para saber mais: https://ica-ltd.org/women-in-cotton/