[dropcap]O[/dropcap] comércio baiano tem penado com a crise econômica. Em fevereiro, as vendas no setor caíram quase 10% em relação a igual mês do ano passado, o quarto pior desempenho entre todas as cidades pesquisadas pelo IBGE. Para tentar minimizar este momento difícil, o setor tem reivindicado medidas como a renegociação de impostos atrasados e novas linhas de crédito. “É preciso que os bancos oficiais ofereçam crédito emergencial aos empresários”, afirma o presidente da Associação Comercial da Bahia (ACB), Luiz Fernando Studart de Queiroz, em entrevista ao Bahia de Valor.
O varejo tem sido um dos setores mais afetados pela crise. Lojas estão fechando, o desemprego aumentando, há corte de investimentos e os empresários estão falindo. De quem é a culpa? Como sair dessas enrascada?
Temos um nó que é político e econômico, portando os políticos têm o seu papel nisso. Os interesses do país devem estar acima de interesses particulares ou partidários. É preciso que se tome medidas práticas também. Por exemplo: os impostos precisam ter os seus prazos dilatados. É preciso que os bancos oficiais ofereçam crédito emergencial aos empresários. É preciso que se faça algum tipo de Refis. Só assim será possível fazer a economia reagir e reduzir o desemprego.
O senhor tem dados sobre o fechamento de lojas na Bahia? Como está o clima entre os empresários?
No Brasil, no ano passado, cerca de 100 mil lojas fecharam. Aqui na Bahia cerca de 10 mil. Infelizmente o clima entre os empresários é o pior possível porque não estamos vendo perspectivas. Quando você enfrenta uma dificuldade mas vê uma luz no fim do túnel você atravessa com mais confiança, o que não é o caso.
No ano passado, o comércio teve um desempenho negativo. 2016 será mais um ano perdido para o setor?
Tudo leva a crer que sim. Podendo ser até pior. A previsibilidade está piorando. Sem previsibilidade e confiança ninguém investe absolutamente nada no país, portanto a tendência é reduzir ainda mais as vendas e aumentar o desemprego. Isto atinge a todos. Cria até desavença familiar.
A Federação das Indústrias de São Paulo, a Confederação Nacional da Agricultura (CNA) e outras entidades empresariais têm defendido publicamente o impeachment da presidente Dilma. O que pensa a respeito?
Esta questão do impeachment está muito partidarizado. A nossa associação, está lá em nosso estatuto, é apartidária. Mas nós achamos que para resolver este tipo de impasse é válido se recorrer a todos os mecanismos legais e constitucionais. Que tudo seja feito dentro do Estado Democrático de Direito. Isto que é importante.
Entidades empresariais, como a ACB, CDL e Fecomércio, lançaram há poucos dias o movimento “Por um comércio mais forte”. Qual o objetivo?
O objetivo é conscientizar a população sobre a gravidade desta crise. É sensibilizar o governo que é quem tem os instrumentos para atenuar esta crise, e sensibilizar os políticos de Brasília para que não criem mais problemas ao país. Este impasse, em grande parte, é uma disputa partidária. É um desserviço ao país.